Avaliação do aplicativo Mentalkit e desafios para o cuidado da saúde mental de crianças e adolescentes no Brasil.
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A saúde mental de crianças e adolescentes é uma preocupação global, com implicações na saúde, educação, interações sociais e no bem-estar geral. No Brasil, essa situação é agravada pelas desigualdades na oferta e no acesso aos serviços de saúde mental. Assim, as tecnologias digitais aparecem como ferramentas que podem contribuir para qualificar e ampliar o acesso a cuidados de saúde. A utilização de aplicativos na área da saúde é crescente, e para melhor atender à demanda dos serviços e dos usuários, é necessária uma avaliação da qualidade dessas ferramentas. Esta tese foi realizada como parte de um projeto maior intitulado “ Melhorando a capacidade do sistema de saúde brasileiro para cuidar da saúde mental de crianças e adolescentes ”, por meio de parceria entre pesquisadores do Reino Unido e do Brasil. O objetivo desta tese foi avaliar o aplicativo Mentalkit e os desafios para o cuidado em saúde mental de crianças e adolescentes no Brasil. A tese é composta por dois artigos de resultados. O primeiro artigo intitulado “Desigualdades regionais na assistência em saúde mental para crianças e adolescentes no Brasil”, revelou uma distribuição desigual de psicólogos e psiquiatras entre os estados e regiões do Brasil, destacando as regiões Norte e Nordeste. Apesar dos avanços na expansão dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os CAPS infantis e juvenis (CAPSi) ainda apresentam baixa cobertura em todas as regiões. O segundo artigo intitulado “Avaliação do aplicativo Mentalkit para o cuidado em saúde mental de crianças e adolescentes no Brasil”, avaliou o aplicativo em quatro dimensões objetivas (engajamento, funcionalidade, estética e qualidade da informação) e uma subjetiva. A funcionalidade e qualidade das informações foram dimensões bem avaliadas e são fundamentais para uma ferramenta que oferece intervenções baseadas em evidências, mas também identificou áreas que podem ser aperfeiçoadas. Este trabalho apresenta um cenário de grandes desigualdades regionais no sistema público de saúde mental, impactando a assistência a crianças e adolescentes e a necessidade de adotar tecnologias digitais avaliadas na prática dos serviços, para contribuir no cuidado com saúde mental infantojuvenil. Evidencia-se a necessidade de fortalecer a política de saúde mental e implementar ações que diminuam as disparidades regionais, assegurando que todas as crianças e adolescentes no Brasil possam ter acesso a um atendimento de saúde mental de qualidade.