LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO NA COMUNIDADE INDÍGENA KARAPOTÓ PLAK-Ô, EM SÃO SEBASTIÃO, ALAGOAS
etnobotânica; saberes tradicionais; plantas bioativas.
A etnobotânica estuda as interações entre seres humanos e plantas, especialmente no que se refere ao uso medicinal por povos tradicionais. Este trabalho teve como objetivo realizar um levantamento etnobotânico das plantas medicinais utilizadas pela comunidade indígena Karapotó Plak-ô, localizada em São Sebastião, Alagoas. A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, com metodologia descritiva e estudo de caso, utilizando entrevistas semiestruturadas e observação participante, além do cálculo do Valor de Uso (VU) para determinar a importância relativa das espécies citadas. As espécies mencionadas foram identificadas com base em pistas taxonômicas, por meio das plataformas SCIELO, Periódicos CAPES e Herbário Virtual Reflora. Ao todo, foram registradas 42 espécies, distribuídas em 25 famílias botânicas. As famílias mais recorrentes foram Fabaceae (28,0%), Lamiaceae (24,0%) e Anarcadeaceae (12,0%), totalizando 64,0% das repetições. Destacaram-se, pelo maior Valor de Uso (VU = 0,67), as espécies Plectranthus amboinicus (ciguleira), Mentha x villosa (hortelã da folha miúda) e Cymbopogon citratus (capim-santo), empregadas principalmente no tratamento de gripes, doenças respiratórias e como calmantes. Conclui-se que o uso das plantas na comunidade reflete tanto sua eficácia percebida quanto seu valor cultural e simbólico. A pesquisa propõe, ainda, o reconhecimento dessas espécies para ações de reflorestamento, com ênfase naquelas raras ou localmente extintas, promovendo a restauração ecológica integrada à valorização dos saberes tradicionais e ao fortalecimento sociocultural da comunidade.