A VERBALIZAÇÃO DE TERMOS (META)LINGUÍSTICOS EM PROCESSOS DE ESCRITA COLABORATIVA: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE BRASIL E PORTUGAL
Genética textual. Reflexão metalinguística. Objetos didáticos. Escrita colaborativa.
Essa tese tem como objetivo investigar como o uso e a menção de termos linguísticos por professores brasileiros e portugueses influenciam os processos de escrita colaborativa em díade. A investigação caracteriza-se pela verbalização durante a construção de narrativas ficcionais. O corpus de análise pertence ao banco de dados do Laboratório do Manuscrito Escolar (LAME), da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), e foi coletado por meio do registro fílmico do processo sincronizado, bem como do acompanhamento do diálogo espontâneo dos alunos, através do Sistema Ramos, que fornece meios para compreender as formas pelas quais os alunos refletem sobre as verbalizações enquanto negociam a escrita, delineando as estratégias de análise. Esse mecanismo tecnológico, utilizado para a captura simultânea de processos de escritura a dois, em tempo e espaço real na sala de aula, possibilita o acesso aos gestos multimodais dos professores e dos estudantes, assim como ao diálogo, em sua dimensão oral, e ao movimento da escrita em ato durante todo o processo de produção textual dos alunos. O estudo justifica-se diante da escassez de investigações acerca da influência das verbalizações de termos linguísticos durante as produções textuais de alunos recém-alfabetizados, sobretudo em sua interação oral com função metalinguística, destacando-se a relevância das verbalizações realizadas pelas professoras ao longo do processo de escrita. A pesquisa está centrada no campo da Genética de Textos e da Linguística Enunciativa benvenistiana, com contribuições da Psicologia Cognitiva. O estudo destaca a importância da Genética Textual na compreensão da metalinguagem por alunos recém-alfabetizados, com base na análise de oito processos de escrita colaborativa, quatro brasileiros e quatro portugueses. Discutimos os dados analisados, fundamentando nossas reflexões no referencial teórico que sustenta a pesquisa e na compreensão dos contextos de ensino no Brasil e em Portugal, os quais evidenciam a relação professor-aluno e aluno-aluno em situações de escrita. Os resultados revelam que a fala dos professores constitui um elemento referencial na construção de histórias inventadas. Observa-se, também, que os alunos refletem sobre sua escrita para reformular o texto, seja em função de problemas gráficos, ortográficos, de pontuação, acentuação, discursivos e sintáticos, seja para atender às orientações recebidas dos professores durante o processo de produção.