PREDITORES DAS AMEAÇAS À TARTARUGA VERDE (Chelonia mydas) EM AMBIENTE RECIFAL
Tartarugas-verde (Chelonia mydas) possuem diversos papéis ecológicos e dentre eles de megaherbívoro marinho, importantes no controle do crescimento das pradarias marinhas e das algas que competem diretamente com os corais. Apesar da sua relevância e por ser a mais costeira das tartarugas marinhas, essa espécie vem sendo ameaçada por séculos de pressão antrópica. Atualmente, as ameaças são diversas e estão relacionadas ao uso dos recursos marinhos pela pesca e a intensa degradação dos ambientes costeiros, intensificados nas últimas décadas. Devido à intensa relação da espécie com ambientes costeiros e sua fidelidade às áreas de alimentação, a tartaruga verde é considerada uma espécie sentinela para qualidade ambiental. Este trabalho, portanto, teve por objetivo entender como as ameaças às tartarugas verdes são influenciadas pela degradação costeira e pela pesca. Para isso, avaliamos fatores como a urbanização (usando night-light como proxy), saneamento básico, lixo nas praias e intensidade da atividade pesqueira e foi avaliado como esses preditores poderiam estar correlacionados com as seguintes ameaças: empobrecimento da dieta, fibropapilomatose, ingestão de plástico e morte ocasionada pela pesca. Por meio do uso de drones foram avaliados em quais locais existiam maiores concentrações de tartarugas e através de um banco de dados, identificar locais com mais encalhes. Esses dados foram obtidos em uma região com recifes de corais que inclui uma área mais urbanizada e uma Área de Proteção Marinha (APM). Foi possível identificar uma maior densidade populacional e uma maior taxa de encalhes de indivíduos mortos de C. mydas em áreas com maior urbanização. A área mais urbanizada concentrou também os maiores registros de prevalência de fibropapilomatose e ingestão de lixo e menor diversidade da dieta. Dentro da APM, as áreas com maior mortalidade estavam mais próximas ao centro urbano ou em locais com maior pressão pesqueira.
Degradação costeira, urbanização, sentinela ambiental, ingestão de plástico, poluição