Desafios para a popularização de plantas alimentícias silvestres: um olhar a partir das expectativas e avaliação sensorial de alimentos
Conservação biocultural, expectativas, alimentos novos, análise sensorial, plantas alimentícias silvestres
As plantas alimentícias silvestres (PAS), quando associadas a estratégias de manejo sustentável, apresentam grande potencial para implementar a renda de populações locais e para diversificar os sistemas alimentares. No entanto, no contexto urbano brasileiro, a maioria dessas plantas ainda é desconhecida ou pouco usada. Esta pesquisa objetivou identificar quais são os vieses na aceitação de um produto alimentício a base de PAS. Para isso, realizamos dois experimentos de expectativa e avaliação sensorial. No primeiro, elaboramos sucos e cocadas de PAS (cambuí e coco piaçava) e de plantas convencionais (coco e acerola) e testamos se a mistura de PAS + convencional provoca maior expectativa e aceitação pelo consumidor. Também identificamos os fatores socioeconômicos que influenciam na expectativa e aceitação. No segundo teste, elaboramos sucos com plantas silvestres (cambuí e araçá) e com plantas convencionais (acerola e goiaba), e testamos se a associação terminológica de PAS a plantas convencionais com sufixo neutro (jasmim) e se pistas terminológicas sobre a origem florestal (mata) influenciam na expectativa e aceitação dos produtos. Nossos resultados indicam que as misturas gastronômicas funcionam como quebra de barreira sobre a neofobia alimentar e proporcionam maior familiaridade do consumidor com o alimento, aumentando as chances de inclusão das PAS na dieta humana. De modo geral, pessoas mais velhas, do gênero masculino, com maior escolaridade, maior renda e pessoas não neofóbicas, atribuem melhores avalições de expectativa e aceitação de alimentos com PAS. De modo geral, a associação terminológica a origem florestal, não interferiu na expectativa e aceitação, mas houve uma influência na expectativa de sabor para o grupo de pessoas neofóbicas.