Arreda homem, que aí vem mulher: performatividade e incorporação de Pomba Gira em um terreiro de Umbanda Nagô em Maceió-AL
Pomba-Gira; Performatividade de gênero; Religiões afro-alagoanas; Etnografia implicada.
Esta dissertação investiga a performance da entidade pomba-gira no contexto de um terreiro de Umbanda Nagô localizado na parte alta da cidade de Maceió–AL, com ênfase nas formas como o gênero é experienciado, incorporado e reelaborado por meio dos rituais e relações estabelecidas entre médiuns, entidades e lideranças religiosas. A pesquisa é marcada pela implicação direta da autora enquanto filha de santo e integrante da casa, o que mobiliza uma escrita situada, afetiva e comprometida com as epistemologias de terreiro e com as experiências femininas e periféricas. Através de uma abordagem etnográfica e dialógica, o trabalho dialoga com a teoria da performatividade de gênero, e com autoras de epistemologias feministas e decoloniais, de modo a reconhecer as entidades como agentes de saber. O texto também tensiona a desigualdade de prestígio entre os terreiros e denuncia o silenciamento histórico de casas periféricas que, como o Ilê Axé Rei Xangô, atuam como espaços de cuidado, resistência e elaboração simbólica. Ao trazer o corpo como ferramenta de pesquisa e as experiências de incorporação como conhecimento legítimo, a dissertação propõe outras formas de fazer ciência, a partir de uma ética da escuta, da presença e da ancestralidade.