DIRETIVAS ANTECIPADAS DE VONTADE NO CUIDADO DE PESSOAS VIVENDO COM HIV/aids: PERCEPÇÃO DISCENTE
Educação em saúde; diretivas antecipadas; síndrome da imunodeficiência adquirida.
O avanço tecnológico e científico ampliou as possibilidades terapêuticas e a sobrevida de pessoas com doenças graves, mas também gerou dilemas éticos relacionados à obstinação terapêutica e à limitação da autonomia dos pacientes. Nesse contexto, as Diretivas Antecipadas de Vontade (DAV) surgem como instrumentos fundamentais para decisões compartilhadas e baseadas em valores individuais. Entre as pessoas vivendo com HIV/aids (PVHa), as DAV ganham especial relevância diante do risco de múltiplas comorbidades e da necessidade de decisões éticas sobre intervenções e cuidados. Contudo, a implementação das DAV no Brasil ainda é incipiente, limitada por lacunas legais, insegurança profissional e exígua instrução sobre o tema. A pesquisa teve como objetivo avaliar o conhecimento de estudantes de Medicina sobre DAV no cuidado de PVHa durante estágio em um hospital-escola de referência em doenças infectocontagiosas. Trata-se de pesquisa de abordagem qualitativa com o método de estudo de caso exploratório único. A coleta de dados utilizou como instrumento a entrevista semiestruturada e os dados foram analisados segundo a técnica da análise de conteúdo temático-categorial de Bardin, da qual emergiram três categorias: 1) (In)visibilização da pessoa que adoece; 2) (In)segurança técnica e jurídica do profissional para tomada de decisão compartilhada com o paciente; 3) (Des)compassividade na comunicação médico-paciente e (In)validação da autonomia decisória do paciente. Os resultados revelaram que, embora os discentes reconheçam a importância da temática, têm limitado contato com a mesma e sentem-se pouco preparados para lidar com a finitude e tomadas de decisão compartilhadas. Os achados reforçam a necessidade de integrar, de forma contínua e sistemática, os conceitos, aspectos jurídicos e experiências práticas sobre diretivas antecipadas de vontade na formação em saúde. Com este trabalho, espera-se colaborar com o processo ensino-aprendizagem e o consequente desenvolvimento de competências e habilidades éticas, relacionais e clínicas que contribuam para lidar com contextos complexos como o cuidado de PVHa.