Efeitos da restrição energética advinda de alimentos ultraprocessados sobre o comportamento sedentário de indivíduos com obesidade
Alimentos ultraprocessados; Comportamento sedentário; Atividade física; Obesidade.
Estudos observacionais associam o consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) com o maior tempo em comportamentos sedentários (CS) e ambos aspectos estão associados com o ganho de peso e o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). No entanto, ainda não há ensaios clínicos que avaliem o efeito da restrição energética advinda de AUP nos CS de indivíduos com obesidade. Com isso, o objetivo deste estudo é avaliar se a restrição energética associada à restrição de AUP, comparada à restrição energética genérica, melhora o CS de indivíduos com obesidade. Trata-se de uma análise secundária de um ensaio clínico aleatório, com duração de 12 meses. Foram incluídos indivíduos entre 19 e 60 anos, de ambos os sexos, e que atendiam aos critérios definidos para classificar a obesidade. Não foram incluídos indivíduos em uso de medicamentos crônicos ou em reposição hormonal; mulheres grávidas, lactantes ou na menopausa; indivíduos impossibilitados de realizar antropometria ou calorimetria indireta; e aqueles que passaram por intervenção cirúrgica para perda de peso. Foram comparadas duas intervenções: a) Dieta com restrição energética associada à restrição de AUP (RE-AUP), limitada a ≤5% do valor energético total (VET) decorrente desses alimentos; e b) Dieta com restrição energética genérica (RE-G). Ambos os grupos passaram por acompanhamentos, atividades de educação alimentar e nutricional e receberam prescrições dietéticas específicas para cada grupo. Os CS foram estimados com o uso de acelerômetros triaxiais (ActiGraph wGT3X-BT, ActiGraph LLC, Pensacola, Florida, Estados Unidos), no lado direito do quadril, por pelo menos 5 dias consecutivos e por no mínimo 8 horas por dia, antes do início da intervenção, com 3, 6 e 12 meses. Os dados contínuos foram analisados através de Modelos Lineares Mistos incluindo os indivíduos como efeitos aleatórios. As variáveis independentes foram o grupo (RE-G e RE-AUP) e o tempo (0, 3, 6, e 12 meses), e a variável dependente foi os CS. Todas as análises foram conduzidas usando o IBM SPSS Statistics (versão 26) e adotando um alfa de 5%. Foram incluídos 148 indivíduos, com uma média de idade de 31,7(8,5) anos, dos quais 75 foram alocados para o grupo RE-AUP e 73 para o grupo RE-G. Em ambos os grupos, os indivíduos tiveram tempos em CS similares no início do estudo. Porém, não foi possível observar modificações significativas ao longo do tempo ou entre grupos para este desfecho.