ECOLOGIA ALIMENTAR DO PEIXE-LEÃO (Pterois volitans) NO ARQUIPÉLAGO DE FERNANDO DE NORONHA, ATLÂNTICO SUL, BRASIL
Bioinvasão, Espécie invasora, Peixes recifais, Conteúdo estomacal.
A bioinvasão se tornou um problema global, devido ao comércio, diminuição das barreiras geográficas e transporte global. Há diferentes vias e vetores de transporte de espécies com potencial para invasão, como escape de cultivos, aquarismo, água de lastro, incrustação em embarcações e plataformas. A partir disso, milhares de espécies de organismos são transportados para diferentes locais, propiciando assim, que essas se tornem possíveis espécies invasoras. Nesse contexto, o Peixe-leão (Pterois volitans) é um dos principais representantes de espécie invasora no ambiente marinho, apresentando elevado sucesso nesse processo. No presente estudo buscamos conhecer a dieta do Peixe-leão no Arquipélago de Fernando de Noronha (AFN), para isso, realizamos a análise do conteúdo estomacal de 217 espécimes coletados no AFN e utilizamos o Índice de Importância Relativa expresso em base percentual (IRI%). Destes, 157 (72,35%) apresentaram estômagos com conteúdo e 60 (27,65%) estavam vazios, sendo 62 fêmeas, 36 machos e 119 indivíduos de sexo indeterminado, com comprimento total variando de 9,0-42,7cm (± 22,2cm) e peso total 3,60-940g (± 202,44g). Foram identificados 29 itens alimentares, incluindo espécies endêmicas, como Ophioblennius trinitatis, Malacoctenus lianae, Stegastes pictus e Stegastes rocasensis, que além do endêmica é ameaçada de extinção, constituindo novos registros para a dieta do Peixe-leão. Confirmamos a dieta generalista e oportunista do Peixe-leão, sendo composta majoritariamente por peixes de 14 famílias (IRI%=99,31). Seguido por crustáceos (IRI%=0,53). Destacamos, também, a presença de microplástico (IRI%=0,15), no conteúdo estomacal do Peixe-leão. Nossos resultados fornecem informações inéditas sobre a dieta e a invasão do Peixe-leão indicando possíveis impactos em suas presas, especialmente aos peixes e crustáceos crípticos, com a presença de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, que desempenham serviços ecológicos relevantes para o AFN.