AVALIAÇÃO DA SENSIBILIDADE DO MODELO MPAS NA SIMULAÇÃO DE EVENTOS EXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO NO NORDESTE DO BRASIL
Extremos de chuva. MPAS. Resolução variável. DOLs.
Eventos extremos de precipitação representam um dos maiores desafios para a previsão
meteorológica em regiões tropicais, como o Nordeste do Brasil (NEB), especialmente
devido à complexidade dos processos convectivos e à influência de diversos sistemas
sinóticos e de mesoescala. Neste contexto, o presente estudo avaliou a sensibilidade do
modelo atmosférico Model for Prediction Across Scales (MPAS) na simulação de três
eventos de precipitação extrema (EPE) associados aos Distúrbios Ondulatórios de Leste
(DOLs), ocorridos nos dias 27/05/2017, 28/05/2022 e 07/05/2024, afetando os estados
de Alagoas e Pernambuco. As simulações foram realizadas com duas versões do modelo
(v7.3 e v8.2.2), utilizando grade de resolução variável (60–3 km), centrada nas regiões
afetadas. Foram testadas duas parametrizações de microfísica de nuvens: WSM6
(single-moment) e Thompson (double-moment), ambas aplicadas com o conjunto de
parametrizações convection-permitting. Os resultados das simulações foram
comparados aos dados do produto MERGE/CPTEC, à reanálise ERA5 e às previsões do
modelo operacional Global Forecast System (GFS). A avaliação quantitativa foi
conduzida por meio de métricas estatísticas como viés (BIAS), raiz do erro quadrático
médio (RMSE) e coeficiente de correlação (CC), além da análise da distribuição
espacial da precipitação e da estrutura dos sistemas convectivos com base em imagens
do satélite GOES-16. Os resultados indicaram que o modelo MPAS, especialmente na
versão 8.2.2 com o esquema Thompson, apresentou desempenho superior na simulação
dos eventos, com melhor representação dos núcleos de precipitação intensa e menores
valores de BIAS e RMSE. Em particular, o evento de 2024 apresentou os melhores
resultados, com CC de 0,75 e BIAS negativo, indicando subestimação moderada. Já o
GFS apresentou tendência de superestimar o EPE2 e EPE3 e subestimar o EPE1, com
maiores erros sistemáticos. O ERA5, por sua vez, subestimou consistentemente os
máximos de precipitação, o que pode afetar negativamente a qualidade das simulações
iniciais do MPAS. O estudo demonstra o potencial do MPAS para aplicações em regiões
tropicais, especialmente na simulação de eventos extremos relacionados aos DOLs, e
ressalta a importância de uma escolha criteriosa das parametrizações físicas para
representar adequadamente os processos microfísicos associados à convecção profunda.