Histórias contadas a partir do uso de Tecnologias da Informação e Comunicação em uma Unidade Covid-19
Tecnologia da informação e comunicação; roda de conversa; humanização da assistência; Covid-19.
Abordo, neste estudo, os sentidos produzidos a partir do uso de tecnologias para os processos comunicativos entre equipe, usuário/a, familiares e amigos/as durante o período de isolamento e da hospitalização em uma Unidade Covid-19 de um hospital público de ensino e assistência. Fundamento a pesquisa no Construcionismo Social, tomando como base de apoio a análise das práticas discursivas e produção de sentidos. Para tanto, recorri a uma roda de conversa para coletar os diálogos entre profissionais e residentes que integraram a equipe de humanização responsável pela realização de videochamadas para visita virtual. A partir de então, construe mapas dialógicos, visando identificar os repertórios linguísticos utilizados. A análise dos mapas apontou para três categorias: “Afetações”, “Desafios” e “Potencialidades”. Para além das categorias, recorri a algumas histórias contadas na roda ou nas conversas cotidianas com a equipe durante a realização das visitas virtuais. Os resultados me fizeram refletir sobre a importância da visita virtual para reduzir o isolamento social e promover a aproximação família- usuário/a como estratégia no suporte emocional durante o período de hospitalização. Através do uso da tecnologia, as pessoas internadas tiveram a oportunidade de receber o afeto e apoio da família, que contribuiu significativamente para sua recuperação, ajudando na elaboração do luto, diminuição da ansiedade, medo da morte e sensação de solidão numa situação de vulnerabilidade e melhora de seu quadro clínico. Constatei também que a equipe do Grupo de Trabalho de Humanização procurava levar em consideração nas práticas de cuidado a singularidade dos sujeitos. As histórias contadas também apontam para as diversas realidades atendidas, desde situações adversas até casos cômicos. A tecnologia dura passou a configurar um acesso à rede de afetos. Poder ver e conversar com familiares e amigos/as; manter vínculos; proporcionar o primeiro contato mãe-bebê; a esperança retomada por uma conversa após a extubação; uma avó que conheceu sua neta durante as visitas virtuais; e até mesmo a integração e o compartilhamento de notícias difíceis pertinentes à família durante o boletim médico. A boa aceitação do serviço de visita virtual e o ganho emocional alcançado por parte de pessoas internadas e seus familiares emergiram em diversos momentos no decorrer da pesquisa. Com a experiência da pesquisa, acredito ser necessário seguir com o uso da tecnologia de comunicação não só para a assistência de pacientes acometidos por Covid-19, mas ampliada para a proposta de implantação de um serviço de visita virtual permanente nos diversos setores hospitalares, em especial para pessoas internadas em Unidade de Terapia Intensiva e usuários/as em precaução de contato internados/as nas clínicas. Sugiro que o tema siga sendo estudado em futuras pesquisas no contexto pós-pandemia.