Bixa preta e a desobediência enraivada no uso da redistribuição da violência
a) bixas pretas; b) redistribuição da violência; c) interseccionalidade; d) decolonialidade; e e) queer.
Esta pesquisa constitui-se como um fazer corporificado, construído através do encontro de um sujeito que, ao pesquisar, se apresenta afetando e sendo afetado por outras/os sujeitas/os. Através desta escrita busco compreender como nós, bixas pretas, sujeitadas às violências produzidas pela branquitude e cisheteronorma, mobilizamos nossas emoções para manter-nos existindo, investigando quais estratégias são construídas por esses corpos interseccionados para, mesmo sendo alvos, redistribuir a violência. Partindo da nomeação política "bixa preta" - com X como demarcação de resistência -, analiso a construção imagética desta figura no Brasil, destacando personagens fundamentais nessa produção e como esses imaginários atravessam nossas vidas, posicionando-nos como figuras de oposição nos diversos espaços que habitamos. Esta condição exige o desenvolvimento contínuo de estratégias individuais e coletivas de sobrevivência. Utilizo o conceito de redistribuição da violência (Mombaça, 2017a) para compreender como, imersas entre forças que controlam o seu monopólio (especificamente a cisheteronorma e branquitude), desenvolvemos táticas para redistribuir essas violências sem perecer. O objetivo geral consiste em compreender as estratégias afetivas e coletivas que bixas pretas desenvolvem para redistribuir a violência em seus repertórios individuais e coletivos. Os objetivos específicos são: a) identificar táticas cotidianas de confronto às violências física, simbólica e institucional; b) analisar como a redistribuição da violência é mobilizada individual e coletivamente; e c) documentar narrativas de autocuidado e cuidado mútuo. Ancorado em estudos queer, teorias decolonais e feminismos negros, este trabalho tece um cordão de corpos-documento que servem como chave de leitura para as conversações afroafetivas. Espera-se que, através do encontro entre sujeitas/os, seja possível criar espaços seguros para socializar estratégias de sobrevivência, rebater violências e ficcionar mundos outros possíveis.