Desempenho fisiológico e nutricional do milho cultivado em plantio direto sob diferentes plantas de cobertura
Zea mays L.; Agricultura conservacionista; Trocas gasosas; Ciclagem de nutrientes; Rendimento
O milho (Zea mays L.) destaca-se como uma das principais culturas agrícolas no Brasil, com grande relevância econômica, alimentar e industrial. Entre os desafios para alcançar altas produtividades estão a limitação de nutrientes essenciais, especialmente o nitrogênio, e a degradação dos solos causada pelo uso intensivo do sistema de preparo convencional. Nesse contexto, o Sistema Plantio Direto (SPD), aliado ao uso de plantas de cobertura, surge como alternativa sustentável, promovendo a ciclagem de nutrientes, a conservação do solo, melhoria da fertilidade e fisiologia das plantas sucessoras. O objetivo desta pesquisa foi avaliar os efeitos de diferentes espécies de plantas de cobertura sobre as respostas fisiológicas, acúmulo de nutrientes e produtividade na cultura do milho cultivado em sistema plantio direto no Agreste de Alagoas. O experimento foi conduzido em Arapiraca–AL durante dois ciclos agrícolas (2023 e 2024), em delineamento em blocos ao acaso com quatro repetições. Os tratamentos foram compostos por diferentes espécies de plantas de cobertura: Crotalária juncea (CJ), Crotalária spectabilis (CS), Feijão de porco (FP), Guandu (GUA), Milheto (MIL), Braquiária (MIX) no primeiro ciclo e Mucuna cinza (MC) no segundo ciclo, além de testemunha sem cobertura (CONT). As coberturas foram implantadas durante a estação chuvosa, dessecadas aos 60 dias após semeadura e, em seguida, semeou-se o milho em SPD. Foram avaliadas variáveis fisiológicas do milho (assimilação de CO₂, concentração de carbono interno, condutância estomática, transpiração, eficiência do uso da água, eficiência de carboxilação e temperatura foliar) em quatro estádios fenológicos (V6, VT, R1 e R3), além da produção de grãos, palhada e extração de macro e micronutrientes. No primeiro ciclo, CJ e CS destacaram-se pela maior produção de biomassa fresca e seca, favorecendo melhores condições para o milho. MIL e MIX proporcionaram maiores taxas de assimilação de CO₂. O tratamento CONT apresentou queda acentuada na atividade fotossintética. No segundo ciclo, CS e MIL apresentaram picos de assimilação de CO₂ nos estádios VT e R1, respectivamente. CJ manteve alta eficiência no uso da água e melhor acúmulo de nutrientes. As leguminosas, de modo geral, favoreceram maior extração de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio, enquanto CONT e MIL apresentaram os menores valores. O uso de leguminosas como plantas de cobertura em SPD, especialmente CJ e CS, proporcionou melhorias nas respostas fisiológicas do milho e maior acúmulo de nutrientes. Em relação a produtividade não houve diferença estatísticas entre os tratamentos nos dois ciclos. Esses resultados evidenciam que o manejo com adubação verde associado ao SPD pode contribuir significativamente para a sustentabilidade e produtividade da cultura do milho na região semiárida do Agreste alagoano.