Prevalência e fatores associados à insegurança alimentar em famílias indígenas do estado de Alagoas
Insegurança Alimentar; Indígenas; Vulnerabilidade social
Apesar dos esforços ao longo dos anos para o combate a Insegurança Alimentar (IA), este ainda é um problema frequente em especial quando se trata de populações vulneráveis como é o caso dos indígenas no Brasil. O estudo objetivou conhecer a prevalência e os fatores associados à insegurança alimentar em famílias indígenas do estado de Alagoas. Trata-se de um estudo transversal de base populacional que buscou avaliar 11 etnias indígenas do estado. Para o planejamento amostral utilizou-se prevalência de 50% a fim de se obter o maior tamanho amostral possível. Assim, num universo de 8.575 famílias, um nível de significância de 5,0%, erro amostral de 3,0% e um intervalo com 95% de confiança, seria necessária uma amostra de 950 famílias. A variável dependente foi a IA, definida pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. Foi realizada análise bivariada e em seguida análise multivariada por meio de modelo hierarquizado, com as variáveis independentes (características demográficas, socioeconômicas e ambientais) através de regressão de Poisson com ajuste robusto da variância. Os resultados apontaram 1270 famílias avaliadas com prevalência de 69,06% de IA em algum grau de classificação, sendo quase 30% nas formas moderada e grave. As variáveis independentes associadas a IA foram: sexo (RP=1,38; IC95%:1,16-1,63), tipo de casa (RP=1,69; IC95%:1,25-2,28), número de cômodos (RP=1,47; IC95%:1,18-1,84), escolaridade do chefe 5 a 8 anos (RP=1,80; IC95%:1,38-2,34) e menos ou até 4 anos de estudo (RP=2,02; IC95%:1,61-2,53), quanto as condições de trabalho, chefes do domicílio aposentados ou pensionistas (RP=1,73; IC95%1,10-2,73); e desempregados (RP=1,62; IC95%1,03-2,54); renda total, menor que um salário até dois salários mínimos (RP=1,69; IC95%1,22-2,33) e de zero até um salário mínimo (RP=2,00; IC95%1,44-2,76). A situação de IA entre os indígenas alagoanos é elevada e mostrou-se associada a fatores demográficos, socioeconômicos e ambientais que evidenciam sua vulnerabilidade e necessidade de ações de políticas públicas para garantia de direitos desses povos e melhora da qualidade de vida.