PRECEPTORIA EM ENFERMAGEM NO PROGRAMA DE RESIDÊNCIA NOS SERVIÇOS DE EMERGÊNCIA
Preceptor, Residência, Emergência
A ordenação da formação de profissionais de saúde constitui uma competência estabelecida constitucionalmente e, ao mesmo tempo, um desafio do Sistema Único de Saúde (SUS), sobretudo ao se considerar sua proposta inovadora de reorientação do modelo de atenção, pautada na universalidade, equidade e integralidade do cuidado. Desta forma, o processo de efetivação de tais reorientações põe em relevo a necessidade de qualificação docente dos profissionais de saúde, tanto na graduação quanto na pós-graduação, nessa proposta surge os programas de residência em saúde que constituem-se como uma modalidade de pós graduação lato sensu, caracterizada por um processo de ensino-aprendizagem que acontece no serviço, onde o residente atua sob supervisão do preceptor (docente assistencial), que é o responsável pela organização do processo de aprendizagem e orientação técnica, permitindo ao residente aliar teoria à prática assistencial cotidiana. Nessa perspectiva, o preceptor se insere como um mediador entre teoria e prática e evidencia a necessidade de se estabelecer relações pedagógicas, ou seja, relações que conduzam a aprendizagem significativa do residente. O objetivo identificar as percepções dos profissionais Enfermeiros durante o processo de preceptoria em Enfermagem. Metodologia: Estudo de caráter qualitativo, descritivo e exploratório. A população estudada foram os profissionais Enfermeiros que atuam nos campos de rodízio do residente de Enfermagem em Emergência durante período de especialização, no ambiente pré - hospitalar móvel. As informações foram analisadas através da análise de Bardin. Resultados: Participaram 26 profissionais preceptores no SAMU.A maioria concentra-se na faixa etária de 41 a 50 anos, notavelmente, muitos concluíram a graduação entre 2011 e 2020, refletindo mudanças curriculares com maior enfoque em competências pedagógicas. Tempo de experiencia entre 6 e 10 anos demonstrando capacidade consolidada para articular teoria e prática. A especialização predominante é em Emergência e a maior parte tem vínculo estatutário no serviço favorecendo o comprometimento de longo prazo com a formação e a participação em atividades educacionais contínua. As maiores dificuldades encontradas pelos preceptores foram: a falta de comunicação entre as coordenações, a falta de formação profissional para atuar como preceptor e a falta de incentivo financeiro. Dentre as potencialidades que a residência apresenta são o crescimento profissional de ambos os envolvidos e atualização da prática profissional. Em se tratando da melhoria no processo relacional enfermeiro-residente apresentaram como proposta: ter mais momentos de feedbacks e ser reconhecido profissionalmente como formador de outros profissionais. E confirmaram que a preceptoria dentro do campo do atendimento móvel precisa de um olhar diferencial devido ao ambiente não controlado e o dinamismo que o serviço exige. Conclusão: Evidenciou-se que a prática preceptora no ambiente do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) demanda um perfil profissional singular, marcado por agilidade, flexibilidade e competência clínica ampliada, requer sensibilidade para identificar oportunidades formativas em meio adverso, habilidade para integrar o residente em situações críticas e disposição para aprender junto, mesmo sob forte pressão. Apenas com esse suporte será possível potencializar o papel do preceptor e garantir que o residente tenha uma experiência de aprendizagem verdadeiramente transformadora, mesmo nos contextos mais adversos da prática em saúde.