MULHERES NEGRAS E AS FORMAS DE SUSBSISTÊNCIA EM MEIO SOCIAL: MACEIÓ 2007-2017
Palavras-chaves: Mulheres negras. Trabalho feminino em Maceió. Jornal Gazeta de Alagoas
A pesquisa tem como objetivo analisar as formas de subsistência e as experiências de vida das mulheres negras da cidade de Maceió/AL, entre 2007 e 2017, considerando as intersecções entre gênero, raça, classe social e territorialidade. Parte-se do contexto social das mulheres, que transitaram constantemente entre os espaços públicos e privados, assumindo múltiplas responsabilidades tanto no âmbito familiar quanto no mercado de trabalho. A investigação analisa os vínculos sociais e as principais formas de subsistência que estruturaram a vida das mulheres, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), destacando os setores de maior inserção feminina e evidenciando tanto as desigualdades estruturais quanto as estratégias de resistência e permanência frente às condições impostas pela sociedade local. Nesse contexto, a pesquisa se volta à análise das representações construídas pelo jornal Gazeta de Alagoas no mesmo período, observando uma seletividade narrativa que privilegiou determinadas vozes enquanto silenciou outras, estigmatizando grupos sociais, especialmente as mulheres negras, e reforçando estereótipos e desigualdades raciais, de gênero e urbanas. Utilizando a análise de discurso e de conteúdo como metodologia, percebeu-se que trajetórias femininas consideradas excepcionais foram valorizadas, reproduzindo uma perspectiva meritocrática que ignorou os entraves estruturais enfrentados pela maioria das mulheres trabalhadoras. Essa análise permite compreender como a imprensa contribuiu para construir sentidos sociais sobre as mulheres, evidenciando tanto práticas de invisibilização e estigmatização quanto formas sutis de resistências cotidianas. A pesquisa articula dados estatísticos e fontes jornalísticas a partir de uma perspectiva histórica e crítica, com enfoque nas categorias de gênero, raça, classe e território, buscando compreender como as mulheres de Maceió foram representadas e como construíram suas próprias estratégias de subsistência. Nesse sentido, a pesquisa pretende contribuir para os debates sobre trabalho, imprensa e história social, ao revelar as tensões entre desigualdade, visibilidade e resistência na vida das mulheres pobres, negras e trabalhadoras da capital alagoana.