HISTÓRIA DA FAMÍLIA NA ALAGOAS OITOCENTISTA
(1881-1900)
Família, Alagoas, Igreja Católica
Esta pesquisa tem por objetivo estudar a sociedade alagoana oitocentista, e mais especificamente, aquela que habitava a cidade das Alagoas nas duas últimas décadas do século dezenove, especialmente a partir do casamento religioso e civil. Alagoas, posteriormente renomeada Marechal Deodoro, é uma das mais antigas povoações da parte sul da Capitania de Pernambuco, tendo sido capital de Comarca e Província até perder este status para a cidade de Maceió em 1839, quando viveu um processo de declínio econômico e estrutural e esvaziamento populacional, passando a ser descrita como uma localidade decadente pela historiografia local. A relação dos moradores com a religião católica, vivida na frequência aos templos, no recebimento dos sacramentos e nas festas e procissões religiosas que marcam a história local, é percebida na documentação eclesiástica, da qual elegemos a matrimonial como base de nossa análise pela existência de um acervo significativo de processos de habilitação ao casamento – os banhos matrimoniais - que contemplam informações não encontradas nos livros de registro e que servem para caracterização desta população que buscou o matrimônio religioso. Para melhor compreensão das mudanças e permanências na relação entre a Igreja e seus fiéis, bem como do próprio matrimônio enquanto meio de doutrinação e controle da população, julgamos oportuno iniciar historicizando o matrimônio, desde sua origem como um contrato privado entre famílias e sua apropriação pela Igreja Católica como um sacramento religioso, quando então a igreja passa a legislar sobre ele, o que culmina nas determinações emanadas do Concílio de Trento. Também, discorrer como localmente a igreja precisou desenvolver um corpus legislativo específico, resultando nas Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, que contém capítulos especialmente dedicados ao matrimônio, e sobre a adesão e os desvios da população em relação a este casamento tridentino. Por fim, uma vez que nosso recorte temporal abarca mudanças na relação entre o Estado e a Igreja, com a cisão entre o poder secular e o religioso no que se refere às uniões matrimoniais, também julgamos relevante incluir o tema do casamento civil em nossa análise, averiguando a adesão da população local a ele.