APLICAÇÃO DA METABOLÔMICA NA DESCOBERTA DE BIOMARCADORES DE IMPORTÂNCIA AMBIENTAL:
EXPLORANDO O POTENCIAL TÓXICO DO MERCÚRIO E SEUS IMPACTOS NO METABOLISMO ANIMAL.
Mercúrio; ecotoxicologia; biomarcadores; metabolômica.
O mercúrio é um poluente ambiental altamente tóxico, com efeitos adversos sobre a biota aquática e elevado
potencial de bioacumulação ao longo das cadeias alimentares. Na forma de compostos orgânicos, como o Timerosal, o mercúrio pode induzir alterações metabólicas significativas, especialmente em processos de
produção de energia e estresse oxidativo. O zebrafish (Danio rerio) e o bivalve Mytella strigata destacam-se como bioindicadores promissores para avaliar a toxicidade ambiental devido à sua sensibilidade a contaminantes. Neste contexto, o presente estudo investiga as alterações metabólicas induzidas pela
exposição ao mercúrio nessas espécies, empregando a metabolômica baseada em RMN. Embriões de
zebrafish foram inicialmente expostos ao Timerosal para simular a contaminação por mercúrio orgânico,
enquanto bivalves da espécie Mytella strigata foram coletados em diferentes pontos da Lagoa Mundaú, com
variados níveis de contaminação. A extração de metabólitos foi realizada utilizando o método Bligh-Dyer
com adaptações, seguida por análise por espectroscopia de RMN. Os dados obtidos foram processados e
submetidos à análise multivariada, visando identificar diferenças metabólicas entre os grupos experimentais
e propor possíveis biomarcadores de exposição ao mercúrio. Nos embriões de zebrafish, a exposição ao
Timerosal resultou em alterações significativas, com mudanças marcantes em vias metabólicas associadas à
glicólise, ao metabolismo energético, ao estresse oxidativo e à função mitocondrial. Nos bivalves, os
padrões metabólicos também indicaram mudanças substanciais, afetando concentrações de aminoácidos,
ácidos nucleicos e o metabolismo energético, sugerindo uma correlação direta entre os níveis de mercúrio
no ambiente e os efeitos biológicos observados. As alterações metabólicas detectadas em ambas as espécies
indicam que a exposição ao mercúrio compromete vias cruciais para a manutenção da vida e representa um
risco à biodiversidade local. O desenvolvimento de um sistema contínuo de monitoramento baseado em
biomarcadores metabólicos representaria um avanço significativo para a proteção ambiental e preservação
de recursos naturais. A exposição ao mercúrio, tanto na forma de Timerosal quanto em bivalves coletados
em áreas contaminadas, demonstrou causar mudanças metabólicas significativas que afetam vias críticas
para a homeostase celular. Esses resultados reforçam a necessidade de um monitoramento ambiental
rigoroso em ecossistemas contaminados, como a Lagoa Mundaú, para mitigar os impactos da poluição por
mercúrio. Por fim, a abordagem metabolômica mostrou-se promissora para a detecção de biomarcadores de
exposição e impacto ambiental, com potencial de aplicação em programas de biomonitoramento em larga
escala.