Avaliação da Atividade Leishmanicida e Antitumoral de Novos Derivados Sintéticos Antraquinônicos.
Quinonas. Antraquinonas. Leishmania spp. Antitumoral. Glioblastoma
As leishmanioses são doenças causadas por protozoários do gênero Leishmania transmitidas por meio de vetores flebotomíneos infectados. São endêmicas em 98 países e a população sob risco de infecção é estimada em 350 milhões. Já o Glioma é a sexta causa de morte associada ao câncer em todo o mundo (75% dos tumores cerebrais malignos), sua forma mais agressiva é o Glioblastoma com incidência mundial de 3,21/100.000 indivíduos. O tratamento adotado em ambos os casos, apresenta uma série de eventos adversos, contra indicações e toxicidade significante, podendo levar o paciente ao óbito. Baseando-se no panorama exposto, fica evidente a necessidade de buscar novas opções terapêuticas para ambos os tratamentos. A classe de quinonas podem desenvolver atividades em mais de um segmento, devido a sua estrutura atuar como multi-alvo terapêutico, grupo promissor a ensaios em ambas as terapias. Este estudo propõe investigar a atividade leishmanicida e antitumoral de novos derivados sintéticos antraquinônicos (DSAQs). Para isto, nove DSAQs, foram desenvolvidos e cedidos pelo Laboratório de Síntese Orgânica – UFMG e pelo Laboratório de Eletroquímica LEQUI/UFAL. Foi realizado o ensaio toxicidade in vitro pelo método de MTT, sobre macrófagos da linhagem J774.A1, para avaliação a dos DSAQs. A atividade leishmanicida foi avaliada pelo ensaio de viabilidade de parasitos in vitro, sobre formas promastigotas extracelulares de Leishmania amazonensis e Leishmania chagasi. A avaliação da atividade antitumoral foi realizada através dos ensaios de viabilidade celular sobre Glioblastomas da linhagem GBM02, pelo método de MTT. Foi realizado o ensaio de avaliação do efeito citotóxico sobre células mononucleares sanguíneas periféricas (PBMC). Posteriormente, os DSAQs mais promissores foram submetidos aos ensaios de: análise morfológica e migração celular. Todos os ensaios foram realizados no Laboratório de Farmacologia e Imunidade (LaFI/ICBS/UFAL). No ensaio de MTT, os DSAQs, não reduziram 50% da população celular. Com relação ao ensaio de promastigota, ENSJ841, 848, 849 e 854 apresentaram redução estatística na viabilidade parasitária para espécie Leishmania chagasi, com CI50 entre 2,83 ± 0,29 e 71,33 ± 4,04 µM, e ENSJ849, 851 e 854, para espécie Leishmania amazonensis, com CI50 entre 21,33 ± 4,04 e 72,00±7,00 µM. Na viabilidade celular de GBM02, ENSJ650, 845, 848 e 854 apresentaram redução tumoral, após o tratamento de 72 horas. Os DSAQs não foram citotóxicos ao PBMC. Após esses ensaios, apenas os DSAQs que mostraram redução das células de GBM02, prosseguiram para os ensaios de morfologia, e demonstraram sinais de morte celular com presença células com citoplasma arredondado, restos celulares, vacúolos citoplasmáticos com extravasamento de conteúdo pelo rompimento de membrana. Esses DSAQs selecionados, no ensaio de migração celular, foram capazes de inibi-la, e a porcentagem de células migradas foi de 16 a 51,85%. Diante dos resultados, é possível afirmar que os DSAQs induzem uma ação leishmanicida e antitumoral, corroborando com a ação multiterapêutica dos derivados quinônicos e na pesquisa de novos fármacos em ambas as áreas.