Recifes de corais regulam o clima global e a resiliência do Oceano, e a sua biodiversidade promove a manutenção de bens e Serviços Ecossistêmicos (SEs) que são preponderantes para a segurança alimentar, recreação, lazer, cultura e senso de pertencimento, fundamentais para o bem-estar social e econômico de milhões de pessoas. Entretanto, a co-ocorrência de estressores antrópicos como a sobrepesca, degradação de habitats, além das atividades turísticas não manejadas estão desencadeando mudanças de fase que alteram a estrutura e composição das assembleias recifais. Os efeitos dessas mudanças acarretam gradativas diminuições de áreas de cobertura de corais duros, levando a uma substituição e aumento de macroalgas e turfs. A função ecológica desempenhada por peixes recifais piscívoros, carnívoros e herbívoros equilibram o balanço entre a produtividade primária e o consumo na teia trófica recifal. Entretanto, a sobrepesca enfraquece essas interações induzindo cascatas tróficas acelerando as mudanças. O objetivo geral desta tese foi investigar como o conhecimento científico sobre peixes recifais herbívoros avançou no Brasil, incluindo a percepção humana para a conservação da biodiversidade marinha e processos ecossistêmicos desempenhados pelos peixes recifais. No primeiro capítulo, identificamos que em mais de cinquenta anos, o conhecimento científico multidisciplinar avançou no Atlântico Sudoeste (AS), incluindo as metodologias de amostragem dos ambientes e táxon, componentes e processos ecossistêmicos mais estudados. Evidenciamos lacunas no entendimento sobre os estressores antrópicos que degradam os recifes de corais e os impactos das mudanças de fase no AS. Identificamos que o Conhecimento Ecológico Local (CEL) pode ajudar a preencher as lacunas evidenciadas no primeiro capítulo, e a identificar os SEs dos peixes e pescarias recifais, incluindo a proposição de soluções práticas para a conservação e o manejo. No segundo capítulo, utilizamos o CEL para preencher as lacunas identificadas no primeiro capítulo, e testamos a hipótese da ocorrência da Síndrome de Mudança de Referencial nas capturas de grupos tróficos de peixes carnívoros, piscívoros, e herbívoros, entre diferentes categorias de pescadores por tempo de experiência em uma ilha tropical presumindo que múltiplos estressores atuam como mecanismos para as mudanças de fase. Em sessenta anos, identificamos que os peixes e pescarias são SEs que promovem alimentos, trabalho, renda, recreação, cultura e espiritualidade para as pessoas. Identificamos que gerações de pescadores experientes, costumavam capturar maiores piscívoros e grandes herbívoros. Enquanto a geração intermediária desconhecia e poucos capturaram grandes espécies carnívoras, além de considerem grandes herbívoros raros. Pescadores iniciantes nunca capturam grandes carnívoros, e os alvos das suas pescarias são herbívoros menores. A sobrepesca, a degradação de habitats, e o turismo não manejado foram identificados como os principais estressores antrópicos. As soluções apontadas foram a diminuição de artes de baixa seletividade nos recifes de corais, as pescarias, e o monitoramento das atividades turísticas. Uma proposta que inclua: o manejo das pescarias baseado no ecossistema, o planejamento espacial marinho, o pode minimizar os estressores, associada a adoção de uma governança multinível em redes de colaboração é uma alternativa que pode promover o enfrentamento, além da mitigação das mudanças de fase