DO SILENCIAMENTO NAS CAPAS DAS REVISTAS VEJA E ISTOÉ: filiações ideológicas em disputa no jogo dos sentidos
Análise Materialista do Discurso. Silenciamento. VEJA e ISTOÉ. Condições de produção do discurso.
Sob a perspectiva teórica da Análise materialista do Discurso, esta tese investiga o silêncio e/ou silenciamento nos discursos veiculados em capas das revistas semanais brasileiras VEJA e ISTOÉ, ao considerar em que medida o silenciamento nas capas opera deslocamentos de sentidos de acontecimentos políticos ou sociais, produzindo efeitos de evidência ou apagamento de certas posições-sujeito. Considerando a necessária compreensão do silenciamento nas capas das revistas VEJA e ISTOÉ, a análise trata de como informações são silenciadas, implícitas ou ressignificadas para construir uma narrativa específica e a manipulação da compreensão do leitor na formação de um imaginário que legitima práticas da sociedade capitalista. A tese, então, questiona o processo de produção de sentidos no discurso midiático e quais os seus efeitos. A pesquisa tem como objetivo analisar como as revistas VEJA e ISTOÉ utilizam estratégias discursivas para naturalizar o funcionamento discursivo para o leitor, interpelando os leitores a posições-sujeito já dadas a tomarem determinada posição alinhadas a posições ideológicas dominantes. A tese está estruturada em seções que exploram as condições de produção do discurso nas revistas, a relação entre silêncio e discurso nas capas da VEJA, os acontecimentos discursivos e jornalísticos nos editoriais da ISTOÉ, a leitura da paráfrase e polissemia na ISTOÉ, o discurso da VEJA durante a ditadura militar, e o papel das capas de revista na sociedade capitalista, com ênfase na base histórica do discurso neoliberal. A pesquisa se fundamenta nas concepções teóricas de Michel Pêcheux (1993) e Eni Orlandi (1999), em diálogo, dentre outros, com Courtine (2009); Guilbert e Peñafiel (2019) e Guilbert (2020). A análise possibilitou analisar como o silenciamento, as condições de produção e a ideologia contribuem na produção de sentidos e na interpretação dos fatos pelos leitores. Os resultados da pesquisa apontam que o silenciamento é uma estratégia discursiva que contribui para compreender como os processos discursivos funcionam através da ideologia para a manutenção de determinado status quo.