GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE MIMOSA (FABACEAE) DA CAATINGA SUBMETIDAS A DIFERENTES MÉTODOS DE QUEBRA DE DORMÊNCIA SOB ESTRESSE HÍDRICO
Escarificação, Caatinga, Mimosa, Polietilenoglicol, Leguminosae
O processo de germinação se inicia com a reidratação dos tecidos da semente (embebição). Por outro lado, as sementes da família das leguminosas (Fabaceae) comumente apresentam dormência física, que consiste na impermeabilidade do tegumento, não permitindo a embebição. Dentre as leguminosas que produzem sementes com dormência física, destaca-se o gênero Mimosa, um dos mais diversos da família, tipicamente encontrado em diferentes ambientes sazonalmente secos, principalmente no Cerrado e na Caatinga. A Caatinga, por sua vez, é formada por uma complexa vegetação, incluindo arbustos e árvores que compõem a paisagem semiárida encontrada no nordeste brasileiro. Desta forma, estas plantas estão sujeitas a situações de estresse que limitam o seu desenvolvimento, tendo em vista o papel fundamental da água no controle da germinação. O presente trabalho teve como objetivo determinar o potencial germinativo de sementes de quatro espécies do gênero Mimosa ocorrentes na Caatinga, submetidas a diferences métodos de quebra de dormência (escarificação), sob estresse hídrico. O experimento foi conduzido no Laboratório de Fisiologia Vegetal da Universidade Federal de Alagoas – UFAL, campus de Arapiraca. Foram montados dois experimentos que seguiram de forma conjunta, com diferentes métodos de quebra de dormência, sendo estes a escarificação mecânica com lixa e a escarificação térmica com água quente, sob diferentes concentrações de polietilenoglicol (PEG) simulando estresse hídrico (i.e., baixos potenciais hídricos, Ψ = -0,4; -0,8; -1,2 MPa), além de um controle (Ψ = 0 MPa), em condições de laboratório. Os resultados encontrados evidenciam que a escarificação mecânica é o método mais eficiente para promover uma maior percentagem de germinação, com um menor tempo médio de germinação, comparando com a água quente. Com relação ao estresse hídrico, as sementes apresentaram alta sensibilidade aos tratamentos de PEG, com germinação mediana no potencial hídrico de -0,4 MPa, variando entre 10% e 50%, caindo para zero nos tratamentos mais severos. Além da forte inibição da germinação sob estresse hídrico, a viabilidade das sementes tendeu a diminuir nos tratamentos. Do ponto de vista ecológico, os resultados indicam que, embora ocorram em ambiente semiárido, a estratégia das sementes é de evitar o recrutamento em condições adversas. Assim, a germinação das sementes deve ocorrer somente quando há mais água disponível, potencialmente durante a estação chuvosa na Caatinga.