PREDITORES DA PERCEPÇÃO LOCAL SOBRE O ESTADO DE CONSERVAÇÃO DAS PLANTAS MEDICINAIS: ESTUDO DE CASO EM UMA COMUNIDADE RURAL DE TRAIPU (AL)
Muitas pessoas dependem das plantas medicinais, pois elas utilizam como estratégia de cuidado da saúde, na cura de doenças, especialmente em países em desenvolvimento. Essas plantas vêm sofrendo diversas pressões ou desafios em sua conservação, mas não necessariamente devido ao uso medicinal, de modo que podem ser usadas para outros fins. Mas, quando as suas populações diminuem por conta destes usos, pode haver comprometimentos no próprio emprego medicinal. No entanto, muitos trabalhos estudam a conservação das plantas medicinais sem levar em consideração outros usos. Este estudo se propôs entender quais usos causam maior impacto nas populações vegetais, utilizando a percepção local como proxy para o declínio. Foram registados os usos medicinais e usos adicionais das plantas nativas e lenhosas por meio de entrevistas semiestruturadas e oficinas participativas, respectivamente. As oficinas também permitiram ordenar as plantas segundo o grau de declínio percebido pelos participantes. uma matriz de correlação de Spearman foi adotada para apontar as correlações das categorias de uso entre si e com a percepção de declínio. Os resultados mostraram que as categorias combustível e construção estão relacionadas entre si e estão ligadas ao maior declínio de espécies. Não houve associação entre valor de uso medicinal e percepção de declínio. A versatilidade, medida pelo número de alvos terapêuticos, também não se correlacionou com o declínio percebido. Apesar de usos em combo apresentarem maiores impactos na vegetação, o uso medicinal isolado não apresentou conexão com a percepção de declínio, o que mostra que usos medicinais isolados não são um problema maior para a vegetação. Portanto, as estratégias de conservação de plantas medicinais não podem negligenciar seus usos associados, especialmente os usos madeireiros.
Status de conservação, percepção de declínio, plantas medicinais, versatilidade, etnobotânica, categorias de uso