AVALIAÇÃO DA TOLERÂNCIA DE VARIEDADES DE FEIJÃO-FAVA (Phaseolus lunatus L.) AO ESTRESSE SALINO E À ANTRACNOSE CAUSADA POR Colletotrichum truncatum
Estresse combinado; Estresse abiótico; Estresse biótico.
O semiárido brasileiro abriga uma expressiva concentração de cultivos de feijão-fava (Phaseolus lunatus L.), leguminosa de relevância agrícola, alimentar e pecuária. Contudo, as condições edafoclimáticas da região, como altas temperaturas, baixa pluviosidade, elevada evapotranspiração e uso inadequado da irrigação, favorecem a salinização dos solos, limitando o desempenho fisiológico das plantas e sua resistência a patógenos. Dentre os agentes bióticos que afetam essa cultura, destaca-se Colletotrichum truncatum, causador da antracnose, principal doença do feijão-fava no Brasil, associada a perdas econômicas significativas e risco à conservação de variedades crioulas. A coexistência dos estresses salino e fitopatogênico representa um desafio agronômico relevante, pois a interação entre salinidade e infecção tende a intensificar os danos às plantas, comprometendo a produtividade e a qualidade da produção. Diante disso, esta pesquisa teve como objetivo principal verificar os efeitos do limiar de salinidade na severidade da antracnose causada por C. truncatum em P. lunatus. Especificamente, buscou-se: (1) determinar o limiar salino de P. lunatus; (2) avaliar a influência desse limiar sobre a severidade da antracnose em diferentes variedades; e (3) utilizar esses dados para selecionar genótipos mais resistentes. Os experimentos foram realizados em casa de vegetação e laboratório, utilizando delineamento inteiramente casualizado, com genótipos conservados no Campus de Engenharias e Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas. A caracterização das respostas envolveu variáveis fisiológicas, fitossanitárias e bioquímicas, como biomassa aérea e radicular (fresca e seca), teores de sódio, potássio e prolina, além de outros indicadores de estresse. Os dados foram submetidos à análise de variância com o auxílio do software Assistat 7.7. Os resultados revelaram que níveis de salinidade acima de 2,0 dS m⁻¹ impactam negativamente as variáveis analisadas, tanto na presença quanto na ausência do patógeno. Em continuidade, foram conduzidos experimentos com outros genótipos, revelando diferenças marcantes entre as variedades. A Big Lima (OVIC) destacou-se pela elevada plasticidade fisiológica frente aos estresses, com bom desempenho em crescimento e resistência. A variedade Batata mostrou respostas contrastantes: o genótipo G65, resistente ao patógeno, demonstrou maior tolerância à salinidade quando inoculado; já o PLGB apresentou baixa resposta aos fatores avaliados. Os dados confirmam a interação significativa entre os fatores variedade, salinidade e infecção, ressaltando a complexidade do manejo integrado desses estresses em sistemas agrícolas do semiárido. De forma geral, os resultados oferecem subsídios para a seleção de genótipos mais adaptados a condições adversas, contribuindo para a mitigação dos efeitos da salinidade e da antracnose, além de promover a sustentabilidade produtiva, a segurança alimentar e a preservação da diversidade genética e cultural associada ao cultivo do feijão-fava.