Análises Filogenéticas e Filogeográficas revelam a influência central do Pleistoceno na diversificação evolutiva de Lycengraulis grossidens (Clupeiformes, Clupeidae) no Atlântico Ocidental
Biogeografia, Estruturação Genética, Linhagens Enigmáticas, Paleodrenagens, Flutuação Climática, Dinâmica de Dispersão.
A plataforma continental da América do Sul foi exposta de diversas formas a mudanças eustáticas e isostáticas durante o Quaternário, modificando a sua fisiografia, formando paleodrenagens que culminaram na conectividade entre rios e/ou isolamento no passado, consequentemente afetando a distribuição dos organismos aquáticos. Para avaliar esses efeitos históricos do Pleistoceno, espécies de ampla distribuição que habitam ambientes marinhos e estuarinos, são excelentes preditoras, principalmente quando se avalia os seus níveis de diversidade genética. No presente trabalho, analisamos a diversidade genética e filogenética de L. grossidens, uma espécie plástica de ampla distribuição na América do Sul. Para isso, utilizamos dois genes, um mitocondrial (COI) e um nuclear (Rodopsina). Nossas análises foram congruentes, detectando a presença de três linhagens que se diversificaram durante as eras glaciais e interglaciais do Pleistoceno. Sendo uma distribuída do extremo sul que divergiu cerca de 400 mil anos; uma linhagem costeira de ampla distribuição do norte ao sudeste do Brasil; e outra linhagem que divergiu mais recentemente a 77 mil anos, mais restrita com ocorrência na região do baixo rio São Francisco no nordeste do Brasil (RSF), mas que se encontra em simpatria com a população costeira de ampla distribuição. Todos esses processos destacam as rotas evolutivas que L. grossidens experimentou durante a sua diversificação, propiciados por processos geomorfológicos e térmicos durante o Pleistoceno, culminando em assinaturas genéticas profundas com linhagens enigmáticas ao longo da sua distribuição.