EFETIVIDADE DA ORIENTAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO CARDIOPROTETORA BRASILEIRA SOBRE AS CONCENTRAÇÕES SÉRICAS DE MPO EM INDIVÍDUOS ACOMETIDOS POR INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO E ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO
Dieta, mieloperoxidase, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, doenças cardiovasculares, estresse oxidativo.
A orientação da dieta cardioprotetora brasileira (DICA-BR) foi elaborada para ajudar na prevenção secundária e na redução das complicações das doenças cardiovasculares, devido à sua possível ação antioxidante, dentre outras. Estudos mostram que a mieloperoxidase (MPO) está correlacionada com a gravidade e o prognóstico de doenças ligadas à inflamação aguda ou crônica, como o infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular encefálico (AVE). Assim, este estudo teve como objetivo avaliar a efetividade na orientação da DICA-BR sobre as concentrações séricas de MPO em indivíduos que sofreram IAM e AVE. Trata-se de um ensaio clínico randomizado derivado de um estudo maior denominado “Contribuição da orientação dietética cardioprotetora sobre marcadores inflamatórios e de estresse oxidativo em adultos e idosos obesos sobreviventes de AVE e IAM em serviços de referência do SUS do estado de Alagoas”. Foram incluídos 117 indivíduos ≥ 20 anos, com sobrepeso, de ambos os sexos, sobreviventes de IAM e/ou AVE que estavam clinicamente estáveis. Foram excluídos indivíduos que tinham fatores que influenciam na avaliação do estresse oxidativo, dentre eles: instabilidade hemodinâmica, realização de hemodiálise e perspectiva de procedimentos cirúrgicos invasivos. Para além desses critérios de exclusão do projeto maior, neste estudo foram excluídos os voluntários com ausência de dados de algum dos dois momentos da análise da concentração sérica de MPO. Os participantes foram alocados de forma aleatória em dois grupos: intervenção ou controle. A intervenção foi a orientação dietética segundo protocolo DICA-BR, juntamente com a entrega de uma cartilha idealizada pelo Instituto de Pesquisa do Hospital do Coração de São Paulo, publicada pelo Ministério da Saúde e o grupo controle recebeu a orientação dietética de rotina do hospital. Os dados foram coletados durante a internação e 6 meses após a alta hospitalar. Nesses momentos, também foram coletadas amostras de sangue para análise de MPO, que foi realizada no Laboratório de Eletroquímica e Estresse Oxidativo do Instituto de Química e Biotecnologia/UFAL por meio de um protocolo adaptado de Brandley utilizando técnicas espectofotométricas. Para a análise estatística, foi utilizado o software SPSS, versão 21, aplicando-se uma ANOVA mista e considerando como significativo um valor de p ≤ 0,05. Não foram observados efeitos principais significativos de Tempo (F(1,114) = 0,133, p = 0,716, η²p = 0,001) ou de Grupo (F(1,114) = 0,138, p = 0,711, η²p = 0,001), nem interação significativa entre Tempo × Grupo (F(1,114) = 0,077, p = 0,782, η²p = 0,001). Esses resultados indicam que, no presente estudo, não houve alteração estatisticamente significativa nos níveis de MPO em função da intervenção ou do tempo, de modo que os níveis deste marcador permaneceram estáveis aos 6 meses e não diferiram entre DICA-BR e controle. Ademais, o fato de a DICA-BR ter apresentado resultados equivalentes à orientação convencional reforça sua aplicabilidade prática, uma vez que se trata de uma estratégia de baixo custo, culturalmente adaptada e potencialmente mais acessível ao contexto do Sistema Único de Saúde (SUS).