ASSOCIAÇÃO DO POLIMORFISMO C329T DO GENE SLC2A2 COM OS FATORES DE RISCO PARA DIABETES TIPO 2: ESTUDO EXPLORATÓRIO COM MULHERES INDÍGENAS DE ALAGOAS.
Palavras-chave: Polimorfismos; GLUT2; diabetes tipo 2; saúde indígena; epidemiologia
Introdução: A epidemia de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é impulsionada, principalmente, por fatores de risco modificáveis, como obesidade, sedentarismo e dietas hipercalóricas. Além disso, fatores não modificáveis, como predisposição genética e histórico familiar, desempenham um papel crucial na regulação da secreção e ação da insulina. A combinação desses elementos tem levado a um crescimento exponencial da doença, cuja incidência e prevalência quadruplicaram nas últimas décadas. No Brasil, a diversidade genética resultante da ampla miscigenação torna a etnia um critério isolado pouco eficiente para o rastreamento do DM2. Assim, estratégias baseadas em fatores de risco bem estabelecidos e quantificáveis são mais apropriadas para a identificação de indivíduos em maior vulnerabilidade. O polimorfismo rs5400 do gene SLC2A2 que afeta a função do transportador de glicose está associado ao diabetes, obesidade e doenças metabólicas, destacando seu papel na predisposição genética a essas condições. O objetivo desta dissertação foi investigar a associação entre o polimorfismo C329T do gene SLC2A2 e fatores de risco para DM2 em mulheres indígenas de Alagoas.
Método: Trata-se de um estudo exploratório, de caráter transversal e de base populacional com mulheres indígenas de 19 a 59 anos. A amostra composta por 250 mulheres incluiu dados simultâneos de polimorfismo e exames de HbA1c. DM2 foi definida pela concentração de hemoglobina glicada (HbA1c) ≥ 6,5% e/ou pelo uso de hipoglicemiantes orais. Para os fatores de risco foram utilizados os indicadores antropométricos (IMC, kg/m2; perímetro da cintura) de perfil lipídico (colesterol total; triglicerídeos; HDL-c; LDL-c). O DNA foi extraído, a partir de amostras biológicas e amplificado através da PCR em tempo real (qPCR). Para caracterizar a população obtiveram-se informações demográficas, socioeconômicas, ambientais e de saúde. Para investigar associações, foi utilizada a razão de prevalência (RP) e seu intervalo com 95% de confiança (IC95%), calculados por regressão de Poisson, considerando significância estatística p<0,05 e tendencia de associação (p > 0,05 e < 0,1).
Resultados: O genótipo GG foi o mais frequente (n=135; 54,0%), seguido por GA (n=90; 36,0%) e AA (n=25; 10,0%). Ao analisar a associação dos fatores de risco para DT2 com os genótipos mais frequentes do polimorfismo do gene SLC2A2 rs5400, observa-se que excesso de peso (IMC ≥ 25 kg/m²), obteve uma frequência de 80% com o genótipo AA (RP=1,25; IC95%: 0,99-1,59; p=0,020), que triglicerídeo elevado obteve uma frequência de 53,6% com o genótipo GA (RP=1,45; IC95%: 1,04 - 2,03; p=0,085) e para obesidade abdominal uma frequência de 77,8% com o genótipo GA (RP=1,27; IC95%: 1,07- 1,52; p=0,029). Apenas excesso de peso e obesidade abdominal tiveram associação com significância estatística; já os triglicerídeos elevados apresentaram tendência de associação sugerindo uma possível relação com polimorfismo. Embora nenhuma das associações avaliadas mantiveram significância estatística após análise ajustada, a análise bruta sugere que o genótipo GA pode estar relacionado a obesidade abdominal e triglicerídeo elevado e o genótipo AA com excesso de peso, fatores de risco importantes para DM2.
Conclusão: Este estudo contribuiu para o conhecimento sobre os determinantes genéticos e metabólicos do DM2 em populações indígenas, ressaltando a necessidade de estratégias multidisciplinares que integrem aspectos genéticos, comportamentais e ambientais na prevenção e manejo da doença.