CHOQUES, INÉRCIA E A ESTRUTURA DA INFLAÇÃO BRASILEIRA: UMA ANÁLISE ESTRUTURALISTA PARA O PERÍODO 2017-2025
Inflação Brasileira, Inflação Estrutural, Modelo VAR, Inércia Inflacionária, Choques Externos.
A inflação voltou ao centro das atenções econômicas globais, mas suas causas — e, sobretudo, sua persistência — escapam cada vez mais às explicações convencionais. Nesse contexto, a presente pesquisa investiga a dinâmica da inflação brasileira entre 2017 e 2025, período marcado pelos choques da pandemia de COVID-19 e do conflito na Ucrânia, sob a ótica do arcabouço estruturalista latino-americano. O objetivo central é analisar a influência relativa das Pressões Básicas, que funcionam como gatilhos do processo inflacionário, e dos Mecanismos de Propagação, responsáveis por sua persistência na inflação brasileira. A metodologia combina análise descritiva e investigação econométrica. A análise descritiva mostrou a heterogeneidade setorial da inflação e a resposta assimétrica à política monetária. Na sequência, a análise econométrica foi desenvolvida em duas etapas: a estimação de um modelo ARIMAX, utilizado como ponte metodológica, e de um modelo VAR, empregado para capturar a endogeneidade e as interações dinâmicas entre gargalo produtivo, choques externos e os mecanismos de propagação. A estratégia empírica adotada no modelo VAR baseou-se em três elementos principais: (i) teste de causalidade de Granger; (ii) análise das funções impulso-resposta; e (iii) decomposição da variância do erro de previsão. Os resultados indicam a dominância dos Mecanismos de Propagação, que explicam cerca de 69% da variabilidade da inflação, enquanto as Pressões Básicas, sobretudo as externas, respondem por aproximadamente 31%. Conclui-se que a inflação no período analisado apresenta caráter estruturalmente inercial, perturbado por choques transitórios associados à vulnerabilidade externa. O estudo contribui para o debate ao mostrar que, embora a lógica estruturalista permaneça válida, a natureza de suas pressões básicas deslocou-se dos gargalos internos tradicionais para os choques da economia globalizada.