Introdução: o presente estudo, intitulado “Inteligência Artificial na Construção do Projeto Terapêutico Singular: estratégia de ensino para discentes e profissionais da área da saúde Mental”, tem como objetivo compreender como a Inteligência Artificial tem sido utilizada como estratégia de ensino para discentes da área da saúde e profissionais dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), e quais contribuições são apontadas para a construção do Projeto Terapêutico Singular (PTS). Este cenário é marcado pela crescente digitalização dos serviços de saúde mental e pela necessidade de integração entre tecnologias educacionais e práticas de cuidado centrado no indivíduo, refletindo lacunas na articulação entre Inteligência Artificial, ensino em saúde mental e operacionalização do PTS. Percurso Metodológico: a pesquisa adotou uma abordagem mista, fundamentando-se em três estudos complementares: (1) uma revisão de escopo, seguindo os referenciais metodológicos de Arksey e O'Malley (2005), Peters et al. (2020) e PRISMA-ScR (Tricco et al., 2018), que mapeou 27 documentos científicos publicados entre 2019 e 2025; (2) um estudo bibliométrico, que analisou padrões editoriais, autores e redes de pesquisa, evidenciando a morfologia de um campo emergente; e (3) uma etnografia virtual, que explorou 20 vídeos do YouTube sobre IA aplicada ao ensino e à saúde mental, analisando representações, tensões e possibilidades. Os dados coletados foram categorizados e discutidos à luz de referenciais teóricos sobre educação em saúde, atenção psicossocial e tecnologias digitais, possibilitando identificar soluções práticas para as deficiências observadas. Discussão geral: os resultados revelam que, embora a Inteligência Artificial tenha sido empregada como recurso pedagógico na formação em saúde, oferecendo feedback personalizado, monitoramento acadêmico e simulações de competências clínicas, sua aplicação raramente se estende à construção efetiva do Projeto Terapêutico Singular. A investigação sobre IA aplicada à formulação do PTS é escassa, e a literatura revela um ambiente propício para a integração tecnológica, mas ainda sem estudos que demonstrem o uso pleno de algoritmos na personalização dinâmica dos planos terapêuticos. A discussão geral aponta que a integração entre IA, ensino em saúde mental e construção do PTS, aliada ao uso responsável e humanizado de tecnologias educacionais, representa uma solução viável para suprir as deficiências formativas e operacionais identificadas. Adicionalmente, a adoção de IA nesse contexto enfrenta desafios éticos e técnicos não negligenciáveis, como a falta de regulamentações específicas, questões relacionadas à privacidade e aos vieses algorítmicos, bem como a fragilidade da empatia digital. Considerações gerais finais: conclui-se que a integração efetiva entre Inteligência Artificial, ensino em saúde mental e construção do Projeto Terapêutico Singular, aliada ao desenvolvimento de protótipos educacionais como o CAPSappPRO e sua Inteligência Artificial Sophie, é fundamental para fortalecer práticas pedagógicas centradas no cuidado singular e fomentar o desenvolvimento de tecnologias que respeitem a complexidade de cada sujeito envolvido no processo terapêutico. Essas medidas podem promover uma educação alinhada às demandas contemporâneas da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e aos princípios da Reforma Psiquiátrica brasileira, contribuindo para a formação de profissionais mais preparados para os desafios do ensino e do cuidado em saúde mental nos CAPS.

Introduction: this study, entitled “Artificial Intelligence in the Construction of the Singular Therapeutic Project: teaching strategy for students and professionals in the Mental Health field”, aims to understand how Artificial Intelligence has been used as a teaching strategy for health students and professionals at Psychosocial Care Centers (CAPS), and what contributions are indicated for the construction of the Singular Therapeutic Project (PTS). This scenario is marked by the growing digitalization of mental health services and the need for integration between educational technologies and person-centered care practices, reflecting gaps in the articulation between Artificial Intelligence, mental health education and operationalization of the PTS. Methodology: the research adopted a mixed-methods approach, based on three complementary studies: (1) a scoping review, following the methodological frameworks of Arksey and O'Malley (2005), Peters et al. (2020) and PRISMA-ScR (Tricco et al., 2018), which mapped 27 scientific articles published between 2019 and 2025; (2) a bibliometric study, which analyzed editorial patterns, authors and research networks, evidencing the morphology of an emerging field; and (3) a virtual ethnography, which explored 20 YouTube videos on AI applied to teaching and mental health, analyzing representations, tensions and emerging possibilities. The collected data were categorized and discussed in light of theoretical frameworks on health education, psychosocial care and digital technologies, making it possible to identify practical solutions to the observed deficiencies. General discussion: the results reveal that, although Artificial Intelligence has been used as a pedagogical resource in health education, offering personalized feedback, academic monitoring and clinical competency simulations, its application rarely extends to the effective construction of the Singular Therapeutic Project. Research on AI applied to the formulation of PTS is scarce, and the literature reveals an environment conducive to technological integration, but still without studies that demonstrate the full use of algorithms in the dynamic personalization of therapeutic plans. The general discussion indicates that the integration of AI, mental health education and PTS construction, combined with the responsible and humanized use of educational technologies, represents a viable solution to overcome the identified training and operational deficiencies. Additionally, the adoption of AI in this context faces non-negligible ethical and technical challenges, such as the lack of specific regulations, issues related to privacy and algorithmic biases, as well as the fragility of digital empathy. Final general considerations: it is concluded that the effective integration between Artificial Intelligence, mental health education and construction of the Singular Therapeutic Project, combined with the development of educational prototypes such as CAPSappPRO, with its Artificial Intelligence Sophie, is essential to strengthen pedagogical practices centered on singular care and foster the development of technologies that respect the complexity of each subject involved in the therapeutic process. These measures can promote education aligned with the contemporary demands of the Psychosocial Care Network (RAPS) and the principles of the Brazilian Psychiatric Reform, contributing to the training of professionals better prepared for the challenges of teaching and mental health care in CAPS.