O presente estudo tem por objeto o conhecimento das gestantes acerca dos sinais de início de trabalho de parto. Trata-se de um estudo descritivo, observacional de abordagem quantitativa. A investigação foi realizada em Unidades Básicas de Saúde de um município do interior do estado, o qual é referência em cobertura e qualidade na atenção básica de um estado da região nordeste do Brasil. A coleta de dados foi iniciada após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. Participaram do estudo gestantes a partir da 28a semana gestacional. Observou-se que a maioria das gestantes possuía faixa etária entre 26 e 42 anos (35,5%,); uma quantidade expressiva de gestantes menores que 20 anos (33,7%); idade média de 26,6 anos; mulheres pardas (70,3%), cuja renda familiar é menor que 01 salário mínimo (49,4%); solteiras (38,37%), sendo a principal ocupação dona do lar (36,05%); e, por último, apresentaram ensino médio (45,9%). O presente estudo avaliou que o conhecimento das gestantes sobre sinais de início de trabalho de parto concluindo através das análises estatísticas não associação com a maioria das variáveis utilizadas. Apesar da não associação entre o recebimento de orientações e o reconhecimento dos sinais de trabalho de parto, os dados descritivos sugerem que as gestantes reconhecem os sinais de trabalho de parto ao informarem ir à maternidade ao sentirem duas ou mais contrações num período de 10 minutos; entretanto, essas mesmas gestantes não souberam informar se deveriam observar 10 minutos como tempo adequado, nem a quantidade de contrações a ser sentida nesse tempo. Sendo assim, ao se falar de educação pré-natal sobre temas decisivos e que se relacionam diretamente com desfechos positivos nesse período, é preciso lançar mão não só de diversas estratégias e metodologias de ensino e educação em saúde e acesso às informações, mas, também, de táticas de averiguação desse conhecimento, e solidificação dessas informações.

Introdução: O câncer de colo do útero (CCU) vem sendo apontado como um transtorno para saúde pública em países em desenvolvimento revelando grandes taxas de mortalidade entre mulheres de nível socioeconômico reduzido. A prevenção desta patologia tomou um rumo diferente devido a pandemia da covid 19, além da limitação das mulheres afetadas em ambientes hospitalares e a modificação das modalidades de tratamento para que se reduza o adiamento da intervenção cirúrgica para tumores benignos. Objetivo: Analisar a interferência da pandemia pela covid-19 na prevenção do câncer de colo do útero nas regiões de saúde do Estado de Alagoas. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa ecológica, com abordagem quantitativa observacional descritiva. Os critérios de inclusão dos sujeitos foram: mulheres com idade entre 25 e 59 anos, que realizaram o exame preventivo na rede pública e as mulheres que estiveram com cadastro no banco de dados do SISAB. O critério de exclusão foi: mulheres que não iniciaram a vida sexual. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas, CAAE no 59049922.0.0000.5013. O período do estudo foi de 2018 à 2021, utilizando-se as informações do banco de dados do Sistema de Informação da Atenção Básica (SISAB) disponibilizadas pelo Ministério da Saúde (DATASUS) através do TABNET nas regiões de saúde do estado de Alagoas. As estatísticas foram construídas com a utilização pacote estatístico R versão 4.3.0 (R Core Team, Abril/2023), análises descritivas e inferenciais foram realizadas para os dados obtidos neste estudo. Resultados: Os relatórios da prevenção do câncer do colo do útero em todo o estado de Alagoas, demonstra prejuízo e dificuldade encontradas no momento pandêmico devido a baixa adesão dos exames preventivos, sendo um agravante no cuidado às mulheres sexualmente ativas. Conclusão: O estado de Alagoas por inteiro teve prejuízo na prevenção do câncer do colo do útero devido a pandemia da covid 19, apresentando uma diminuição de 23,4% nos exames realizados nos anos de 2020 e 2021 em comparação aos anos de 2018 e 2019.

Introdução: A pandemia ocasionou inúmeros impactos na saúde mental e aumentou o uso da automedicação. Além disso, em decorrência do ambiente desafiador em que o pós-graduando está inserido, este pode tornar-se mais suscetível ao sofrimento mental e ao uso da automedicação. Objetivo: Identificar os fatores associados à automedicação em pós-graduandos brasileiros no contexto da pandemia da COVID-19. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, analítico e observacional, onde foi aplicado um questionário eletrônico através da plataforma Research Electronic Data Capture. O período da coleta ocorreu de maio a julho de 2022. Como critério de elegibilidade utilizou-se: pós-graduandos stricto sensu com 18 anos ou mais, de ambos os sexos, que moram no Brasil, com conexão à internet. A análise dos dados foi feita pela regressão logística binária, sendo adotado o nível de significância α=0,05. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa sob o parecer no 56048822.9.0000.5393. Resultados: Participaram da pesquisa 5334 pós-graduandos. Destes, 1731 (32,7%) declararam praticar automedicação em geral. Entre os fatores associados para a automedicação em geral foram identificados: sexo feminino, familiar com diagnóstico de transtorno mental, uso de psicofármacos e estimulantes durante a pandemia, fumar antes da pandemia, e Transtorno Mental Comum (TMC) positivo. Com relação a automedicação com psicofármacos, dos 1802 pós-graduandos que referiram o uso de psicofármacos, 151 (8,4%) alegam a automedicação. Como fator de risco para esta prática, identificou-se: acompanhamento psicológico durante a pandemia, utilização do Sistema Único de Saúde, uso de medicamento contínuo, uso de psicofármacos antes e durante a pandemia, uso de sedativos, antidepressivos e estimulantes durante a pandemia e TMC positivo. Por fim, dos 5334 pós-graduandos, 449 (8,4%) relataram se automedicar para se proteger da COVID-19. E como fator de risco associado a esta prática, identificou-se: religião católica ou ser de outras religiões, uso de medicamentos sem prescrição, se alguém que mora junto testou positivo para a COVID-19 e se possui plano de saúde. Conclusões: Os resultados evidenciam o impacto da pandemia na vida e saúde mental dos pós-graduandos, além da necessidade de mais discussões sobre a temática no âmbito das universidades. Tornando-se necessário o desenvolvimento de ações de promoção à saúde e prevenção de agravos a esta população.

Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) exerce forte influência na dinâmica familiar com sobrecarga dos cuidadores, geralmente a mãe. O Sistema Único de Saúde necessita prover cuidado integral, longitudinal e coordenado visando o fortalecimento do binômio paciente-família e o pleno desenvolvimento e inserção destas crianças na sociedade, de modo multidisciplinar e integral. O TEA impacta significativamente a vida dos indivíduos afetados e suas famílias. Eles enfrentam desafios assustadores e múltiplas demandas em seu cotidiano, quando comparados com pais de crianças com outras deficiências ou pais de crianças tipicamente em desenvolvimento. Motivado por este contexto, evidências da literatura e necessidade de ampliar as possibilidades de cuidado para a enfermagem com o apoio de teorias de enfermagem. Objetivo: Compreender o cotidiano da família de crianças com TEA à luz da Teoria das Transições de Meleis e as contribuições para o cuidado de enfermagem. Metodologia: Estudo exploratório descritivo de abordagem qualitativa. Os dados foram coletados na Associação de Equoterapia de Alagoas, localizada na cidade de Maceió -AL. A população corresponde a pais de crianças diagnosticadas com TEA. A coleta foi realizada no período de junho a julho de 2022 tendo como instrumento um formulário para dados de caracterização das famílias a partir de consulta aos prontuários, genograma e ecomapa, e uma entrevista mediada pela narrativa de história de vida. Os dados foram analisados à luz da teoria de enfermagem de Afaf Meleis. O estudo obteve aprovação no comitê de ética e pesquisa, protocolo de número do parecer 5.391.849 ao mesmo também apresenta o CAAE: 56353521.1.0000.5013. Resultados: Participaram do estudo 5 familiares. A partir de suas histórias e dados de genograma e ecomapa, buscou-se responder aos objetivos à luz da Teoria de Meleis. Os resultados desvelam a compreensão do cotidiano de pais de crianças com TEA com o intuito de fomentar e elencar contribuições para a enfermagem, com vistas a potencializar mais representatividade e autonomia frente ao cuidado de crianças com tais especificidades, com a intenção de que nas próprias consultas de enfermagem esse rastreio seja cada vez mais incisivo e seu diagnóstico muito mais precoce, alicerçado por um referencial teórico de acordo com resultados obtidos Conclusão: Diante do estudo, a teoria possibilitou apresentar as reflexões nas possibilitaram compreender as particularidades que envolvem as crianças com TEA diante de cenários desafiadores, nesta perspectiva, é de suma importância a compreensão os conceitos da Teoria das Transições de Meleis para que os usuários dos serviços de saúde comumente apresentam transições ao longo de sua vida, como exemplo, as desencadeadas pelo adoecimento. Através de um cuidado culturalmente congruente com as reais necessidades do cliente pode se alcançar o seu estado de bem-estar, bem como facilitar a reformulação de identidade e a mudança de comportamentos

INTRODUÇÃO: No Brasil, acontecem cerca de três milhões de nascimentos por ano. Destes, 98% ocorrem em estabelecimentos hospitalares (públicos ou privados), onde há a adoção de tecnologias com o objetivo de tornar a assistência mais segura para a mulher e o bebê. Nesse contexto, cuidado e tecnologia estão relacionados e proporcionam embasamento para práticas de assistência, de maneira que as tecnologias não invasivas de cuidado, implementadas, sobretudo, pela Enfermagem, ganham espaço sob a ótica de uma assistência humanística. OBJETIVO: Analisar a associação entre os fatores sociodemográficos e clínicos e a utilização de tecnologias de cuidado obstétrico. MÉTODO: Trata-se de um estudo quantitativo, exploratório, observacional e do tipo transversal realizado nas duas principais maternidades de alto risco em Alagoas, cujas participantes foram puérperas em alojamento conjunto. A coleta de dados foi realizada no período de novembro de 2021 a outubro de 2022, através da aplicação de formulário semi-estruturado. Após a coleta de dados, os mesmos foram organizados e analisados a partir de estatística descritiva e inferencial, utilizando-se o Microsoft Excel e EpiInfo 2.0, sendo aplicado o teste de Qui-quadrado de associação, admitindo-se duas hipóteses e considerando diferença estatística significativa com valor de p ≤ 0,050. Esta pesquisa obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFAL e UNCISAL. RESULTADOS: Foram coletados 349 formulários, dos quais traçando-se um perfil sociodemográfico encontramos uma amostra com mulheres em sua maioria pardas, entre 20 e 29 anos, com renda familiar de até um salário mínimo, que possuíam ensino médio completo e eram solteiras. Nas variáveis clínicas encontramos média de gestações a termo, do tipo única, com pelo menos 7 consultas de prénatal, desfechos neonatais em alojamento conjunto e com pelo menos uma comorbidade materna associada. Elencando-se as tecnologias de cuidado mais utilizadas, percebemos maior prevalência de tecnologias leves e duras no cenário de alto risco. Quanto às análises de inferência, não houve diferença significativa entre as variáveis sociodemográficas e clínicas e o contexto de utilização de tecnologias leves, leve-duras ou duras, exceto pela associação entre a presença de comorbidades e a não utilização de tecnologias leve-duras. CONCLUSÃO: A partir dos resultados desse estudo, podemos identificar que no cenário de alto risco estudado as tecnologias leves e duras foram as mais utilizadas, de modo que, entre as tecnologias duras, a cesariana foi a que apresentou maior prevalência. Quanto às associações, embora a maioria não tenha sido significativa, convém ressaltar a necessidade de melhor utilização de tecnologias leve-duras, mesmo no contexto do alto risco, a fim de proporcionar prática baseada em evidências e experiência positiva do parto para as mulheres.

Introdução: O acesso universal à saúde com a lei 8.080/90, com a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde e uma política que regulamenta o cuidado integral da população composta por Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis, Queer, Interssex, Agêneros ou Assexuados e as demais pessoas da bandeira e a pluralidade de orientações sexuais e variações de gênero, recebe um atendimento incipiente nas consultas de enfermagem. Objetivo: Analisar o conhecimento dos enfermeiros sobre a assistência prestada aos homens transexuais na consulta gineco-obstétrica. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, que se deteve a estudar com uma população específica, enfermeiros que atuam na Atenção Primária à Saúde no município de Maceió-Alagoas. Resultados: Participaram do estudo 14 enfermeiros; o tempo de atuação na Atenção Primária variou entre dois anos a mais de 26 anos, e o ano de formação acadêmica como bacharel(a) em enfermagem, variou entre 1989 a 2019. Percebemos que os profissionais fazem confusão entre o termo identidade de gênero, seja pela falta de conhecimento de causa ou por constrangimento no momento da entrevista. A princípio, em sua consulta, o profissional deverá lançar mão da afirmação de gênero em sua fala, com uso adequado do pronome atrelado ao nome social, bem como, sobre orientações dos efeitos da hormonioterapia, como também, cuidados pós mastectomia, realização de citologia oncótica, são alguns exemplos de atribuições do enfermeiro voltadas ao homem trans, além das necessidades que sejam apresentadas por ele. Conclusão: Conclui-se que ao analisar o que foi posto, observa-se que os profissionais participantes necessitam de uma melhor capacitação sobre o tema, na qual poderia ser ofertada pelo serviço de saúde município que trabalham, visando a melhoria da assistência de enfermagem, incluindo neste caso, o homem trans e suas necessidades em todas as etapas de vida, como ponto de cuidado de enfermagem. Bem como, uso de princípios como humanização e qualidade no acesso a todos os que buscam o sistema de saúde.

Este estudo objetivou analisar a aplicação da Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda Horta no cuidado de enfermagem ao idoso na atenção primária. Tratou-se de uma pesquisa-cuidado, com abordagem qualitativa. Foi realizado com trinta idosos cadastrados na Unidade Docente Assistencial Professor Gilberto de Macedo, localizada no município de Maceió - AL. A coleta das informações por meio da entrevista ocorreu no período de agosto a outubro de 2022, durante as consultas de enfermagem, a partir de um roteiro semiestruturado. A análise das informações apoiou-se nos pressupostos da teoria de Wanda Horta. Os resultados indicaram a predominância de mulheres, com média de idade de 72 anos, que referiram ser analfabetas, casadas, de religião protestante, com pelo menos um filho e residiam, majoritariamente, com algum ente familiar. As necessidades humanas psicobiológicas identificadas foram de oxigenação; hidratação; nutrição; eliminação; sono e repouso; exercício e atividades físicas; sexualidade; percepção (olfativa, visual e auditiva); locomoção/segurança física e regulação neurológica/orientação no tempo e espaço. Foi possível averiguar associações entre as necessidades psicobiológicas, isso reforça que a avaliação da pessoa idosa nos serviços da Atenção Básica deve objetivar uma análise global com destaque na funcionalidade. Isto porque, para o idoso, apenas um problema não pode justificar sua sintomatologia, visto que a população longeva habitualmente manifesta um somatório de sinais e sintomas, consequência de diversas patologias concomitantes, onde a ineficiência de um sistema acarreta insuficiência nos demais. As necessidades psicossociais destacadas foram amor e aceitação/segurança emocional/gregária; lazer/recreação; autorrealização/autoestima/cuidado corporal/autoimagem e liberdade de participação/autonomia. Evidenciou-se que tanto homens quanto mulheres apresentaram necessidades relacionadas aos aspectos psicossociais durante a consulta. Reforça-se que apesar deste resultado, pessoas do gênero masculino e feminino sofrem alteração de formas distintas durante a velhice, de acordo com as influências sofridas ao longo da vida e da visão de mundo social. Dentre as necessidades psicoespirituais predominou a expressão religiosa e revelou sua influência na qualidade de vida dessas pessoas. A partir disso, identificou-se que a aplicação da Teoria das Necessidades Humanas Básicas durante a consulta de enfermagem possibilitou a realização do cuidado ao idoso de forma holística e integral baseando-se em suas necessidades, o que demonstra que este modelo teórico se configura como uma possibilidade de reorientação do modelo assistencial de enfermagem no cuidado ao idoso na atenção primária.

A pandemia de COVID-19 implementou novas medidas no que se refere a segurança dos blocos cirúrgicos e sala de recuperação pós-anestésica através da instituição de novos protocolos de rotina. Desta forma buscou-se identificar as adaptações no processo de trabalho no centro cirúrgico e sala de recuperação pósanestésica após o surgimento da COVID-19. Pesquisa descritiva com abordagem quantitativa, do tipo transversal, utilizando a ferramenta de Survey. A coleta de dados foi realizada de forma on-line por meio dos enfermeiros cadastrados na Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização (SOBECC) e pela seleção de enfermeiros através da Plataforma Lattes – CNPq. A análise de dados ocorreu através do pacote estatístico r 4.3.0 (r core team, abril/2023), com resultados estatisticamente significativos para valores de p(<0,05). A amostra totalizou em 61 enfermeiros em nível nacional. A coleta de dados ocorreu através de um questionário estruturado autoaplicável, após a aprovação do comitê de ética em pesquisa com CAAE: 58893022.0.0000.5013. Dos resultados da pesquisa 61(100%) afirmaram fazer uso da máscara cirúrgica no paciente, com relação ao uso do cateter de oxigênio sob a máscara 44(72,1%) afirmaram fazer o uso, destes 24(39,3%) autodeclararam testar positivo para covid-19 ao analisar a significância estatística obteve-se valor de p (0,059) OR: 3,73 (0,47 – 4,04) e coeficiente -0,983. Em relação aos EPIs na assistência ao paciente com covid-19, 50(81,9%) afirmaram fazer o uso do avental impermeável, 59(96,8%) da máscara N95/PFF2, 50(81,9%) da máscara cirúrgica e 47(77%) luvas que cobrem o punho do avental. O uso dos EPIs na assistência ao paciente com diagnóstico de covid-19 que geram aerossóis, 52(85,3%) fizeram o uso dos óculos ou protetor facial, 59(96,7%) máscara N95/PFF2, 14(23%) máscara cirúrgica. Com relação ao uso da máscara N95/PFF2 com válvula de expiração 26(42,7%) afirmaram fazer o uso, com 12(19,7%) autodeclarando testar positivo para covid-19, apresentado p(0,07) OR:8,67(1,15 – 163,1) com coeficiente 2,16. Desta forma, foi identificado as adaptações ocorridas nas instituições, a nível nacional, dentro do bloco cirúrgico durante o período mais crítico da pandemia e assim, associar com os dados publicados cientificamente, além dos protocolos estabelecidos pelas ANVISA, MS e SOBECC.

A Covid-19 é uma doença provocada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2), tem elevado grau de disseminação e mortalidade. No contexto da pandemia foi possível verificar aumento de transtornos mentais relacionados à depressão e ansiedade em profissionais de saúde, especialmente, na equipe de enfermagem. A presente pesquisa tem como objetivo geral analisar a prevalência e fatores associados à ansiedade e depressão em profissionais de enfermagem que atuaram na assistência à saúde durante a pandemia da Covid-19. Trata-se de um estudo epidemiológico transversal com profissionais de enfermagem do hospital universitário de uma cidade de Minas Gerais. Os dados foram obtidos com um questionário sociodemográfico, econômico e laboral, o Inventário de Ansiedade Beck e o Inventário de Depressão Beck. A coleta de dados aconteceu mediante um link de acesso do Google Forms enviado para o WhatsApp e/ou e-mail dos participantes. Os dados foram analisados com auxílio do software estatístico R 3.6. A amostra da pesquisa foi composta em sua maioria por profissionais de enfermagem pertenciam ao sexo feminino, técnicos/auxiliares de enfermagem, raça parda/mulata, solteiros, com renda maior que três salários mínimos, autoavaliação de saúde como boa. Profissionais de enfermagem que possuíam renda familiar maior que dois e meio salários mínimos, jornada semanal de 40 horas são mais propensos a apresentar ansiedade moderada e grave. Profissionais que exerciam a profissão há quatro ou mais de quatro anos e com nível superior são mais propensos a apresentar ansiedade moderada. Aqueles casados/união estável e com nível superior são mais propensos a apresentar ansiedade grave. Profissionais de enfermagem com nível superior estão mais propensos a apresentar depressão leve. Casados/ união estável, separados/divorciados e com nível superior estão mais propensos a apresentar depressão moderada. Possuir renda maior que dois e meio salários mínimos e autoavaliar a saúde como regular e boa estão mais propensos a apresentar depressão grave. As prevalências de ansiedade e depressão foram maiores em profissionais de enfermagem casados, de nível superior e com jornada de trabalho semanal igual a 40 horas. Exclusivamente para depressão, a prevalência foi maior em profissionais com renda familiar de maior valor. No entanto, não houve influência de sexo, idade, filhos e como o profissional autoavalia sua saúde na prevalência de ambas as doenças.

A fibromialgia é uma síndrome complexa e sistêmica, idiopática, caracterizada pela presença de dor musculoesquelética e articular difusa e crônica, hiperalgesia, associada a outros sintomas. Este estudo tem como objeto de estudo: a percepção das pessoas com fibromialgia sobre sua corporeidade. Foi guiada pela pergunta norteadora: Como as pessoas com fibromialgia percebem sua corporeidade? E teve como objetivo: compreender a percepção das pessoas com fibromialgia sobre a sua corporeidade. Optou-se por um estudo qualitativo, com abordagem da fenomenologia da percepção, ancorado no suporte teórico-filosófico de Maurice Merleau-Ponty. No período de outubro de 2022 a janeiro de 2023, foram realizadas entrevistas fenomenológicas, utilizado um instrumento com roteiro semiestruturado, participaram 15 pessoas com fibromialgia há, pelo menos, três meses, residentes em Maceió-AL. Após a transcrição e análise das entrevistas, os resultados foram explanados em quatro categorias ontológicas: corporeidade permeada pela dor; corporeidade impactada pela estigmatização da fibromialgia; corporeidade incompreendida no contexto profissional; e corporeidade fragilizada no convívio social. Após a análise fenomenológica foi possível compreender a percepção das pessoas com FM sobre sua corporeidade, que se mostra efetivamente pelo corpo como condição primeira do Ser, e, portanto, é por meio deste que as pessoas com FM tomam consciência do seu modo de estar no mundo. E, nele se manifestam com sua existência permeada pela dor, pela estigmatização da FM, pela incompreensão no contexto profissional e fragilizadas no convívio social, ao ter sua corporeidade afetada pela FM.

Para o cuidado em enfermagem, faz-se necessária fundamentação em referenciais teóricos e metodológicos que garantam a cientificidade da profissão. Para tanto, as teorias de enfermagem garantem autonomia do profissional e favorecem o planejamento das ações, de maneira personalizada, conforme as necessidades da pessoa assistida. Entre as teorias de enfermagem de médio alcance, destaca-se o Tidal Model, desenvolvido por Phil Barker e Poppy Buchanan-Barker. A Teoria propõe cuidado centrado na pessoa a partir das experiências vividas e relacionadas ao sofrimento psíquico. A teoria utiliza a metáfora em que considera a vida como uma jornada num oceano de experiências. As quais, as situações de crise representam tormentas que podem abalar o barco durante seu percurso, enquanto que o enfermeiro é representado como o “salva-vidas” que conduz o barco até um porto seguro, e possibilita a recuperação até que a pessoa esteja pronta para retomar sua jornada. Para a execução prática desse cuidado, a Teoria dispõe de instrumentos que auxiliam enfermeiro e pessoa durante os atendimentos, entre eles o Holistic Assessment destinado para o primeiro encontro entre profissional e pessoa e o One-to-One Session para os atendimentos subsequentes. Diante ausência de instrumentos que auxiliem a prática do enfermeiro que atua no contexto dos serviços de saúde mental no Brasil, este estudo tem por objetivo realizar a adaptação transcultural e a validação dos instrumentos Holistic Assessment e One-to-One Session para o contexto brasileiro. Trata-se de pesquisa metodológica, para tradução, adaptação transcultural e validação dos instrumentos do Tidal Model, Holistic Assessment e One-to-One Session, para a língua portuguesa brasileira. Foi utilizada a metodologia proposta por Beaton, adaptada, seundo Ferrer, a qual considera as etapas: I) Traduções para língua alvo; II) Síntese das traduções pelo comitê de especialistas; III) Retrotradução; IV) Validação da equivalência pelos desenvolvedores; V) Pré-teste e; VI) Apresentação da documentação aos desenvolvedores. Os tradutores tinham a língua portuguesa como língua nativa, o retrotradutor tinha a língua inglesa britância como sua principal. O comitê de especialistas foi composto pelos tradutores, por doutores, mestres e especialistas em saúde mental. A fase de pré-teste contou com participação de usuários de CAPS e enfermeiros que tinham aproximação com a área. Foram utilizados questionário sociodemográfico, o Holistic Assessment, o One-to-One Session, e formulários de validação semântica geral e específico. Para as fases de I-IV foi realizada avaliação qualitativa mediante síntese dos instrumentos em cada etapa, a fase de validação semântica utilizou análises descritivas por meio de frequências absolutas e relativas, medidas de tendência central e de dispersão. Diante da realização das primeiras três etapas, os desenvolvedores do Tidal Model realizaram avaliação da equivalência, apontando ajustes nos termos “patient”, “agitation” e “pain”, os quais foram adaptados para “pessoa”, “transtorno” e “sofrimento”. Na etapa pré-teste, participaram 32 usuários de CAPS, tendo ocorrido uma perda. O perfil de usuários foi de pessoas com média de idade de 39,73 anos, do sexo feminino, pretas ou pardas, com ensino fundamentou ou médio incompletos, sem companheiros, sem ocupação e com renda. Os participantes avaliaram que o Holistica Assessment como “muito bom” (N = 18, 58,06%), “fácil de entender” (N = 19, 61,29%) e todos consideraram que o instrumento abordava questões “muito importantes”. O One-to-One Session foi avaliado como “muito boa” (N = 20, 64,52%), com perguntas de “fácil” (N = 22, 70,97%) compreensão e questões importantes (N = 31, 100%). Acerca da avaliação individual dos itens, ambos instrumentos tiveram todos os itens considerados como importantes, a compreensão dos itens variou entre 80%-100% para o Holistic Assessment e 90%-100% para o One-to-One Session.

Introdução: A automutilação em adolescentes é um problema de saúde pública no Brasil, e a escola é um local que desempenha um papel importante na compreensão desse evento, tendo em vista que elas passam grande parte de seu tempo neste ambiente. Objetivo: Avaliar o comportamento autoagressivo, risco para depressão e ansiedade traço e estado em estudantes de escolas públicas do município de Maceió, Alagoas. Método: Trata-se de um estudo transversal em que foram entrevistados alunos de duas escolas públicas de Maceió, Alagoas. Foram incluídos estudantes cursando do sexto ao nono ano do ensino fundamental de uma escola da rede pública municipal; e estudantes do primeiro ao terceiro ano na escola estadual. Foram utilizados quatro instrumentos para a coleta de dados: a) Formulário de identificação; b) Inventário de ansiedade Traço-Estado (IDATE); c) Escala de Depressão (CES-D); e d) Questionário de Impulsividade, Autoagressão e Ideação Suicida para adolescentes - QIAIS-A. Para a análise dos dados foi utilizada estatística descritiva univariada por meio da média e desvio padrão; além dos testes de correlação de Pearson para variáveis contínuas e correlação de Spearman para variáveis não contínuas. Para análise Inferencial foi utilizado o Teste Exato de Fisher. Resultados: Este estudo contou com a participação de 133 estudantes. Identificou-se que 90 (72,6%) estudantes apresentavam risco para depressão, ansiedade estado moderada (116 – 97,5%) e ansiedade traço moderada (117 – 96,7%). Em relação a avaliação da impulsividade observou-se que os estudantes apresentaram média de impulso/hipercinésia de 12,14(±6,37), controle do impulso (6,45±2,71). Oitenta e quatro (64,1%) estudantes apresentaram risco de autoagressão, 39 (29,8%) tinham comportamento de risco para autoagressão e 118 (90,8%) tinham ideação suicida. Conclusão: Os achados sugerem que os estudantes que se automutilam apresentam maior risco para depressão, ansiedade moderada e ideação suicida. Isso os coloca em um maior risco de morte devido ao adoecimento mental que vivenciam. Assim, é importante pensar em estratégias de cuidado nas escolas, que visem acompanhar e avaliar os comportamentos de automutilação.

Introdução: Sabe-se que o recebimento de um diagnóstico médico diante de uma doença/situação crônica ou ainda com a necessidade de realizar uma cirurgia mutiladora como a de estomização, costumam ter um grande impacto na vida das pessoas. O objeto de estudo são as representações sociais de mulheres com estomias. Objetivo: Compreender as representações sociais de mulheres com estomia. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, realizada com 18 mulheres que se encontravam em dois centros de referência para o atendimento de pessoas com estomia, localizados no município de Maceió/AL. Os dados coletados foram transcritos na íntegra e analisados de acordo com a técnica de análise de conteúdo na perspectiva de Bardin. Utilizou-se como referencial teórico a Teoria das Representações Sociais. Resultados: Tornou-se possível identificar três unidades temáticas: : O surgir da estomia; O conviver com a estomia e As representações sociais frente aos significados/sentimentos relacionados à estomia. Os resultados demonstraram as representações sociais das mulheres com estomia, no qual é vivenciada de forma dramática e conflituosa, acarretando no surgimento de vários sentimentos que causam um conflito interno nas mesmas. Conclusão: O fato de que a maioria das pessoas nunca ouviram falar ou tiveram contato com um indivíduo com estomia faz com que representações negativas sejam criadas diante do que não é familiar. Desse modo, é importante trabalhar essa temática de modo que sejam quebradas as barreiras e os estereótipos sociais, para que as pessoas com estomia sintam-se incluídas e pertencentes à sociedade, de modo que os sentimentos negativos sejam amenizados.

A intersetorialidade se apresenta como um instrumento para articulação visando o planejamento e a operacionalização de políticas, programas e projetos, criando uma dinâmica que possibilita o fortalecimento das políticas públicas. No sentido de traçar estratégias direcionadas pela intersetorialidade o município de Delmiro Gouveia/AL buscou parceria com a Universidade Federal de Alagoas – UFAL para o enfrentamento das DCNTs. Este estudo tem como objetivo analisar a intersetorialidade no município de Delmiro Gouveia e o planejamento das ações intersetoriais à luz do paradigma da complexidade. Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo que utiliza a Teoria da Complexidade de Edgar Morin como referencial teórico para subsidiar a análise e discussão dos resultados. A produção das informações ocorreu no período de agosto a outubro de 2021 utilizando a técnica roda de conversa – RC: 1a RC – Diagnóstico Situacional; 2a RC – Planejamento Estratégico Situacional e 3a RC – Discussão para construção de projetos intersetoriais. Para organização e interpretação dos achados, foi utilizado o método da análise de temática. Após da análise das 3 RCs com 19 participantes no total foi possível identificar 19 núcleos de sentido, os quais, a partir da aplicação do referencial teórico proposto, deram origem a 2 categorias temáticas, intituladas como: O todo nas partes e as partes no todo: compreendendo essa espiral no contexto do SUS e Dialogando com os atores sociais: perspectivas para a intersetorialidade no município de Delmiro Gouveia. A primeira categoria debate a intersetorialidade no município de Delmiro Gouveia sob a ótica da teoria da complexidade destacando os avanços e fragilidades para a condução das ações intersetoriais. A segunda categoria busca elencar os pontos sensíveis da rede, identificando a raiz dos problemas e apontando perspectivas de implantação de um planejamento intersetorial. Desta forma, foi possível apreender inicialmente uma dificuldade de articulação da gestão em saúde como mediadora e os demais atores sociais no entendimento dos problemas e na busca pela resolutividade coletivamente, demonstrando uma visão alicerçada no paradigma da simplificação. A medida que a discussão entre pesquisadores, gestores, trabalhadores e conselheiros da saúde foram aprofundadas as raízes dos problemas foram sendo identificadas e a caminhos para a construção das soluções também apresentados, destacando o quão complexo são as necessidades e demandas de uma população a partir das reflexões sob o prisma do paradigma da complexidade. As RCs abriram um espaço para aprofundamento das discussões disparando projetos intersetoriais no munícipio que visam a promoção de saúde e o fortalecimento da atenção básica em Delmiro Gouveia.

Este estudo tem por objeto de pesquisa intervenções de promoção à saúde com trabalhadores e trabalhadoras de equipes do Consultório na Rua. O ambiente de trabalho do Consultório é dinâmico e caracterizado pela falta de uma estrutura física e pela exposição as variações climáticas e pelos encontros com histórias de alegrias e angústias, que demanda doação e entrega do trabalhador. Neste processo, faz-se importante um olhar de cuidado para quem cuida. Com essa perspectiva os objetivos do estudo são: Reconhecer ações de promoção à saúde do trabalhador que as equipe do Consultório na Rua desenvolvem segundo a percepção dos trabalhadores e trabalhadoras; Identificar possíveis mudanças nas intervenções de promoção à saúde do trabalhador e da trabalhadora das equipes do Consultório na Rua durante a pandemia da COVID-19; Reconhecer ações de promoção à saúde do trabalhador que podem ser desenvolvidas na perspectiva da equipe; Desenvolver ações de promoção à saúde do trabalhador viáveis para a equipe. Para isso desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa, a partir da metodologia da pesquisa convergente assistencial e a produção de informações se deu a partir de observação participante no período de maio a outubro de 2021 e realização de 4 grupos de convergência. Houve a participação de 39 trabalhadores com representantes das seis equipes do Consultório na Rua que há no estado de Alagoas. Na análise de dados emergiram três categorias, a saber: 1) Como eu me cuido como trabalhador do Consultório na Rua?; 2) Como a pandemia interferiu na promoção da saúde dos trabalhadores do Consultório na Rua? 3) Como é possível promover saúde no trabalho do Consultório na Rua? Verificou-se que o momento de intervenção foi um espaço de cuidado e o alongamento reichiano se mostrou como uma prática complementar na promoção da saúde do trabalhador, que favoreceu a tomada de consciência corporal e percepção de si. Os resultados contribuíram para o conhecimento na área da saúde do trabalhador e também do alongamento reichiano como intervenção de promoção de saúde com este público. Este estudo permite o despertar para que outras intervenções e práticas integrativas e complementares sejam desenvolvidas junto a estes trabalhadores. Além disso, traz a provocação de se pensar na implementação de uma política específica de promoção à saúde dos trabalhadores em seus diferentes contextos e realidades.

Este estudo teve como objetivo compreender o mundo vida do enfermeiro ao assistir gestantes no pré-natal de alto risco. Estudo do tipo qualitativo de abordagem fenomenológica sendo utilizado como suporte teórico metodológico a sociologia compreensiva de Alfred Schütz. Os cenários de desenvolvimento do estudo foram os quatro ambulatórios de referência para o pré-natal de alto risco de Alagoas: Hospital Universitário Professor Alberto Antunes, em Maceió; Maternidade Escola Santa Mônica, em Maceió; Espaço Nascer, em Arapiraca; e Centro de Assistência à Saúde da Mulher Quitéria Neves, em Santana do Ipanema. Participaram do estudo, sete enfermeiras que prestam assistência às gestantes nos ambulatórios de pré-natal de alto risco de Alagoas. Foram realizadas entrevistas abertas, no local de atuação de cada um das enfermeiras, guiadas pelas seguintes questões disparadoras: “Como é para você a experiência de atuar como enfermeiro assistindo gestantes que apresentam alto risco, no pré-natal?”; Que ações você realiza no ambulatório de pré-natal com as gestantes de alto risco? Emergiram a partir dos depoimentos, as categorias temáticas: o mundo vida do enfermeiro no pré-natal de alto risco; mundo vida do enfermeiro traduzido no olhar que faz a diferença; mundo vida do enfermeiro enfrentando dificuldades e desafios para atuar no pré-natal de alto risco; mundo vida do enfermeiro construindo a autonomia e empoderamento em seu trabalho no pré-natal de alto risco. Os dados analisados permitiram identificar as atividades desempenhadas pelas enfermeiras que prestam assistência às gestantes dentro do pré-natal de alto risco em Alagoas, através da identificação dos “motivos porque” e “motivos para” dessa ação profissional e das falas dos sujeitos, desvelando a prática assistencial e o reconhecimento do seu exercício profissional.

As feridas são um problema de saúde cujos impactos biopsicossociais podem ser agravados pelo retardo da cicatrização, um processo multifatorial que inclui danos relacionados às infecções. Entre os principais agentes infecciosos em feridas destaca-se a espécie Staphylococcus aureus, microrganismo reconhecido pela sua capacidade de resistência antimicrobiana, como ocorre com S. aureus resistente à oxacilina. Nesse sentido, o presente estudo teve como objetivo caracterizar o perfil epidemiológico de indivíduos com lesões crônicas e rastrear Staphylococcus aureus resistente à oxacilina. Trata-se de um estudo transversal, quantitativo, descritivo, realizado com indivíduos em acompanhamento ambulatorial para tratamento de feridas crônicas. Foram incluídas 53 pessoas adultas de ambos os sexos, que apresentassem feridas com tempo de evolução igual ou maior que seis semanas. A coleta dos dados sociodemográficos e dos aspectos clínicos ocorreu mediante entrevista, consultas aos registros em prontuário e avaliação da lesão. A coleta do material biológico ocorreu com swab estéril e os microrganismos isolados foram submetidos a testes bioquímicos e cultivo em meio seletivo-diferencial para identificação presuntiva. A determinação da Concentração Inibitória Mínima ocorreu pela da técnica de microdiluição em caldo. A análise estatística dos resultados ocorreu de maneira descritiva. A partir da análise dos dados sociodemográficos e clínicos, obteve-se maior frequência de indivíduos do sexo feminino (58,49%), autodeclarados pardos (47,17%), com idade média de 59,6 anos, ensino fundamental incompleto (43,40%), dependentes de benefícios sociais/previdenciários (84,91%) e residentes em Maceió (69,81%). Além disso, a maioria dos participantes (90,57%) relatou comorbidades, sendo mais frequente hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus; o relato de tabagismo (7,55%), uso rotineiro de álcool (3,77%) e hospitalização nos últimos 12 meses (20,75%) foram menos frequentes. Em relação às características clínicas da lesão, houve maior frequência de indivíduos com feridas de tamanho menor que 10cm2(33,96%) e entre 10 e 50cm2(32,08%), 10 anos ou mais de evolução (37,74%), lesão única (56,60%), classificadas como úlcera venosa (64,15%) e localização em membros inferiores (96,23%). Além disso, predominou a presença de sinais desfavoráveis na avaliação da pele perilesional (64,15%) e borda (60,38%), bem como a presença de sinais de infecção (56,60%); entretanto a presença de sinais favoráveis, como a presença de somente de tecido viável no leito da lesão (62,26%), e pouco (41,51%) ou moderado (43,40%) volume de exsudato, do tipo seroso (84,91%), também foram frequentes. O uso de antimicrobianos sistêmicos foi relatado por 3,77% dos participantes, embora todos (100%) tenham feito uso de antimicrobianos tópicos. A identificação presuntiva confirmou a presença de oito cepas de S. aureus, proveniente de sete lesões/participantes. A maior parte dos isolados (75%) foi sensível a menor concentração de oxacilina avaliada (3,90ug/ml), embora dois isolados (25%) tenham sido resistentes à oxacilina (62,5ug/ml e 500ug/ml). O perfil sociodemográfico e clínico dos participantes foi composto principalmente por indivíduos do sexo feminino, pardos, com ensino fundamental incompleto e dependentes de benefícios da seguridade social, que referiram comorbidades, sobretudo hipertensão e diabetes. Além disso, feridas com 10 anos ou mais anos de evolução, localizadas em membros inferiores e classificadas com úlceras venosas foram frequentes. O rastreio e determinação da sensibilidade antimicrobiana possibilitou a detecção de duas cepas clínicas de S. aureus resistentes à oxaciliana.

Trata-se de uma pesquisa histórico-social que teve como objeto a configuração e a difusão da cultura sespiana no Brasil nos anos 1942 a 1960. Os objetivos foram: descrever a configuração, modus operandi do SESP e a cultura que imprimiu às regiões brasileiras onde operava e analisar a difusão da cultura sespiana como processo civilizador em saúde no Brasil. As fontes foram documentais e tiveram como critérios de inclusão dos documentos a legibilidade e o fato de que pudessem ser fotocopiados. As informações recolhidas foram analisadas com o apoio dos conceitos de processo civilizador, cultura, configuração e comportamento de Norbert Elias. Os resultados mostraram que o SESP se configurou como um modelo de saúde pública dito moderno, que se difundiu pelo país por meio da ação dos profissionais, das professoras nas escolas primárias, devidamente treinados para transmitirem as novas práticas sanitárias e a divulgação por meio de folhetos, revistas, boletins e livros publicados. Seus serviços tiveram um efeito de demonstração nacional, e seus especialistas tornaram-se agentes multiplicadores do modelo em outras instituições. A difusão da cultura sespiana pelo Brasil e seu modus operandi tiveram nas enfermeiras um instrumento de coação, pois, por intermédio do treinamento e formação das auxiliares/visitadoras e da supervisão da equipe, asseguraram o sucesso do processo civilizatório, entendendo-se que as visitadoras sanitárias foram portadoras de um discurso que provocava “mudança na conduta e nos sentimentos" (grifo meu) pela implantação de novos hábitos, costumes e práticas cotidianas. Conclui-se que o SESP foi realmente condutor de um processo civilizatório, pois forjou novos padrões de comportamento sanitário e condutas individuais e coletivas em relação à saúde e a outros aspectos do cotidiano da população. As fontes analisadas e as informações discutidas neste estudo permitem enunciar que os objetivos foram alcançados, e que o SESP desenvolveu uma política de saúde que se comportou como um processo civilizador, difundindo uma cultura de saúde estadunidense considerada superior à brasileira pelas ações de afirmação das melhores práticas higiênicas, amplamente difundidas pela propaganda, pelas ações pedagógicas de educação sanitária, pelos treinamentos continuados, pela formação de visitadoras sanitárias, difusoras da cultura estrangeira e pelas ações de coação e controle exercidas por meio de supervisão e cobranças de dados registrados e relatórios, de modo a confirmar a hipótese apresentada neste estudo.

O objetivo deste trabalho foi mapear a literatura científica existente sobre o uso de jogos para a educação e promoção da saúde de pessoas em cuidados oncológicos. Trata-se de uma revisão de escopo na qual adotados os seguintes passos propostos pelo Joanna Briggs Institute: definição do título e da questão da pesquisa, definição dos critérios de inclusão e exclusão, definição da estratégia de pesquisa, seleção dos estudos/fontes de evidência, exercício de consulta, extração de dados, e análise e apresentação dos resultados. Ao estabelecer o PCC obteve-se a seguinte questão norteadora: quais as evidências científicas sobre o uso de jogos para educação e promoção da saúde de pessoas com câncer?. Os critérios de inclusão foram os estudos que atendessem aos objetivos propostos por essa pesquisa de desenho metodológico, quantitativo e/ou qualitativoprimários, secundários do tipo: revisões sistemáticas, metanálises e/ou metassínteses, publicados em fontes indexadas e na literatura cinzenta. Ademais estes deveriam dispor de acesso aberto do tipo open acess ou com acesso pelo portal de periódicos CAPES via instituição de ensino superior, não havendo restrições quanto ao idioma e ano de publicação. As buscas finais foram realizadas entre março e junho de 2022 nas bases de dados: Epistemonikos, MedLine via PubMed, Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) via Biblioteca Virtual em Saúde - BVS/Bireme, Scopus, Embase, Web Of Science, Cochrane Database of Systematic Reviews e). Além disso, foram consultadas as fontes de literatura cinzenta: Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), Catálogo de Teses & Dissertações – CAPES e Google Scholar. Foram utilizados os descritores e palavras chave "oncology", "cancer", "games", "play", "health education" e "health promotion" que, combinados entre si por meio dos operadores boleanos resultaram em três cruzamentos de busca utilizados a fim de promover o alcance abrangente das pesquisas relacionadas. A amostra final desta revisão foi composta por 54 estudos. Estes datam a partir do ano de 2001, com maior número de publicações nos anos de 2018 e 2019 (n=7 por ano), sendo majoritariamente realizados nos continentes americano (n=27) e europeu (n=13), com destaque para países como os Estados Unidos da América (n=22), Austrália e Brasil (n=5 em cada respectivamente). Os periódicos Games for Health Journal (n=5) e Journal of Medical Internet Research (n=3) foram os que apresentaram o maior número de publicações, sendo 78% (n=42) destas fontes de dados primários. Estas foram majoritariamente realizadas com crianças (n=24) e adolescentes/jovens adultos (n=23). Foram citados 39 jogos e plataformas/programas baseados em jogos voltados para a educação e promoção da saúde de pessoas com câncer, sendo os mais citados Adventures in Sophoria, AlphaBeatCancer, Ben’s Game, Brave Ranger, Breast Care Bingo Game, Cytarius, Empower Stars!, Escape from Diab, FUN QUEST, ILOVEBREAST, iManageCancer (adultos e crianças), INTERACCTT, Kidz with Leukemia: A Space Adventure,dentre outros. Apontando-se ainda a utilização de jogos recreacionais do Nintendo Wii^TM para este fim. Entre estes apenas dois (My Wonderful Life e Shop Talk) constituíram-se como jogos de tabuleiro, sendo os demais caracterizados como eletrônicos/digitais. Diferentes mecânicas e elementos foram adotados a fim de atender aos diferentes grupos dessa população, destacando-se ainda que quatro jogos restringiram seu público alvo considerando o sexo dos usuários, sendo três destes voltados para usuários do sexo feminino e um para o sexo masculino. Estes foram utilizados para a educação em saúde durante o diagnóstico, tratamento, controle e cura, estando inseridos na abordagem de temas relevantes no campo como a adesão ao tratamento, autoeficácia para gerenciamento da doença, manejo de náuseas e vômitos, promoção da atividade física e mudanças de comportamentos de saúde e qualidade de vida. Concluiu-se que o uso de jogos constitui-se como uma estratégia favorável para a educação em saúde em oncologia, tendo sido apresentadas evidências científicas para sua utilização entre os diversos grupos de pacientes havendo possibilidades disponíveis para diferentes contextos clínicos e sociais. Indica-se que as pesquisas na área demonstram promissoras e acompanham as tendências no campo da saúde.

Introdução:  A assistência em saúde mental envolve não somente o acolhimento de quem dela necessite, mas também de toda a estratégia que envolve o funcionamento dos serviços, inclusive as avaliações econômicas que engloba estimativas do custo dos recursos necessários ao seu funcionamento. Objetivo: Identificar a utilização e estimar financeiramente o custo proveniente da assistência em saúde mental de crianças e adolescentes atendidas no Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi) de Maceió. Método: Trata-se de um estudo com abordagem quantitativa, retrospectivo, baseado em avaliação de custo em  saúde através de dados primários, delimitado na perspectiva de um órgão público prestador de serviços de saúde, no horizonte temporal de três meses correspondente a julho, agosto e setembro de 2019, sendo identificados os custos diretos considerando a mensuração por medidas de tendência central conforme a utilização dos usuários do serviço escolhido, dispondo da abordagem de microcusteio (bottom-up) para valorização do custo. Os participantes deste estudo constituem três grupos diferentes: acompanhantes dos usuários do serviço, profissionais do CAPSi e profissionais da SMS de Maceió;  que convergem para o fornecimento de informações distintas de um único instrumento de pesquisa: o Inventário Sociodemográfico e de Utilização e Custos de Serviços (ISDUCS). Assim, para análise descritiva, foram utilizadas as frequências absoluta e relativa, medidas de tendência central. Sendo realizado Análise Bivariada Linear e considerando também a significância de p valor <0,05 e todos os testes foram aplicados com 95% de confiança. Ademais este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UFAL, conforme o Parecer Consubstanciado de Autorização sob o número 3.566.665.  Resultados: Os atendimentos individuais e em oficinas terapêuticas totalizaram 68,1% de todos os procedimentos ofertados aos 726 pacientes que utilizaram este serviço, no período do tempo estudado.  Estes usuários eram em sua maioria adolescente (60,9%), do sexo masculino (63,4%), frequentavam o serviço comunitário de saúde há mais de 1 ano (78,8%), principalmente por Transtornos Externalizantes (29,1%) e Autismo (23,8%), utilizavam psicofármacos (93,4%) com maior uso de antipsicóticos (63,1%). Eles eram acompanhados por mulheres (90,1%), geralmente as genitoras (66,7%%), sem vínculo empregatício (75,2%), baixa escolaridade (64,5%), algumas também portadoras de transtornos mentais (28,4%) e em uso de psicofármacos (21,3%). A maioria das  famílias era proveniente do V Distrito Sanitário de Maceió (33,5%), estavam sobrevivendo com até 1 salário mínimo (58,9%) geralmente com acesso a benefício social governamental (31,1%). Cerca de R$233.925,44 é gasto por mês no CAPSi, com a maior parte destinada à folha salarial (79,9%). O custo médio do cuidado anual por usuário é estimado: R$1501,86 em Acompanhamento Individual e R$1657.58 em Programa Terapêutico. Os preditores deste custo: diagnóstico e cuidado ofertado, tempo no serviço, renda familiar, doença mental do responsável. Conclusão: As características clínicas e sociodemográficas da demanda e o direcionamento do cuidado ofertado implicam diretamente no custo público em saúde mental infanto juvenil.

O presente estudo tem como objeto as representações sociais de mulheres sobre o uso de substâncias psicoativas (SPA) lícitas na gestação. No que se refere ao fenômeno do consumo de SPA é importante registrar que essas substâncias acompanham a humanidade desde as mais antigas civilizações, sua utilização estava associada a diversidade cultural, religiosa e na medicina. Com o passar dos tempos sofreram modificações no padrão de consumo, como consequência, surgiram os agravos à saúde pública trazendo repercussões para a sociedade em geral, tais como a violência e a toxicodependência. A relevância desta temática foi trazer através das representações sociais uma visão ampliada para melhor assistir essa mulher que faz uso de SPA lícitas na gestação. Desse modo, o objetivo geral: Compreender as representações sociais de mulheres sobre o uso de SPA lícitas na gestação e os objetivos específicos: descrever as representações sociais de mulheres que usam SPA lícitas frente a gestação e discutir sobre o uso de SPA lícitas na gestação. Trata-se de um estudo descritivo, exploratório com abordagem qualitativa. O estudo ocorreu no 3º Centro de Saúde, uma Unidade Básica de Saúde localizada no município de Arapiraca – AL. Os participantes da pesquisa foram 25 mulheres que fizeram uso de SPA na gestação, amostra foi definida pela homogeneidade ampla. Os dados foram coletados de dezembro a março de 2021, através de entrevistas semiestruturadas áudio-gravadas. Os dados coletados foram transcritos na íntegra e analisados de acordo com a técnica de análise de conteúdo na perspectiva de Bardin. Utilizou-se como referencial teórico a Teoria das Representações Sociais. Assim tornou-se possível identificar três categorias temáticas: O conhecimento das mulheres que fazem uso de SPA lícitas na gestação; representação social de mulheres frente ao uso de SPA lícitas na gestação; e representação social de mulheres frente ao contexto social no uso de SPA lícitas na gestação. Os resultados demonstraram as RS de mulheres que fazem uso de SPA lícitas na gestação em seu contexto social frente aos sentimentos individuais, ao seu conhecimento sobre as SPA lícitas e diante da sociedade, surgiram de vários sentimentos que causam conflito no âmbito individual e social. Os sentimentos decorrentes das RS evidenciados no estudo, foram: conhecimento distorcido ou deficiente e a falta de compreensão sobre as SPA lícitas na gestação, negação, incapacidade, culpabilidade, preconceito, desprezo, isolamento e retração social e influência e conflitos familiares. Dessa forma, este estudo possibilitou compreender as RS de mulheres sobre o uso de SPA lícitas na gestação, a partir de um universo consensual, formado a partir do apoio social e compartilhado pelas mulheres e suas relações sociais.

Introdução: A partir do momento que a mulher se depara com o diagnóstico do câncer feminino, seu modo de vida e suas relações interpessoais passam a ser objetos de reflexão e questionamentos. Entender o significado atribuído a essa experiência torna-se fundamental para promover e otimizar estratégias de enfrentamento a fim de aumentar a qualidade de vida da mulher na sua integralidade biopsicossocial. Objetivo: Compreender os conteúdos representacionais de mulheres vivenciando o câncer feminino. Metodologia: Estudo descritivo, exploratório com abordagem qualitativa, realizado com 20 mulheres que se encontravam um centro de referência em oncologia, localizado no município de Maceió/Alagoas. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas, CAAE n° 23846919.5.0000.5013. As informações foram coletadas de janeiro a março de 2021, através de entrevistas semiestruturadas áudio-gravadas. As informações coletadas foram transcritas na íntegra e analisadas de acordo com a técnica de análise de conteúdo na perspectiva de Bardin, categorizados em unidades temáticas. Utilizou-se como referencial teórico a Teoria das Representações Sociais. Resultados: Os conteúdos representacionais do câncer feminino estão relacionados ao sofrimento interno e fortemente ancorados em representações de morte, medo desespero. As falas apontaram que a depressão acaba unindo-se à essas representações, refletindo demasiadamente nas tomadas de decisões frente à adesão e continuidade do tratamento. O estudo revelou também que o apoio da sociedade em que a mulher está inserida e a forma como ela recebe o diagnóstico tem influência decisiva nas representações que ela constrói acerca da doença e na forma como ela encara o tratamento. Conclusão: Dentro das representações sociais que cada mulher apresenta existe um mundo de significados e sentidos encobertos pelo senso comum, somado aos saberes e conhecimento científico, que requerem um olhar minucioso e atencioso pois permeiam o câncer feminino possibilitando ao profissional de enfermagem prestar uma assistência individualizada e que compreenda todos os processos biopsicossociais vivenciados pela mulher que enfrenta o câncer.

A Jatropha multifida ou Adenoropium multifidum (sinonímia), conhecida popularmente como planta-coral, coral, flor-de-coral, flor-de-sangue, bálsamo, mertiolate, um arbusto, cujas flores vermelhas com anteras amareladas, parecem pequenas peças de coral e caule com presença de látex. Muito usada na medicina popular, como purgativa, contra gonorreia, diurética, cicatrizante e anti-inflamatória. O objetivo desta pesquisa foi verificar a atividade antioxidante e antimicrobiana do látex in natura e liofilizado da J. multifida. O látex foi coletado no município de Igreja Nova/AL e posteriormente foi submetido ao processo de liofilização, originado assim os extratos in natura e liofilizado utilizados no estudo. Foram realizados os testes de prospecção fitoquímica, da atividade antioxidante e atividade antimicrobiana. A atividade fitoquímica dos extratos do látex realizada confirmou a presença de saponinas, flavonoides, antraquinonas e taninos. Os resultados mostraram que o extrato do látex in natura e liofilizado apresentaram atividade antioxidante moderada, podendo ser considerado como promissora fonte de combate aos radicais livres, porém os valores encontrados no látex liofilizado (73,1 μg/mL) foram mais expressivos na concentração a 5% do que o látex in natura (84,5 μg/mL). Para atividade antimicrobiana ambos os extratos apresentaram uma CIM de 15,6 μg mL-1 e uma CBM de 125 μg mL-1 frente S. epidermidis e E. faecalis, E. aerogenes mesmos valores para os extratos de CIM 125 μg mL-1 e CBM de 125 μg mL-1. Para S. aureus a CIM foi igual para ambos os extratos de 125 μg mL-1 porém, a CBM foi melhor no liofilizado apresentando o mesmo valor da CIM, o mesmo aconteceu frente a P. aeruginosa. Diante da E. coli o látex liofilizado apresentou uma CIM melhor 125 μg mL-1 mais na CBM o látex in natura apresentou uma melhor atividade CBM 125 μg mL-1. Já frente a cepa fungica C. albicans ambos os extratos apresentaram atividade fraca tanto para CIM que foi de 500 μg mL-1 e CBM de 1000 μg mL-1 . Conclui-se que o látex in natura e liofilizado da J. multifida podem ser considerados potenciais agentes antimicrobiano e antioxidante, porém o látex liofilizado mostrou-se com os melhores resultados nos testes realizados sendo um promissor para ser utilizado em pesquisas futuras.

O abortamento configura-se como um grave problema de saúde pública e se traduz em diversas repercussões para a saúde da mulher e sua qualidade de vida. Esta pesquisa tem como objeto de estudo a vivência do abortamento pelas mulheres. Foi desenvolvida a partir da questão de pesquisa: Qual o fenômeno velado na vivência da mulher durante o processo de abortamento? Para responder esse questionamento definiu-se como objetivo de estudo: Desvelar facetas do fenômeno oculto na vivência da mulher em abortamento. Pesquisa de natureza qualitativa, baseada no referencial teórico-metodológico da Fenomenologia Existencial de Martin Heidegger. Participaram do estudo 10 mulheres que vivenciaram o abortamento. Foi realizada a entrevista fenomenológica com a pergunta disparadora: Conteme como foi para você vivenciar o processo de abortamento? A pergunta foi aprofundada de acordo com a necessidade e objetivo do estudo. As entrevistas foram analisadas com base nos momentos metódicos compreensivos de Martin Heidegger, estabelecendo assim, as quatro unidades de significação que nortearam a compreensão desse estudo: Ser-mulher descobrindo-se frente ao abortamento; Ser-mulher vivenciando o processo de abortamento; Ser-mulher compreendendo o processo de abortamento, Ser-mulher ressignificando o processo de abortamento. Conclui-se que o desvelar das vivências das mulheres no processo de abortamento traz à luz um mundo de significados que são inerentes a esse vivenciar, devendo assim se constituir em subsídios para nortear uma assistência integral e individualizada, baseada nas necessidades de cada mulher

Introdução: O objeto da pesquisa são os registros de enfermagem encontrados nos prontuários dos pacientes atendidos pela equipe de saúde do Project HOPE, em sua atuação dentro do Navio HOPE, em Maceió, Alagoas, no período de fevereiro a novembro de 1973. Estes registros explicitam a influência americana sobre a enfermagem alagoana, pois algumas enfermeiras do Projeto compuseram o corpo docente inicial do primeiro curso de graduação em enfermagem do Estado. Objetivos: levantar qual o conteúdo presente nos registros de enfermagem dos prontuários referidos; e verificar se o conteúdo dos registros de enfermagem destes prontuários apontam para a aplicação do processo de enfermagem na assistência a estes pacientes. Metodologia: Estudo quantitativo descritivo histórico-documental realizado com apoio do Centro de Apoio à Pesquisa do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes da Universidade Federal de Alagoas com a amostra de 446 prontuários, totalizando 523 atendimentos realizados do universo de 951 prontuários. Foram coletados dados sociais e de registros de enfermagem através de formulário desenvolvido no Google ® Planilhas e tratados com funções deste mesmo aplicativo em nuvem para análise estatística descritiva. Resultados: Os instrumentos de registros de enfermagem eram amplamente utilizados por americanas e brasileiras, porém a participação das americanas era maior. As enfermeiras utilizaram folhas de evolução bem como de registros de sinais vitais, checagem de medicações, acompanhamento dos tratamentos prescritos pela equipe médica e pela enfermagem, e o processo de enfermagem registrado em Kardex. Porém, neste último, poucos atendimentos receberam este tipo de documento preenchido corretamente, o que indica que o processo de enfermagem, ainda que estivesse presente no exercício intelectual do trabalho das mesmas, não era registrado devidamente no prontuário do paciente. Conclusão: Os registros de enfermagem utilizados indicavam uma grande apropriação do conhecimento técnico- científico das enfermeiras americanas. Porém, ainda foi encontrada uma baixa proporção da aplicação do registro do Processo de enfermagem, indicando uma baixa apropriação desta prática.

Introdução: Este estudo teve como objeto a experiência de incerteza vivenciada por profissionais de enfermagem durante o processo de adoecimento pela COVID-19. A incerteza da doença está intrinsecamente relacionada à incapacidade de determinar sentido aos acontecimentos que tenham relação com ela, no sentido de atribuir valores concretos, prever resultados e construir estratégias de enfrentamento.  É possível destacar que o recebimento do diagnóstico por si só não ameniza as incertezas da pessoa acometida pela COVID-19. Objetivos: Analisar as incertezas vivenciadas por profissionais de enfermagem que adoeceram por COVID-19. Metodologia: Tratou-se de uma pesquisa do tipo qualitativa de caráter exploratório-descritivo, realizada com 20 profissionais de enfermagem que adoeceram pela Covid-19, cujos depoimentos foram colhidos através de entrevista semi-estruturada. Foi realizada análise do conteúdo de Minayo e utilizado como referencial teórico a Teoria Reconceptualizada da Incerteza da Doença de Merle Mishel (1990). Resultados e discussão: Após a organização dos dados e reflexão acerca do achados emergiram as seguintes categorias de análise: Categoria 1 - A capacidade cognitiva e a inferência na previsibilidade de (in)certeza da doença; Categoria 2 - Uma ameaça real? A incerteza do desconhecido; Categoria 3 -Estratégias de enfrentamento – "Coping" – e suas repercussões nas reações adaptativas. Conclusão: Partindo do pressuposto de que a pandemia mundial pelo novo Coronavírus surgiu com uma imensidão de incertezas e que estas repercutem como falta de clareza e inadequação no estado cognitivo, prejudicando a interpretação e avaliação dos acontecimentos da vivência da doença e comprometendo a adaptação da pessoa adoecida, entendemos que a aplicação da Teoria da Incerteza da Doença foi um referencial teórico adequado para leitura do fenômeno do adoecimento dos profissionais de enfermagem pela COVID-19. 

O avanço tecnológico aprimorou as condutas de saúde voltadas às crianças prematuras e de baixo peso (RNP), aumentando as chances de sobrevida e o tempo de hospitalização em unidades de terapia intensiva neonatal. As práticas assistenciais em saúde podem impactar favoravelmente sobre o neurodesenvolvimento, através da promoção de tecnologias e estratégias neuroprotetivas para redução do estresse e dor. Neste contexto, os “smartphones” são aparelhos multifuncionais que viabilizam funcionalidades para além da comunicação. Atualmente, há diversos aplicativos cujas propostas de criação estão relacionadas à mensuração dos ruídos ambientais. São ferramentas digitais que se propõem a mesma finalidade dos decibelímetros, aparelhos medidores dos níveis de pressão sonora ambiental. Dito isto, hipotetiza-se que os aplicativos para mensuração de ruídos são instrumentos viáveis para mensuração de ruídos em unidade de terapia intensiva. Assim o objetivo desse estudo foi analisar a viabilidade do uso de aplicativos para smartphone para a mensuração de ruídos numa unidade de terapia intensiva neonatal. A metodologia adotada foi o estudo de acurácia, realizado na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal em um hospital de ensino de uma capital do nordeste Brasileiro. A amostra utilizada foi censitária, onde foi realizado medidas de ruídos sonoros em todos os leitos da UTIN em três horários diferentes, totalizando 30 medidas. Para mensuração dos ruídos sonoros foram utilizados o decibelímetro digital “MINIPA® MSL-1301” e um “smartphone” “samsung® J7” com os aplicativos “Sound meter”, “Sound detector”, “Smart tools” instalados. Resultado: Em todos os aplicativos os níveis de pressão sonora mínimos e médios foram os que apresentaram maiores variações, se afastando dos valores apresentados pelo decibelímetro, enquanto as médias de pressão sonora máxima se aproximaram dos Mart valores apresentados pelo decibelímetros. Sugerindo que a utilização dos APPs são mais confiáveis para mensuração dos ruídos máximos. Entre todos os aplicativos, o APP 3 apresentou maior acurácia. Conclusão: Os aplicativos são viáveis para mensuração de ruído sonoro, porém com mais segurança para mensuração do ruído sonoro máximo e entre os três aplicativos testados o APP3 com maior acurácia, sendo considerável como mais um recurso viável para mensuração de ruídos dentro das UTINs, porém sugere-se testagens deste e outros aplicativos em vários tipos de UTINs.

INTRODUÇÃO: A gravidez e o nascimento, em grande maioria, ocorre sem intercorrências, porém em muitos casos podem surgir complicações que podem estar relacionadas à assistência oferecida, seja em relação à estrutura dos locais de nascimento, assim como em decorrência de erros no processo de trabalho e que podem acarretar eventos adversos. Percebe-se que ainda existem muitos desafios a serem superados e, consequentemente, são necessárias intervenções imediatas para tornar o cuidado mais seguro. Antes disso, é importante avaliar a cultura de segurança para que os profissionais sejam sensibilizados da importância de promover a Segurança do Paciente. OBJETIVO: Avaliar a cultura de segurança do paciente em maternidades de alto risco de um estado da região Nordeste do Brasil. MÉTODO: Trata-se de um estudo descritivo de natureza quantitativa do tipo Survey, realizado em duas maternidades de alto risco de um estado da região nordeste do Brasil. A coleta de dados foi realizada no período de dezembro de 2020 a abril de 2021, por meio do instrumento “Pesquisa sobre Segurança do Paciente em Hospitais”, que além de avaliar o perfil dos profissionais, possui 42 itens divididos em 12 dimensões que avalia a Cultura de Segurança do Paciente (CSP). Após coleta, os dados foram validados e analisados através da estatística descritivas por meio do Software JASP. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas. RESULTADOS: Participaram do estudo 318 profissionais, sendo a maioria do sexo feminino, com média de idade de 41,7 anos, que possuem pós-graduação a nível de especialização e em sua maioria fazem parte da equipe de enfermagem e com uma média de tempo de trabalho na profissão, de 14,5 anos. Quanto ao tempo de trabalho no hospital/maternidade, observou-se que os maiores percentuais concentraram-se entre 16 a 20 anos e 1 a 5 anos, além disso, no que tange ao tempo de trabalho na atual área os percentuais concentraram-se também nos intervalos citados anteriormente. A carga horária de trabalho dos profissionais predominantemente foi de 20 a 39 horas por semana. Em relação as dimensões da CSP, nenhuma dimensão foi avaliada como forte para a CSP. Destaca-se as dimensões que foram avaliadas com os maiores percentuais de respostas positivas, no entanto, sendo consideradas neutras, a saber: expectativas e ações do supervisor para segurança do paciente, trabalho em equipe na unidade, aprendizado organizacional-melhoria contínua e abertura para as comunicações. As outras oito dimensões foram consideradas como frágeis para a CSP. Ao avaliar o número de notificação de EA realizada nos últimos 12 meses pelo profissionais, observou-se que 77,3% não realizou nenhuma notificação. No que tange a nota de segurança do paciente atribuída a unidade de trabalho, 49,0% percebem a segurança como regular. CONCLUSÃO: Observam-se vários pontos frágeis para a CSP, o que urge a necessidade de uma análise reflexiva por parte dos profissionais e gestores sobre a qualidade do cuidado prestado. Se faz necessário melhorias nas 12 dimensões da CSP, em especial no que se refere as respostas não punitivas aos erros, pois se os profissionais acreditarem que serão penalizados pelos erros e EA cometidos, os mesmo acabarão negligenciando as notificações. Destaca-se que faz importante o empenho de todos para transformar esta cultura de culpa em uma cultura justa, que estabelece equilíbrio entre a responsabilidade do profissional e da organização.

As sequelas da COVID-19 têm um impacto real na qualidade de vida das pessoas que entraram em contato com o vírus SARS-CoV-2, podendo persistir por tempo indeterminado. Assim, o objeto proposto para este estudo é “a percepção do vivido pelas pessoas com sequelas da COVID-19”. Tem como questão norteadora da pesquisa: Qual a percepção do vivido pelas pessoas com sequelas da COVID-19? Justificativa/ relevância: Responder como as pessoas diagnosticadas com COVID-19 perceberam o impacto das sequelas decorrentes dessa doença no seu vivido e quais as consequências enfrentadas na sua evolução, por abranger seu corpo e mente, conhecimento este que se fez urgente frente a magnitude que a pandemia da COVID-19 alcançou, exigindo aprender não apenas a respeito do vírus e de como compromete o organismo humano. Os achados do estudo contribuirão na estruturação de estratégias que possibilitem o cuidado da pessoa com sequela da COVID-19. Para tanto, o objetivo do estudo foi desvelar a percepção do vivido das pessoas com sequelas da COVID-19. Metodologia: Estudo qualitativo de abordagem fenomenológica, realizado com 14 pessoas que foram diagnosticadas com sequelas da COVID-19 e que estavam em tratamento no período da realização das entrevistas fenomenológicas, no período de fevereiro a maio de 2021. A entrevista foi guiada pela questão disparadora: “Conte qual a percepção sobre o seu vivido com sequelas da COVID-19, como afetou sua mente e corpo”. Os resultados evidenciaram quatro unidades ontológicas que foram analisadas e interpretadas à luz do referencial teórico filosófico de Maurice Merleau-Ponty. Dentre as categorias que emergiram dos depoimentos destaca-se o tema: Percebendo seu corpo doente e vivendo no mundo-da-COVID-19; Vivenciando sentimentos de incertezas, determinados pelas sequelas que lhe limitam o retorno à normalidade e comprometem a sua qualidade de vida; Reconhecendo os mecanismos de suporte do ser-sequelado pela COVID-19 no processo de coexistir no mundo; Discernindo as novas formas de coexistir no mundo. A pesquisa foi aprovada pelo CEP/UFAL, CAAE de n°. 41216620.6.0000.5013. Conclusão: Pude perceber que o ser-sequelado pela COVID-19 possui um corpo com limitações que tem seu mundo alterado de forma abrupta, imerso em um mundo repleto de sentimentos aterradores que lhe furtam a tranquilidade, sendo-lhe exigido encontrar novas formas de coexistir. Espera-se que esse estudo possa contribuir na implementação de iniciativas que sejam capazes de ofertar uma assistência humanizada.

Introdução: a doença falciforme constitui uma patologia muito presente na população brasileira e o sistema de saúde deve estar organizado para cuidar desse público. Para sistematizar a assistência de enfermagem é imprescindível o uso de ferramentas que darão suporte para obtenção de dados quanto à forma e conteúdo. Reafirmando, assim, a importância do processo de validação. Objetivo: validar o conteúdo do instrumento “Consulta de enfermagem para pessoa com úlcera falcêmica, à luz da teoria de Orem”. Metodologia: a proposta metodológica para validação do instrumento obedeceu aos critérios estabelecidos pelos procedimentos teóricos de Pasquali (1998). Assim, a pesquisa perpassou por 3 momentos. Momento 1) construção do instrumento; 2) Análise dos juízes peritos na área, que foram selecionados de acordo com os critérios de Fehring (1994). Os juízes julgaram o instrumento, através de escala Likert de 5 pontos, quanto clareza de linguagem, pertinência prática e relevância teórica. A análise destes dados foi mediante o Coeficiente de Validade de Conteúdo (CVC), sendo adotada a concordância entre juízes igual ou maior que 0.8. O momento 3) aconteceu através da análise semântica, utilizando a técnica de brainstorming. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas, sob o número CAAE: 04247718.4.0000.5013. Resultados: a elaboração dos 23 itens e 271 subitens do instrumento ocorreu a partir dos 12 critérios de construção de itens para escalas psicométricas, de um levantamento literário sobre pessoa com úlcera falcêmica e dos conceitos e pressupostos da teoria postulada por Orem. 9 juízes peritos na área foram responsáveis por julgar os itens, sendo 8 (89%) do sexo feminino e 1 (11%) do sexo masculino. Destes, 2 (22%) possuem pós-doutorado e 7 (78%) possui doutorado. No quesito clareza de linguagem, 17 itens (74%) obtiveram CVC=0.9, 4 (17,3%) itens apresentaram CVC=1 e apenas 2 (8,7%) CVC=0.8. No quesito pertinência prática 21 itens (91,3%) obtiveram CVC=1 e 2 (8,7%) foram identificados com CVC=0.9. Em se tratando se relevância teórica, 20 itens (87%) tiveram CVC=1,0 e 3 itens (13%) CVC=0.9. O instrumento obteve CVC total de 0.94. Os juízes teceram 96 comentários, 73 sugestões foram acatadas. A deliberação de aceitar ou não as sugestões fundamentaram-se na literatura pertinente. Na análise semântica, 3 estudantes do último ano do curso de enfermagem, julgaram item por item do instrumento quanto a compreensão dos mesmos. 4 itens receberam sugestão de adequação e todas foram acatadas. Conclusão: Desta forma, o instrumento apresenta conteúdo válido e está organizado para viabilizar embasamento científico ao enfermeiro e o pensamento crítico para tomar as decisões clínicas que possam satisfazer as reais necessidades de autocuidado da pessoa com úlcera falcêmica. A Teoria de Orem foi vista como apropriada, sendo clara e valorosa. Salienta-se a importância da análise semântica para facilitar o entendimento dos itens e subitens do instrumento, tornando-o compreensível para todos os extratos da população meta. Esta pesquisa contribuiu para o fortalecimento da enfermagem como ciência, e para a melhoria da assistência a pacientes com úlcera falcêmica.

Introdução: As minorias sexuais e de gênero são alvo de discriminação, o que contribui com a exclusão social e com grande associação à vulnerabilidade à sua saúde mental e ao sofrimento, repercutindo no desenvolvimento de transtornos mentais, como o transtorno de ansiedade generalizada e numa qualidade de vida prejudicada. Nesse contexto, percebe-se que são necessárias ações voltadas a essa população, como a meditação, que atua no sentido de complementar as práticas destinadas ao cuidado. Objetivo: Avaliar o efeito da meditação na ansiedade e na qualidade vida em minorias sexuais e de gênero. Método: Trata-se de um ensaio clínico randomizado de natureza prospectiva, controlado, paralelo, aberto, com dois braços sobre o efeito da meditação com foco na respiração na ansiedade e na qualidade de vida em discentes pertencentes a minorias sexuais e de gênero da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). A amostra foi calculada em 50 pessoas, 25 por grupo. Destes, 23 indivíduos participaram do grupo experimental, que receberam a intervenção da meditação por 8 semanas, sendo um encontro semanal de 30min, com três blocos de meditação de 10min cada. Além disso, este grupo recebeu um caderno de meditação para que pudesse realizar práticas diárias de 20min em seu domicílio. O grupo controle foi composto por 19 pessoas, também acompanhado por 8 semanas, mas que não sofreu exposição a nenhuma intervenção. Foram utilizados os seguintes instrumentos de coleta de dados: Questionário de identificação, Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), World Health Organization Quality of Life (WHOQOL) e o MINI (MINI International Neuropsychiatric Interview – Versão 7.0.2). As análises descritivas utilizaram a frequência absoluta e relativa, média e desvio padrão. A análise bivariada utilizou Teste Qui-Quadrado de Pearson (χ2 ) e correlação de Pearson, Teste t de Student e ANOVA. Foi considerado intervalo de confiança de 95% e valor ρ < 0,05. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UFAL, conforme o Parecer Consubstanciado de Autorização sob o número 2.826.905, registrado e aprovado na Plataforma ReBEC (Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos), sob o número de registro RBR3bskgt. Resultados: Identificou-se que houve uma diminuição das médias do IDATE-Estado, ao se comparar o pré-teste (51,87±10,20) com a 4ª semana (42,70±12,85) e a 8ª semana (41,12±14,02) no grupo experimental. Houve redução significativa de ansiedade estado da fase inicial para as 4 semanas de meditação (ρ = 0,015). O mesmo se observou nas médias do IDATE-Traço do grupo experimental, com média no pré-teste de 58,65 (±7,90), 4ª semana de 54,17 (±11,30) e 8ª semana de 51,25 (±12,83). Na qualidade de vida geral, houve um aumento de sua média desde o pré-teste até a finalização do acompanhamento no grupo experimental, sendo 48,91 (±19,18) no pré-teste, 49,45 (±19,02) na 4ª semana e 53,90 (±13,47) na 8ª semana. O mesmo não se verificou no grupo controle, onde a média aumentou na 4ª semana, mas depois diminuiu na 8ª semana. Não se identificou significância estatística no efeito da meditação para a qualidade de vida. Quanto às queixas apontadas por grupo, observou-se uma diminuição significativa da insônia, da 4ª semana (χ²=11,25; p = 0,004) para a 8ª semana de prática (χ²=11,53; p = 0,009). Conclusão: Conclui-se que a hipótese alternativa desta pesquisa é parcialmente verdadeira, ou seja, o efeito da meditação apresentou significância estatística em relação à ansiedade estado, mas não para a qualidade de vida em minorias sexuais e de gênero, comparado ao grupo controle. Assim, a meditação é uma prática integrativa complementar que auxilia na diminuição da ansiedade de seus praticantes. Sendo de fácil acesso, baixo custo e que pode ser utilizada por qualquer pessoa ou profissional da saúde, podendo a enfermagem utilizá-la em sua prática de cuidados.

A dor é considerada um problema de saúde global e a adesão ao seu adequado gerenciamento é um direito humano, especialmente na fase neonatal, quando expressada tão peculiarmente. Apresenta-se como objeto de pesquisa o gerenciamento da dor neonatal pela equipe multiprofissional em procedimentos dolorosos e com a seguinte questão: como ocorre o gerenciamento da dor neonatal pela equipe multiprofissional em procedimentos dolorosos? O objetivo geral foi avaliar o gerenciamento da dor neonatal, e os específicos, descrever a compreensão e as formas de avaliação da dor utilizadas pela equipe diante dos procedimentos dolorosos; identificar medidas farmacológicas e não farmacológicas utilizadas pela equipe no alívio da dor neonatal e verificar o registro de informações no prontuário relacionadas às medidas de gerenciamento da dor. Estudo descritivo, transversal, quantitativo, realizado em dois hospitais escola de referência no cuidado aos recém-nascidos de risco do estado de Alagoas, aprovado pelo parecer 3.082.531 e realizado de fevereiro a setembro de 2019, com 42 profissionais atuantes nas unidades de Cuidado Neonatal Convencional e de Terapia Intensiva Neonatal. A coleta de dados ocorreu em três etapas: 1. Aplicação de questionário; 2. Formulação da ficha de observação; 3. Observação da prática clínica assistencial ao recémnascido durante procedimentos dolorosos. Os dados foram tabulados e analisados estatisticamente com o software EpiInfo® versão 3.5.3. Quanto ao conhecimento suficiente para avaliar a dor houve diferença nas respostas (52,4% nível médio “concordaram parcialmente” / 33,3% nível superior “discordaram”). Já o conhecimento de escalas específicas de dor teve concordância em níveis variados de respostas (26,3% nível médio “concordou totalmente” / 38,15% nível superior “concordou parcialmente”). Na etapa da observação: 100% dos profissionais de ambos os grupos não aplicaram escalas de dor neonatal, sendo a avaliação da dor realizada de forma empírica. A maioria em ambos os grupos não utiliza medidas analgésicas (84,2% nível médio/61,5% nível superior), e quando fizeram uso, utilizaram medidas não farmacológicas como contenção facilitada, glicose oral, colo e sucção não nutritiva. Não houve registro nos prontuários das medidas de gerenciamento da dor em 100% das oportunidades de observação. Embora a equipe apresente conhecimentos sobre a dor neonatal, ainda não se utiliza da aplicação de escalas de dor neonatal sistematicamente e quando fazem uso de medidas para o seu gerenciamento, as mesmas ainda não são registradas no prontuário dos recém-nascidos.

O brincar e o lazer constituem uma das áreas prioritárias das políticas públicas para a primeira infância. Nesse sentido a criança hospitalizada tem o direito de desfrutar de alguma forma de recreação. O Brinquedo Terapêutico (BT) surgiu como um recurso na diminuição dos sentimentos negativos decorrente de situações ameaçadoras e atípicas. Funcionando como um recurso para enfrentar a hospitalização, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) reconhecia a utilização da técnica do BT como competência do Enfermeiro que atua na área pediátrica, entretanto, a partir de 2017, o COFEN passou a reconhece-lo como competência de toda a Equipe de Enfermagem que atua na área pediátrica, na assistência à criança e família. Observou-se ainda que os estudos voltados ao tema do BT tinham o enfoque maior na criança e poucos relacionavam o uso do BT à equipe de enfermagem. Com isso, o presente estudo propõe-se compreender o significado do Brinquedo Terapêutico para a equipe de enfermagem no cuidado de enfermagem na hospitalização pediátrica. Reconhece-se a importância desse, por perpassar um direito da criança e do adolescente hospitalizados, por contribuir para uma das áreas prioritárias das políticas públicas para a primeira infância, por ser uma reconhecida necessidade da criança que respeita as características de crescimento e desenvolvimento das mesmas. Estudo descritivo, de abordagem qualitativa. O cenário foi a Clínica Pediátrica do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA), situado na cidade de Maceió em Alagoas, Os participantes foram os 19 profissionais da equipe de enfermagem. A coleta de dados foi realizada por entrevista semiestruturada individual e observação não estruturada. Durante o período de Setembro de 2019 a Dezembro de 2019. Os profissionais de enfermagem são sensíveis aos aspectos negativos da hospitalização pediátrica e reconhecem a importância de meios para diminuição desse sofrimento, reconhecendo o brincar e uso do brinquedo no ambiente hospitalar como benéficos, tanto para as crianças, como para seus familiares e para os próprios profissionais de saúde. Porém a técnica do BT ainda é pouco clara para a equipe de enfermagem, a utilização do BT é mais relacionada aos alívios do medo e da ansiedade, também desconhecem as legislações a respeito do BT, mas em suas falas mostram experiências que se aproximam das finalidades do BT. O uso do brinquedo no hospital ainda é visto como dissociado do cuidado de enfermagem, o que mostra a necessidade de estudos sobre o tema, assim como a importância das instituições implantarem tal uso, precedido de capacitações e sensibilizações, o que fortalecerá uma assistência de enfermagem qualificada, a partir de um olhar direcionado para as necessidades e particularidades da hospitalização pediátrica e promovendo a reflexão crítica acerca da prática da equipe de enfermagem frente ao brinquedo terapêutico.

Os cuidadores familiares de pessoas com Esclerose Lateral Amiotrófica são suscetíveis às reverberações da doença por vivenciarem muito intimamente a experiência de adoecimento desse enfermo. Nesse contexto, a investigação aqui proposta tem como objeto de pesquisa as vivências de cuidadores familiares de pessoas que vivem com Esclerose Lateral Amiotrófica, partindo do objetivo de desvelar as vivências de cuidadores familiares de pessoas que vivem com a ELA através da aplicação do referencial teórico-metodológico da fenomenologia de Martin Heidegger. Com um desenho qualitativo do tipo descritivo com abordagem fenomenológica, o estudo foi desenvolvido pautado na questão norteadora: qual o fenômeno velado nas vivências de cuidadores familiares de pessoas que vivem com Esclerose Lateral Amiotrófica? O meio utilizado para alcance de resposta foi a partir de entrevista fenomenológica pautada em instrumento semiestruturado elaborado pela pesquisadora, aplicado a doze cuidadores familiares de pacientes com ELA, residentes no Estado de Alagoas, durante o período de setembro de 2019 a março de 2020. Após transcrição das entrevistas com base nos momentos metódicos compreensivos de Heidegger, os resultados foram agrupados em três categorias temáticas ontológicas: descobrindo-se pertencente, mesmo que indiretamente, ao mundo-da-ELA, que englobou a inserção do ser cuidador ao mundo permeado pela ELA e seus impactos inerentes; compreendendo o decorrer da doença descrito sob a ótica do cuidador familiar, categoria que expõe a percepção própria que o familiar passa a desenvolver acerca do diagnóstico e tudo que ele causa nas suas vidas; e revelando as transformações existenciais provenientes do processo de enfrentamento da ELA, que envolve as transformações decorrentes das adaptações requeridas pelo cenário implementado pela ELA, implicando na descoberta de posturas e estratégias que tornam possível o convívio com a doença. Concluiu-se que o decorrer das vivências compartilhadas demonstra que existe um mundo de significados e sentidos encoberto pelo papel de ser um cuidador familiar de uma pessoa que vive com a ELA, o que requer um olhar minucioso e atencioso para a temática. 

Introdução: O objeto deste estudo é a avaliação da reação álgica provocada pela aplicação da vacina Hepatite B na Região Ventroglútea em recém-nascidos. Essa vacina é administrada por via intramuscular, preferencialmente nas primeiras 12 horas após o nascimento, no vasto lateral da coxa pela equipe de enfermagem. Em detrimento a isso, há a região ventroglutea considerada há 60 anos como a mais segura para injeções intramusculares, porém na prática clínica é a de menor eleição por parte dos profissionais, principalemente em recém-nascidos. Pesquisas demonstram que a utilização desse sítio confere igual imunogenicidade e menor reatogenicidade local. Dentre as reações locais, a dor necessita de maiores elucidações, as produções existentes sugerem sua diminuição ao utilizar essa região. Objetivo: o objetivo geral foi analisar a reação álgica produzida pela aplicação da vacina Hepatite B na região ventroglútea em recém-nascidos e os específicos: analisar se a resposta álgica difere nos sexos masculino e feminino, verificar se difere conforme o peso, o comprimento, bem como o índice de massa corporal e comparar a resposta álgica conforme a idade gestacional de nascimento. Metodologia: Estudo quantitativo, exploratório de corte transversal, realizado no alojamento conjunto de um hospital universitário. A população foi composta por 121 Recém-nascidos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer n° 3.606.133. Para análise da reação álgica foi aplicada a escala de NIPS e mensurada a frequência cardíaca antes e durante a vacinação, bem como cronometrado o tempo de choro. Os escores produzidos através da escala foram relacionados ao sexo, cor, idade gestacional de nascimento, peso, comprimento, horas de vida e o uso de medidas de conforto durante o procedimento. Os dados foram inseridos no programa Microsoft Office Excel e Bioestat 5.0. Para descrição dos dados utilizou-se as medidas: mínimo, máximo, mediana, média, desvio padrão, coeficiente de Correlação de Spearmam e para o campo analítico, utilizou-se o teste Mann Whitney e Kruskal Wallis. Resultados: Evidenciou-se que a maioria dos recém-nascidos, embora estivessem confortáveis antes da vacinação, apresentaram dor durante o procedimento, com um escore médio calculado pela escala de NIPS de 2,87 (ausência de dor) antes e de 6,14 (presença de dor) durante, sendo considerado estatisticamente significativo (p<0,0001). Não houve diferença significativa entre os escores e as variáveis sexo, cor, idade gestacional de nascimento, peso, comprimento e horas de vida. Houve significância estatística apenas para os recém-nascidos que receberam medidas de conforto. Identificou-se uma correlação positiva fraca entre a FC e os escores de dor de NIPS e uma correlação forte deste último com o tempo de choro. Conclusão: Constatou-se que a reação álgica mesmo com o uso da região ventroglúteo é uma realidade expressa por escores de NIPS elevados, aumento da frequência cardíaca durante o procedimento e pelo o tempo de choro, e que não há variação conforme as características estudadas dos recém-nascidos. Assim, o uso da referida região justifica-se por sua maior segurança e menor possibilidade de eventos adversos.

A amamentação é uma habilidade que, para ocorrer de maneira efetiva, requer a movimentação coordenada de diversas estruturas orofaciais. Nesse contexto, a utilização de interfaces para fixação da sonda orogástrica na face deve ser um fator importante a ser avaliado, já que a fixação em locais que deixam livre a musculatura utilizada para amamentação favorece a efetividade da ação muscular e, assim, o comportamento de sucção do recém-nascido. Diante do exposto, o objeto de estudo da pesquisa foi a fixação da sonda orogástrica e sua relação com a prontidão para alimentação oral em recém-nascidos pré-termo tardios que fizeram uso de sonda orogástrica para alimentação fixada em região temporomandibular. A pesquisa teve como objetivo determinar se a fixação da sonda orogástrica em região temporomandibular em recém-nascidos pré-termo tardios otimiza a prontidão para alimentação oral quando comparada com outros tipos de fixação. Trata-se de um estudo de coorte. Participaram do estudo recém-nascidos pré-termo tardios (34 a 36 semanas e 6 dias de idade gestacional), em uso de sonda orogástrica como via de alimentação alternativa. Estes foram divididos em dois grupos, o grupo de expostos, compostos por recém-nascidos com sonda orogástrica fixada em região temporomandibular e o grupo de não expostos, compostos por recém-nascidos em uso de sonda orogástrica fixados em outras regiões da face. Foi realizada a medição da área da interface de fixação da sonda orogástrica diariamente, assim como verificação única de medidas antropométricas faciais dos recém-nascidos. Para avaliar a prontidão, foram realizadas duas avaliações, com intervalo mínimo de 24 horas, sendo utilizado o Instrumento de Avaliação da Prontidão do Pré-termo para Início da Alimentação Oral - PROFAS para direcionar a avaliação. Participaram do estudo 52 recém-nascidos, sendo 26 recém-nascidos em cada grupo de estudo. Observou-se que, na ocasião do início da transição alimentar, os recém-nascidos que fizeram uso da sonda orogástrica fixada em região temporomandibular apresentaram maior prontidão para alimentação oral quando comparados a recém-nascidos que utilizaram interface de fixação em região supralabial, sendo observada diferença significativa entre os grupos (p = 0,05), o que não ocorreu na segunda avaliação. Quando analisados os itens de desempenho de maneira isolada, o item reflexo de vômito apresentou predominância no grupo com fixação em região temporomandibular (p = 0,05) na primeira avaliação. Já na segunda avaliação, o estado de alerta foi predominante no grupo temporomandibular e o sono leve predominante no grupo supralabial (p = 0,025). O estado de consciência, em geral, foi mantido (p = 0,02). Conclui-se que a fixação da sonda orogástrica em região temporomandibular em recém-nascidos pré-termo tardios otimiza a prontidão para alimentação oral quando comparada com a fixação supralabial nas primeiras horas da transição alimentar.

O objeto de estudo dessa dissertação é a participação de alagoanas no movimento migratório para as escolas de formação de enfermeiras na capital do Brasil, no período de 1930 a 1960. São objetivos: descrever como a conjuntura social, da saúde e da Enfermagem favoreceu a migração de mulheres para ingressarem em Escolas de Enfermeiras no Rio de Janeiro; e analisar no perfil das mulheres alagoanas que migraram para Escolas de Enfermeiras no Rio de Janeiro a fim de obterem profissionalização em Enfermagem, entre 1930 e 1960, as características que deram maior visibilidade e concretude à sua migração. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, histórico-social. O recorte geográfico estabelecido para este estudo foi o Brasil, delimitado aos Estados de Alagoas e Rio de Janeiro, o primeiro por ser o estado de origem das moças migrantes que se matricularam nas Escolas de Enfermeiras no Rio de Janeiro; e o segundo por ter sido o estado em que despontou o processo de profissionalização da Enfermagem brasileira, bem como por ter sido o local de destino das alagoanas que migraram a fim de obter profissionalização em Enfermagem. O recorte temporal foi entre 1930 e 1960, tendo estabelecido as Escolas de Enfermagem Anna Nery,  Luiza de Marillac e Raquel Hadock Lobo para compor o estudo. Considerando os três passos na produção de um trabalho histórico – levantamento de dados; avaliação crítica destes dados; e  apresentação dos fatos, interpretação e conclusões – este estudo utilizou como fontes históricas recortes de jornais, atas das reuniões de diretoras de Escolas de Enfermagem e um banco de dados das fichas de inscrição de alunas alagoanas que migraram para estudar nas Escolas supracitadas. Após leitura crítica do corpus documental, os achados foram classificados, contextualizados e analisados à luz da teoria de Portes, transmutando o conceito de migração horizontal entre países em desenvolvimento para o nível dos deslocamentos internos no Brasil, na busca por qualificação em Enfermagem. Os resultados desta pesquisa foram categorizados de acordo com o teórico em determinantes primários, secundários e terciários da migração de recursos humanos qualificados, relativos aos locais de destino, de origem e individuais, respectivamente. Quanto aos determinantes primários, o Rio de Janeiro, no pós-1930, enquanto capital da República, representa a centralização do poder político, que atrelado à intensa urbanização, industrialização e investimento na rede escolar, emerge como estado modelo do Brasil; em decorrência disso, há um significativo aumento dos postos de trabalho a serem ocupados por enfermeiras diplomadas, pela ampliação da rede de assistência à saúde, sendo necessário um aumento na formação dessa profissional, o que culminou com o recrutamento de moças por todo o país, principalmente do Norte e Nordeste. Alagoas, sendo incapaz de oferecer maiores oportunidades para moças com ensino secundário e outros cursos, atrelado a ainda persistente política oligárquica, coronelista e patriarcal, acabou por impelir moças com níveis mais altos de qualificação a saírem do estado para conquistarem outras perspectivas de vida. O recrutamento pelas Escolas de Enfermeiras em estudo foi uma estratégia bem-sucedida dessas moças garantirem sua saída do Estado de maneira segura e honrada. No que concerne os fatores primários, o resgate dos dados das fichas de inscrição dessas alunas demonstram que, em sua maioria, detinham os atributos, explícitos e implícitos, para se tornarem discentes nas Escolas estudadas: branca, classe média, da capital, portadora do ensino secundário e de outros cursos, principalmente ginásio e normal, entre 16 e 25 anos e católicas. Conclui-se que a história das mulheres alagoanas, superando as adversidades decorrentes de um deslocamento geográfico, seja temporário ou permanente, contribuiu significativamente para visualizar uma faceta do prisma da consolidação da Enfermagem Moderna como carreira para as mulheres desta terra.