Avaliação Empírica e Computacional do Uso de Práticas da Engenharia de Software Verde no Ciclo de Vida de Desenvolvimento de Sistemas de Software
Engenharia de Software; Sustentabilidade Computacional; Ciclo de Vida do Software; Maturidade Organizacional; Adoção de Práticas Sustentáveis.
O crescimento do setor de Tecnologia da Informação e Comunicação tem ampliado os impactos ambientais decorrentes do elevado consumo de energia e da rápida obsolescência tecnológica. Nesse cenário, a Engenharia de Software Verde surge como uma abordagem essencial para incorporar princípios de sustentabilidade ao ciclo de vida do software, promovendo a eficiência energética, a otimização de recursos e a responsabilidade ambiental. Contudo, persiste uma lacuna significativa entre as recomendações teóricas e sua efetiva aplicação na prática industrial. Este estudo tem como objetivo investigar evidências da adoção de práticas sustentáveis no desenvolvimento de software, analisando em quais fases do ciclo de vida essas práticas são incorporadas e qual o nível de maturidade organizacional na aplicação dos princípios da Engenharia de Software Verde. A pesquisa foi conduzida em duas etapas complementares: a primeira consistiu em uma revisão da literatura voltada à identificação de práticas, desafios e abordagens relacionadas à sustentabilidade, com base nas boas práticas propostas pela Green Software Foundation; e a segunda envolveu um estudo empírico com 102 profissionais da indústria de software e entrevistas com 29 especialistas, sustentado em uma abordagem de métodos mistos, quantitativa e qualitativa. Foram realizadas análises estatísticas e uma análise qualitativa temática para compreender as percepções sobre barreiras, benefícios e estratégias de adoção. Os resultados indicam que a implementação de práticas sustentáveis ainda ocorre de forma fragmentada e predominantemente reativa, concentrando-se nas fases de desenvolvimento e manutenção, enquanto as etapas iniciais, como a elicitação de requisitos e o projeto, permanecem pouco exploradas. Observou-se também baixa padronização de métricas e desigualdade nos níveis de maturidade entre as organizações. A análise qualitativa revelou que a sustentabilidade é reconhecida como um valor organizacional emergente, embora ainda dependa fortemente de iniciativas individuais. A partir desses achados, o trabalho propõe um conjunto de boas práticas integradas ao ciclo de vida do software, alinhadas ao SWEBOK, com o propósito de orientar decisões técnicas e gerenciais que promovam, de forma estruturada e contínua, a sustentabilidade no contexto da engenharia de software.