Avaliação espacial da riqueza de espécies e do esforço de amostragem de anelídeos poliquetas no Atlântico Sudoeste
A análise sistematizada de grandes conjuntos de dados sobre a biodiversidade fornece subsídios para uma ampla gama de estudos ecológicos, além de informações para tomada de decisão de gestores, principalmente com foco na conservação. Contudo, os conjuntos de dados tendem a apresentar grandes lacunas de amostragem que limitam as generalizações acerca da biodiversidade. Existem vieses taxonômicos (Déficit Linneano), geográficos (Déficit Wallaceano), e dilemas sociais envolvendo grupos de animais negligenciados neste tipo de estudo. Então, como acompanhar as mudanças na biodiversidade quando as informações são insuficientes? O objetivo desse trabalho foi avaliar a influência de esforços de amostragem nos padrões espaciais de riqueza de anelídeos poliquetas ao longo do Atlântico Sudoeste, reconhecendo lacunas de conhecimento. Foi observada a distribuição desigual no esforço de amostragem de anelídeos poliquetas ao longo do Atlântico Sudoeste entre as ecorregiões (ERs) avaliadas que compõe o litoral. Como consequência, verificou-se variação na distribuição espacial de riqueza entre as ERs. Nossa abordagem combinada de estimadores numéricos baseados em curvas de interpolação/extrapolação com os estimadores não paramétricos indica que nenhuma ER pode ser considerada suficientemente amostrada. Este cenário enviesado pode ser explicado em parte pela proximidade a centros de pesquisa com poliquetólogos e pela facilidade de acesso a áreas mais rasas. Estudos taxonômicos futuros são essenciais tanto para reconhecimento da diversidade de poliquetas ao longo do Atlântico Sudoeste, quanto para possibilitar a compreensão de padrões de riqueza existentes nesta área.
Viés amostral, conhecimento da biodiversidade, completude de inventário.