Banca de DEFESA: CARLOS EDUARDO DA SILVA LOPES

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : CARLOS EDUARDO DA SILVA LOPES
DATA : 30/07/2025
HORA: 10:00
LOCAL: ONLINE
TÍTULO:

TERRITÓRIO E MEMÓRIA: UMA FOTOCARTOGRAFIA DO DESASTRE E DO CRIME DA BRASKEM EM MACEIÓ-AL


PALAVRAS-CHAVES:

Rachaduras; População; Bairros; Salgema


PÁGINAS: 103
RESUMO:

A tragédia causada pela mineração em Maceió, Alagoas, é um
episódio doloroso que alterou de forma irreversível a vida de milhares
de moradores. Durante as idas a campo, etnografar os bairros
atingidos pela subsidência do solo revelaram diferenças significativas
entre eles. Embora todos tenham sofrido com a mesma situação,
havia uma distinção clara entre as classes sociais e a forma como
eram tratados pela justiça. De um lado, tínhamos bairros como
Mutange e Bom Parto, com uma vista privilegiada da Lagoa Mundaú,
onde o "povo" tinha hábitos e costumes únicos. Do outro, havia
bairros em desenvolvimento imobiliário, com construções recentes e
empreendimentos planejados, que nunca se concretizaram devido à
situação da área. A pesquisa de campo mostrou que a desigualdade
social e econômica era evidente entre os bairros. Enquanto alguns
tinham acesso a recursos e oportunidades, outros enfrentavam
desafios mais significativos. A forma como a justiça lidava com cada
caso também variava, refletindo as diferenças de classe e poder
econômico. A etnografia dos bairros atingidos pela subsidência do
solo revelou uma realidade complexa e multifacetada. As diferenças
sociais e econômicas entre os bairros são um reflexo da
desigualdade que existe na sociedade, e é fundamental considerar
esses fatores ao abordar questões de justiça e desenvolvimento.
Através da fotocartografia, busco documentar e preservar a memória
dos cinco bairros que foram evacuados após a devastação causada
pela extração descontrolada de minérios. Esta narrativa visual não é

apenas um registro dos danos físicos, mas também das vidas e
histórias que foram rapidamente interrompidas. Através da
fotocartografia, podemos capturar e preservar as memórias dos cinco
bairros afetados, cuja população foi forçada a abandonar suas casas
devido ao impacto devastador da mineração descontrolada. A
expulsão de milhares de moradores desses bairros representa um
rompimento profundo de laços e histórias. Pessoas que por anos
construíram suas vidas e comunidades em um território agora
destruído, enfrentam a dor de ver suas lembranças desmoronarem
junto com suas casas. As rachaduras nos imóveis e o afundamento
das ruas não apenas simbolizam a destruição física, mas também a
perda de uma identidade comunitária. A memória dos moradores, que
outrora compartilhavam histórias e momentos nas ruas agora
desertas, é um elemento crucial que precisa ser preservado. As
fotografias capturadas desde março de 2018 atuam como um arquivo
visual e emocional, garantindo que as histórias e experiências dessas
pessoas não sejam esquecidas. O que afunda não é apenas um
bairro, mas uma parte viva da história de Maceió. A empresa
Braskem está no centro dessa tragédia, responsável pela mineração
de Salgema, que é um sal mineral retirado diretamente do subsolo
que levou à instabilidade geológica dos bairros. A escolha deste tema
se dá pela relação pessoal e direta com os bairros atingidos. Tendo
crescido e vivido nesses locais, a visão de sua destruição motivou
uma documentação contínua do impacto sofrido. A fotocartografia
busca evidenciar as mudanças no território, revelando a
transformação da paisagem e as consequências sociais. As imagens
capturam uma região antes vibrante e agora desolada, sem "um pé
de pessoa" nas áreas afetadas. Essa abordagem visual é crucial para
contar a história das regiões atingidas, oferecendo uma perspectiva
que muitas vezes não é mostrada na mídia. A tragédia não tem
recebido a visibilidade adequada, criando uma percepção distorcida
de Maceió como apenas um destino de belas praias. A fotocartografia
se propõe a desafiar essa narrativa, trazendo à tona as realidades
ocultas e as mudanças profundas causadas pela mineração. Através
de seis anos de trabalho contínuo, o objetivo é mostrar não apenas
as mudanças físicas, mas também as transformações sociais
ocorridas.


MEMBROS DA BANCA:
Externo(a) à Instituição - FERNANDA RECHENBERG - UFRGS
Interno(a) - 2247091 - RAFAEL DE OLIVEIRA RODRIGUES
Presidente - 3288655 - SILOE SOARES DE AMORIM
Notícia cadastrada em: 17/07/2025 16:25
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