ESTUDO COMPARATIVO DA AÇÃO INIBIDORA DE EXTRATOS NATURAIS SOBRE A CORROSÃO DO AÇO CARBONO SAE 1020 EM MEIOS ÁCIDO, NEUTRO E ALCALINO
Chrysopogon zizanioides; Própolis vermelha; inibidor de corrosão; ensaio gravimétrico; ensaio eletroquímico.
As ligas metálicas, amplamente utilizadas em sistemas produtivos industriais, estão sujeitas à degradação por corrosão, especialmente em ambientes agressivos. Entre elas, o aço carbono SAE 1020 destaca-se por sua boa relação custo-benefício e propriedades mecânicas, sendo amplamente empregado em estruturas e equipamentos industriais. Neste contexto, a busca por alternativas sustentáveis aos inibidores sintéticos levou à investigação de compostos naturais com ação anticorrosiva. Assim, esta tese teve como objetivo avaliar a eficiência de extratos vegetais obtidos da própolis vermelha e do capim vetiver (Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty) – incluindo partes aéreas (PA) e raízes (PR) – como bioinibidores de corrosão do aço carbono SAE 1020, imerso em três meios distintos: ácido clorídrico (HCl a 1 Molar), cloreto de sódio (NaCl a 3,5%) e hipoclorito de sódio (NaClO a 3,0%). A caracterização fitoquímica foi realizada por espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR), análise termogravimétrica (TGA) e cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas de alta resolução (LC-MS). Ensaios gravimétricos foram conduzidos com ambos os extratos, enquanto os eletroquímicos (Tafel e EIE) foram aplicados apenas ao capim vetiver, nas concentrações de 500, 1500 e 2500 ppm (vetiver) e 300, 500, 1000 e 3000 ppm (própolis). Amostras controle (sem inibidor) foram utilizadas para comparação. Os resultados revelaram desempenho promissor do capim vetiver, com destaque para a raiz (PR), que apresentou elevada eficiência inibidora em meio ácido, validada por ensaios gravimétricos e eletroquímicos, culminando na solicitação da patente BR 10 2025 002479 9. Em meio neutro, ambos os extratos apresentaram desempenho moderado a elevado, com boa correlação entre os métodos. A própolis vermelha demonstrou eficácia principalmente em meio ácido (quando solubilizada em etanol) e em meio neutro (quando aplicada diretamente), evidenciando a influência da forma de aplicação. Em contrapartida, nenhum extrato mostrou desempenho satisfatório em meio alcalino, observando-se inclusive efeitos catalíticos à corrosão em altas concentrações, atribuíveis à degradação dos compostos ativos em ambiente fortemente oxidante. Os dados obtidos confirmam o potencial dos bioinibidores naturais na mitigação da corrosão, reforçando a importância da forma de aplicação, da compatibilidade com o meio e da caracterização fitoquímica na compreensão dos mecanismos de atuação.