MEMÓRIAS, TRAUMAS E SEGREDOS DIANTE DA PERSISTÊNCIA DA SUPRESSÃO: Etnografia entre familiares do desaparecido político Jayme Miranda durante a Ditadura Militar em Alagoas
Memórias; Desaparecimento Político; Família; Partido Comunista Brasileiro; Alagoas.
Esta dissertação trata do campo dos familiares do militante do Partido
Comunista Brasileiro (PCB) e desaparecido político, Jayme Miranda, no
contexto da ditadura militar no país (1964-1985). O objetivo é compreender
como esses familiares elaboram suas próprias memórias a partir do
desaparecimento, tal qual entender como traumas, silenciamentos e
segredos influenciam na memória doméstica/família. Partindo de uma
perspectiva da micro-história e da História do Tempo Presente, pretende-se
demonstrar os pesquisados como objetos vivos do passado recente,
doravante a particularização de suas experiências em consonância com as
dinâmicas do grupo familiar em estudo. Para tal, a metodologia utilizada é a
etnografia narrativa, combinada à entrevista em profundidade, do tipo
aberta, com a técnica de bola de neve e observação participante. A
textualização na etnografia, passou pelos processos de subtração,
retextualização, e, de omissão de nomes quando necessário. Foram
entrevistados 12 (doze) interlocutores de gerações diferentes da família
Miranda. A pesquisa contou também com material de suporte, a saber:
documentários, revistas, livros, filmes, fotografias, relatório final da Comissão
Nacional da Verdade, relatórios parcial e final da Comissão Estadual da
Verdade. Organizada em subseções narrativas, coube à etnografia representar
as memórias dos interlocutores, moldando suas subjetividades quando eles
narraram a si mesmos no campo. Exploro, assim, como noções sobre política,
família, militância, subjetividades e as várias versões da verdade concernentes
ao passado transpassam as disputas pelas memórias local, nacional, e
sobretudo, familiar a respeito do desaparecimento político de Jayme Miranda.