O Flagelo da Fome em Alagoas
Fome; Agricultura; Alagoas.
A fome é uma das expressões da “questão social”, estando, entre outros fatores, ligada à
concentração de terras, ao monopólio do poder político e econômico nas mãos de poucas
famílias, bem como à dinâmica do Modo de Produção Capitalista e à sua relação com o
Estado. Nesse contexto, a presente pesquisa tem como objetivo investigar como a ascensão
do agronegócio, em detrimento da agricultura familiar, impacta a produção e o acesso a
alimentos pela população alagoana. Para tanto, utilizou-se a pesquisa bibliográfica e
documental, com base no materialismo histórico e dialético como aporte teórico. A análise se
fundamentou em autores clássicos, como Karl Marx (2013), Lênin (2011), Prado Jr. (1971) e
Josué de Castro (2001), além de autores contemporâneos como Leila Teixeira (2015),
Behring e Boschetti (2006), Delgado (2012), entre outros, cujas contribuições foram
essenciais para os resultados obtidos. Quanto à pesquisa documental, foram utilizados dados
de estudos realizados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese, 2022), a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (2022) e o
Inquérito Nacional sobre Segurança Alimentar e Nutricional (2020), entre outros.
Compreendendo a alimentação como uma necessidade humana imprescindível, a sua
ausência compromete a reprodução da vida. Dessa forma, para que o (a) trabalhador (a) tenha
suas necessidades básicas garantidas, é necessário vender sua força de trabalho, recebendo
um salário que permita a sua reprodução social. No entanto, ao observar a relação entre o
custo de vida e o preço das cestas básicas, percebe-se que o salário mínimo no Brasil não é
suficiente para garantir uma alimentação adequada. Essa realidade é agravada por questões
raciais, de gênero e territorialidade, influenciadas pela desigualdade de renda e pela
informalidade do trabalho. Considerando a dinâmica de superexploração da força de trabalho
na América Latina e a ampliação da massa de trabalhadores pauperizados, que serve para
pressionar os salários para níveis abaixo do necessário, essa condição estabelece uma divisão
entre aqueles que têm o direito de se alimentar adequadamente e aqueles que não têm. Nesse
cenário, os avanços tecnológicos no campo, impulsionados pela Revolução Verde, resultam
em uma relação ambígua, na qual uma parcela da população não tem acesso a alimentos em
quantidades suficientes devido à desigualdade econômica, enquanto outra parcela é exposta à
má alimentação através de ultraprocessados e industrializados. Assim, o avanço das políticas
neoliberais na agricultura promove o distanciamento cada vez maior da população em relação
à produção e ao acesso a alimentos.