ANÁLISE DOS NÍVEIS DE CONFORTO TÉRMICO EM UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE ENSINO EM ARAPIRACA/AL
conforto térmico; escolas públicas; estratégias bioclimáticas; percepção dos usuários; PMV/PPD.
O conforto térmico em ambientes escolares é reconhecido como um dos fatores determinantes
para a saúde, o bem-estar e o desempenho dos estudantes. Entre os modelos de avaliação de
conforto térmico destacam-se o analítico de Fanger (PMV/PPD), amplamente utilizado em
normas internacionais, e o modelo adaptativo proposto pela ASHRAE Standard 55, que considera
a capacidade de adaptação dos ocupantes a diferentes condições climáticas. Entretanto, em
regiões de clima quente, como o agreste alagoano, ambientes escolares frequentemente
apresentam limitações arquitetônicas e de ventilação, o que desafia a aplicabilidade direta desses
modelos e evidencia a necessidade de investigações específicas. Neste contexto, a presente
pesquisa analisou as condições de conforto térmico em salas de aula de uma escola pública de
Arapiraca/AL, considerando tanto a percepção dos estudantes quanto os resultados obtidos pelos
modelos normativos. O estudo buscou identificar o grau de satisfação térmica dos usuários,
avaliar a representatividade dos índices preditivos frente a experiência real e propor medidas
adaptativas para a mitigação do desconforto. A metodologia consistiu na coleta de votos de
sensação e preferência térmica de estudantes em diferentes horários e turnos, associada às
medições de variáveis ambientais e ao cálculo de índices de conforto pelo CBE Thermal Comfort
Tool. Foram realizadas análises de correlação entre os parâmetros objetivos e as respostas
subjetivas, bem como comparações entre os modelos normativos e a percepção real. Os resultados
indicaram que as salas apresentaram condições predominantemente desconfortáveis,
especialmente nos horários de maior carga térmica. A partir de 27 °C de temperatura operativa, a
maioria dos alunos relatou sensações de calor, com mais de 80% dos votos concentrados em
“quente” e “muito quente” em faixas acima de 29 °C. A densidade de ocupação mostrou-se um
fator determinante, com destaque para a superlotação da Sala 8, que atingiu 133% da capacidade
recomendada pelo FNDE (2017). Nessa perspectiva, ressalta-se que o desconforto térmico
constitui um problema persistente em ambientes escolares de regiões quentes, impactando
diretamente o bem-estar e o desempenho dos alunos. Recomenda-se a adoção de estratégias
adaptativas em projetos escolares, como aumento da ventilação, sombreamento, uso de materiais
de alta refletância, correção da densidade de ocupação e ajustes comportamentais, além da
ampliação de estudos futuros que integrem conforto térmico, saúde e desempenho acadêmico.