BIOATIVIDADE DE ÓLEOS ESSENCIAIS PROVENIENTES DE ESPÉCIES VEGETAIS DA CAATINGA
antimicrobianos; bioprospecção; fitoquímicos; semiárido.
O domínio fitogeográfico da Caatinga (DFC), com distribuição geográfica restrita ao Brasil, corresponde à maior formação contínua de florestas tropicais sazonalmente secas (FTSS) da América do Sul. É caracterizado por elevada diversidade florística e endemismo, constituindo uma fonte significativa de compostos bioativos distribuídos em diferentes estruturas vegetais, sintetizados no metabolismo secundário, com composição química complexa, funções ecológicas essenciais e aplicações promissoras para os setores agroindustrial e farmacêutico. Nesse contexto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a bioatividade em óleos essenciais (OEs) provenientes de espécies vegetais da Caatinga. Para a obtenção dos OEs, folhas de Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, Caesalpinia pyramidalis Tul., Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. e Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) foram coletadas e submetidas à extração contínua sólido-líquido em aparelho Soxhlet, utilizando n-hexano como solvente orgânico. Os testes de sensibilidade a antimicrobianos (TSA) ocorreram por meio de ensaios in vitro padronizados em disco-difusão (DD), seguidos pelos procedimentos de determinação da concentração inibitória mínima (CIM) e da concentração bactericida mínima (CBM), conforme as normas e diretrizes do CLSI (Clinical and Laboratory Standards Institute). A capacidade antioxidante foi determinada em microplacas de 96 poços através do método de sequestro do radical livre 2,2-difenil-1-picril-hidrazil (DPPH), baseado no mecanismo de SET (Single Electron Transfer), e pelo ensaio FRAP (Ferric Reducing Antioxidant Power). A caracterização por espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), acoplada ao acessório de reflectância total atenuada (ATR), ocorreu na faixa espectral de 4000 a 400 cm⁻¹, com resolução de 4 cm⁻¹ e 32 varreduras por amostra. Os resultados revelaram que os OEs possuem efeito antibacteriano e antifúngico significativo contra as cepas dos microrganismos testados, com variações de eficácia entre as diferentes espécies. Além disso, todos os OEs exibiram capacidade antioxidante relevante, evidenciada pelos ensaios DPPH e FRAP, indicando potencial para neutralização de radicais livres e redução do estresse oxidativo. A análise por FTIR permitiu identificar grupos químicos associados a compostos bioativos, como alcenos, carbonilas, carboxilas e éteres, correlacionando com as atividades biológicas observadas. Em conclusão, os OEs provenientes de espécies vegetais da Caatinga evidenciam bioatividade promissora, destacando a relevância florística dessa formação fitogeográfica ainda sub-representada na literatura e submetida à intensa fragmentação por impactos antrópicos. A escassez de evidências in vivo, especialmente sob condições de campo, ressalta a necessidade de estudos complementares que ampliem o conhecimento sobre a composição química e as propriedades biológicas, assim como subsidiem estratégias de conservação e desenvolvimento sustentável.