CONSERVADORISMO E AS RELAÇÕES PATRIARCAIS DE GÊNERO: expressões na violência contra mulheres no Brasil
Patriarcado; conservadorismo; violência contra mulheres; ideologia.
A conjuntura política e social brasileira pós-2016, marcada pelo avanço de uma onda
conservadora, configurou um terreno fértil para o recrudescimento da violência contra
as mulheres. Assim, esta pesquisa se propõe a analisar o conservadorismo e suas
expressões nas relações patriarcais de gênero, tomando como base a teoria social crítica
de Marx e a perspectiva feminista. O estudo destaca as raízes históricas dessa ideologia
e parte para a articulação no cenário contemporâneo, impulsionada pela fusão entre
conservadorismo e neoliberalismo, para compreender suas manifestações em discursos e
práticas que incidem diretamente sobre as relações de gênero e a vida das mulheres no
país. Parte-se do entendimento da ideologia como forma de consciência que emerge das
condições materiais e que contribui para a legitimação da ordem social, reforçando
relações de dominação. Nessa perspectiva, examina mecanismos como a oposição a
políticas com debate de gênero e sexualidade, a atuação de Aparelhos Privados de
Hegemonia — a exemplo de grupos de ativismo digital e outros — e a
instrumentalização do pânico moral. Conclui-se que essa simbiose, ao reforçar modelos
sociais tradicionais e enfraquecer mecanismos de proteção, favorece a perpetuação da
violência contra as mulheres em suas múltiplas expressões. A pesquisa contribui, assim,
para fortalecer o debate acadêmico e social ao evidenciar que a luta pela igualdade de
gênero é inseparável da crítica à ordem vigente, e reafirmando a relevância de estudos
que busquem aprofundar a compreensão das dinâmicas entre conservadorismo,
patriarcado e violência de gênero, revelando a importância de subsidiar debates voltados
à proteção da vida das mulheres no país.