CONSUMO ALIMENTAR E SUA RELAÇÃO COM O ESTADO NUTRICIONAL, FUNCIONAL, SARCOPENIA E A GRAVIDADE DA DOENÇA EM PACIENTES COM CIRROSE HEPÁTICA
adequação nutricional, deficiência nutricional, doença hepática crônica, ingestão alimentar, MELD-Na, sarcopenia;
As alterações da cirrose hepática no consumo alimentar representam complicações clínicas, nutricionais e funcionais de pior prognóstico. A adequação nutricional do consumo alimentar é crucial na progressão da doença, podendo melhorar ou prejudicar na morbimortalidade. O estudo objetivou avaliar o consumo alimentar de pacientes com cirrose hepática e sua relação com a gravidade da doença, estado nutricional e funcional. Estudo transversal analítico contendo 41 indivíduos com cirrose, de ambos os sexos e idade igual ou superior a 18 anos, atendidos em um Hospital Universitário em Maceió/AL (Brasil). Dados socioeconômicos, laboratoriais, clínicos e nutricionais foram coletados para classificar a gravidade da doença, o estado nutricional e funcional, o consumo alimentar foi avaliado por três Recordatórios 24h não-consecutivos no período de um mês. A adequação do consumo foi classificada segundo recomendações específicas para cirrose para calorias e proteínas, já para carboidratos, gorduras, fibras e micronutrientes foi utilizado recomendações para população geral. A gravidade da doença foi classificada pelo Child-Pugh, Model for End-stage Liver Disease - MELD-Na e MELD 3.0 e o estado nutricional e funcional pelo risco nutricional do Royal Free Hospital - Nutritional Prioritizing Tool (RFH-NPT), desnutrição por RFH-Global Assentment (RFH-GA) e Índice de Massa Corporal (IMC), fragilidade pelo Índice de fragilidade hepática, e sarcopenia pela Massa muscular esquelética apendicular (MMEA) ou índice de MMEA, teste de sentar e levantar da cadeira e força da preensão palmar. Foram aplicados estatísticas descritivas e regressão linear múltipla ajustada, adotando-se nível de significância de 95% (p ≤ 0,05) pelo programa SPSS v.26. Os participantes apresentaram um consumo alimentar insuficiente em energia e proteína em 39,0% para ambos e 31,7% acima do recomendado, 41,5% estavam desnutridos, 56,1% apresentavam risco nutricional e a sarcopenia teve prevalência de 45,9%. A amostra apresentou um consumo adequado de micronutrientes superior a 50% somente para a vitamina C e ferro. A prevalência da doença descompensada foi maior (56,1% para o Child-Pugh B e C), e os pacientes graves (MELD-Na ≥15 pontos) foram a maioria (51,2%). Foi encontrada a relação de menor consumo de carboidratos naqueles pacientes com ascite (- 8,73 %; p = 0,027) e menor consumo de gorduras totais naqueles de classes econômicas mais baixas (- 4,88%; p = 0,012). Em conclusão, a inadequação energética e proteica, como de vitaminas e minerais representa um risco nutricional que pode prejudicar o estado nutricional e funcional dos indivíduos com cirrose, de modo a repercutir negativamente no prognóstico. Por isso, avaliar o consumo alimentar é essencial no processo terapêutico integral para fornecer orientações nutricionais promotoras da saúde diante de uma patologia tão complexa.