“O Mané do Rosário é dos negros”: reflexões etnográficas e as dinâmicas contemporâneas do folguedo Mané do Rosário em Poxim-AL.
Mané do Rosário; Poxim; Cultura Popular; Memória; Ancestralidade.
Localizado no litoral sul de Alagoas, o povoado de Poxim
(Coruripe-AL) abriga uma das expressões culturais mais antigas
do estado. Associado ao ciclo festivo de São José, o mês de
março compreende o período onde o folguedo Mané do Rosário
tradicionalmente se apresenta na localidade. Com
aproximadamente trezentos anos de história, essa
manifestação cultural tem suas origens inseridas no contexto da
escravidão em Alagoas, surgindo a partir da misteriosa
presença homens mascarados que frequentavam as festas em
homenagem ao santo padroeiro de Poxim. A estética
enigmática dos mascarados consolidou-se como um elemento
simbólico do folguedo que expressa tanto a dimensão lúdica
quanto o caráter religioso presente nessa manifestação cultural
que atravessa gerações em um grupo familiar. A partir de uma
abordagem etnográfica, este trabalho analisa as dinâmicas
contemporâneas do folguedo Mané do Rosário, tomando como
referência o aspecto religioso e religiosidade afro-brasileira e o
catolicismo popular, a partir de um campo de pesquisa
multisituado.