ENTRE CRENÇAS E IDENTIDADES: UM OLHAR SOBRE DISCURSOS DE DISCENTES DE UMA ESCOLA RURAL DE ALAGOAS EM AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Crenças. Identidade. Ensino-Aprendizagem de Língua Portuguesa. Discentes. Zona rural.
O presente estudo tem como objetivo compreender as crenças de estudantes da 3ª série do Ensino Médio acerca da aprendizagem da norma culta da Língua Portuguesa e analisar como tais crenças influenciam a constituição de suas identidades, especialmente no modo como se percebem capazes – ou não – de superar as limitações impostas pelo contexto rural em que vivem. A pesquisa insere-se na Linguística Aplicada indisciplinar, fundamentando-se em autores como (2004; 2007), Moita Lopes (1992; 1996; 2002; 2006; 2019), Fabrício (2006), Antunes (2003; 2007), Geraldi (1982; 1997; 2003), Kleiman (1998), Leffa (2022; 2024), Faraco (2008), Neves (2015), Souto Maior (2009; 2013; 2023; 2024), Zozolli (2012), Oliveira (2015; 2020), Silva e Meniconi (2023; 2025), Penycook (1998; 2006), Freire (1987; 1996) e hooks (2013). Quanto à metodologia de geração de dados e a forma de análise dos resultados, optou-se pela análise de conteúdo, conforme proposta por Bardin (2011). Trata-se de um estudo de caso de natureza qualitativa e interpretativista, realizado em uma escola pública da zona rural de Alagoas. O corpus é constituído por respostas de vinte discentes de uma turma da 3ª série do Ensino Médio a um questionário com dez perguntas abertas. Os resultados indicam que as crenças sobre a norma culta e sobre o próprio lugar de origem são atravessadas por tensões e contradições: embora reconheçam a existência de variedades linguísticas, os participantes reproduzem discursos hierarquizantes que associam a norma culta ao falar “correto” e a limitam ao espaço escolar. Observou-se, ainda, a presença de discursos meritocráticos, que atribuem o sucesso exclusivamente ao esforço individual, silenciando as desigualdades estruturais que atravessam a realidade rural.