NARRATIVAS AUTOBIOGRÁFICAS DE MÃES OUVINTES NÃO FLUENTES EM LIBRAS: considerações sobre a relação entre comunicação e desenvolvimento de pessoas surdas
Pessoas Surdas; LIBRAS; Narrativas autobiográficas; Comunicação; Desenvolvimento humano
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE (2019) apontam que 2,3 milhões de brasileiros com dois anos ou mais têm muita dificuldade ou não consegue de modo algum ouvir. Na pesquisa que aqui propomos voltamo-nos para questões relacionadas com desenvolvimento humano de pessoas com surdez, considerando-se especificidades da sua inserção na linguagem. As especificidades que focalizaremos decorrem da apropriação das crianças com surdez de uma língua diferente dos seus pais, como é o caso da LIBRAS. Fundamentamos nossa proposição com pressupostos da Psicologia Cultural, destacando discussões sobre a função comunicativa da linguagem e o papel central que esta exerce na organização dos processos psicológicos humanos. O objetivo da pesquisa que propomos é investigar processos comunicativos emergentes a partir de histórias contadas por mães ouvintes não fluentes em LIBRAS, sobre sua relação com um filho com surdez. No nosso desenho metodológico, planejamos a construção de narrativas autobiográficas, enquanto instrumento teórico e metodológico da Psicologia Cultural que viabiliza a análise de significados historicamente construídos pelos narradores. Participarão da pesquisa quatro mães ouvintes não fluentes em LIBRAS, que têm um filho com surdez em atendimento em um Centro de Capacitação de Profissionais de Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez – CAS. Para fomentar as narrativas autobiográficas serão realizadas de forma individual seis entrevistas episódicas, para focalizar experiências passadas, atuais e futuras da relação comunicativa das mães participantes com seu filho com surdez. A nossa expectativa é poder caracterizar a relação comunicativa entre mãe e filho com surdez na falta da LIBRAS e, a partir dessa caracterização, tecer apontamentos sobre o impacto dessa falta para o desenvolvimento psicossocial da pessoa com surdez.