O NOSSO CORPO ECOOU: TERRA-CORPO-TERRITÓRIO DE JOVENS NEGRAS QUILOMBOLAS
Dança; Terra-corpo-território; Psicologia comunidades tradicionais; Juventude
Por meio da jornada trilhada desde 2016 junto ao quilombo Cajá dos Negros - Batalha/AL, a pesquisa emana do campo, permeado por olhares e emoções coletivas e após sua imersão em 2021, com a aprovação do projeto “Grupo de Dança Dandara: Corporeidade negra quilombola e a afirmação ancestral da juventude”, reconhecido pelo “Edital Prêmio Eric Valdo”, lançado pela Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas. Com isso, a pesquisa teve como objetivo analisar como a experiência corpórea coletiva do grupo de dança Dandara implica na expressão do terra-corpo-território. O conceito expresso, capta as ontologias, os saberes e a ética das oito jovens mulheres negras quilombolas que compõem o grupo e apresenta outros viveres e modos de ser possíveis na contemporaneidade. Em seu aspecto metodológico, o estudo integrou a pesquisa-intervenção como prática na qual insere os sujeitos de maneira a construir interconexão entre o pesquisar e intervir, observar e modificar, imergir e integrar, na condição de gerar a transversalidade, utilizando como instrumentos de pesquisa o diário de campo, observação participante e os encontros colaborativos, os quais assumem a posição interventiva de constituir-se como abordagem hermenêutica, em que se referencia as participantes como produtoras de sua própria existência. A pesquisa estendeu-se por oito meses, sendo realizados dois encontros mensais os quais versavam acompanhar ensaios para o espetáculo, debates e atividades de campo. A análise é construída mediante narrativas, cenas, fotografias, letras e performances acompanhadas ao longo do estudo, retratados em sua singularidade e pluralidade. As perspectivas refletidas retratam a ideia do terra-corpo-território apresentado como um encontro conceitual capaz de convergir as experiências de vestígios corporais, rastros deixados historicamente no território, ramos e raízes ancestrais presentes de forma fragmentária que persiste ao tempo e, convergem ao encontrar na dança e corporeidade dessas jovens negras quilombolas um estado vital de inteiração. Por fim, concluímos que a dança torna-se terra-corpo-território no momento em que decide-se que ela irá tracejar por movimentos que expressam cotidianidade, que conta sobre lutas e entraves políticos e sociais, no instante em que racializa-se e põe o corpo feminino como movimento central, expressando o gênero em sua profundidade emotiva, em sua força de saber e vitalidade ética.