PRAZER, SOFRIMENTO E ESTRATÉGIAS DE DEFESA NO TRABALHO:
UM ESTUDO COM ARTESÃOS ALAGOANOS
Prazer no trabalho; Sofrimento no trabalho; Estratégias de defesa; Artesanato.
Este estudo visou analisar a percepção de artesãos alagoanos sobre prazer e sofrimento no trabalho e estratégias para lidar com tais vivências, com base na Psicodinâmica do Trabalho. Quanto à metodologia, essa pesquisa se classifica como qualitativa, descritiva e trata-se de pesquisa de campo, tendo sido utilizados análise documental, entrevistas semiestruturadas anônimas e apoio de diário de campo, bem como softwares para transcrição de áudio para texto e para auxiliar na análise categorial de conteúdo de Bardin (2016). Foram entrevistados artesãos do Mercado do Artesanato de Maceió/AL, selecionados pelo critério da tipicidade, por possuírem representatividade elevada para o contexto da pesquisa e utilizando o método da bola de neve. Dentre outros aspectos, os resultados revelaram, quanto ao contexto de trabalho, que os espaços não são padronizados, não possuem mobiliário ou condições ergonomicamente corretas, muitos artesãos desenvolvem suas peças nos boxes de exposição, mas a maioria também trabalha em casa, e apesar de alguns processos serem penosos, não foi identificado o uso de EPIs - Equipamentos de Proteção Individual. A localização do Mercado foi apontada como um problema que compromete a visitação de clientes, o trabalho é predominantemente desenvolvido por temporada, há dificuldade de acesso a capital de giro e a matérias-primas em Alagoas, compondo um contexto que demanda esforço para dar continuidade ao trabalho. Apesar dessa realidade, quanto ao prazer no trabalho, o trabalho artesanal é considerado uma terapia, algo que os artesãos amam, que lhes produz sentimentos de gratificação e orgulho, sendo visto como refúgio e ajudando-os a superar a depressão e a ansiedade. Contudo, no quesito sofrimento no trabalho, a valorização do artesanato pelos clientes que são moradores locais é considerada escassa, e houve menção de que algumas tipologias são mais valorizadas que outras, tendo sido relatados desafios para manter a tradição do artesanato, além de vários problemas físicos, emocionais, e nas relações socioprofissionais, gerando em muitos a postura de trabalhar de forma isolada e individual ao invés de coletiva. Políticas públicas foram um assunto controverso, por alguns apontadas como insuficientes e por outros como estando numa fase positiva. Quanto às estratégias de defesa no trabalho ganharam destaque os pensamentos positivos, seguidos pela fé e espiritualidade, e se enquadrando como mecanismos de defesa individuais e não coletivos. A partir dos resultados alcançados, foi proposto um produto técnico/tecnológico, a saber, uma mesa redonda a ser realizada anualmente, para atualização de demandas e providências para o setor do artesanato.