Dupla revelação de impressões digitais: corrosão associada à eletrodeposicão de polímeros condutores
Ciências forenses, impressões digitais, estojos de munição, polímeros conjugados, eletroquímica.
As impressões digitais têm um papel fundamental nas investigações criminais como um dos vestígios físicos mais usados na identificação de criminosos. Para enfrentar o desafio de revelar impressões digitais latentes em estojos de munição, este trabalho traz uma nova proposta de metodologia baseada na dupla revelação por meio da eletrodeposição do poli(3,4-etilenodioxitiofeno) (PEDOT) e a corrosão sofrida pela superfície. A técnica explora o depósito sebáceo da impressão digital como uma máscara de isolamento, de modo que os processos eletroquímicos de deposição só podem atuar em áreas livres de gordura na superfície metálica, ou seja, entre as
cristas do resíduo das impressões digitais. O PEDOT foi eletrodepositado por oxidação do monômero em solução de LiClO4/H2O por meio dos métodos de deposição potenciodinâmico e potenciostático, com contra eletrodo de platina, eletrodo de referência Ag/AgCl (KCl sat.). Os resultados apontaram que aplicando potenciais elétricos mais baixos (0,9 a 1,0 V) a revelação por PEDOT apresenta maior qualidade e para potenciais elétricos mais elevados (1,1 a 1,4 V) foi sugerida a revelação por corrosão nas amostras estudadas. O processo de eletrodeposição levou a processos de dissolução/oxidação do metal, resultando em revestimentos superficiais, que se acredita serem uma mistura de polímero e Cu2O na superfície dos eletrodos. Os voltamogramas cíclicos nos estojos de latão apresentaram potenciais de 0,18 V e 0,22 V devido a formação de Cu2O, enquanto em 0,32 V e 0,34 V pode ter ocorrido a formação de CuO. O presente estudo, apresenta uma metodologia eficiente para revelar impressões digitais latentes em estojos de munição calibre 9 mm, mesmo após decorridos 30 dias em que os resíduos sebáceos foram deixados na superfície. A qualidade da revelação das impressões digitais foi avaliada por um software forense e confirmada utilizando a escala elaborada pelo UK Home Office Centre for Applied Science and Technology (CAST), obtendo 57 %, 38 % e 20 % de impressões reveladas com grau 3 (revelação forte) por meio do PEDOT em estojos de munição calibres 7.62, 5.56 e 9 mm, respectivamente; e 38 % e 36 % com grau 3 por meio da corrosão em estojos de munição calibres 5.56 e 9 mm, respectivamente.
No entanto, a revelação em estojos deflagrados apresentou grau 1-2. Dessa forma, a avaliação conjunta dos resultados demostrou ser possível empregar com sucesso a dupla revelação por meio da eletrodeposição de PEDOT juntamente com a corrosão da superfície metálica como método de revelação.