IMPACTOS ANTROPOGÊNICOS SOBRE A FAUNA INVERTEBRADA EM ÁREAS DE MANGUE, EM MACEIÓ, ALAGOAS
Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais; Ecossistema costeiro; Artrópodes sinantrópicos; Macrofauna; Mesofauna.
Os manguezais são ecossistemas fundamentais para a proteção costeira, que enfrentam intensos impactos antropogênicos. Os invertebrados da mesofauna e macrofauna são sensíveis às modificações na paisagem, o que os torna bioindicadores da qualidade ambiental. Objetivou-se avaliar a abundância e riqueza da fauna invertebrada (macrofauna e mesofauna) nos compartimentos solo+serapilheira e na parte aérea das plantas em três ambientes de mangue com diferentes tipos de impacto antropogênico, bem como a percepção dos moradores, em relação a área de manguezal do entorno do Residencial Sauaçuhy, no bairro Ipioca, em Maceió, Alagoas. A pesquisa foi realizada na Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais (APACC) em Maceió, Alagoas, em três áreas de mangue: deposição de resíduos, fragmentação de habitats e desmatado, nos meses: set./dez./2024 e mar./jun./2025. Utilizaram-se armadilhas Provid para o levantamento da macrofauna do solo e aérea. Para mesofauna foram coletadas amostras de solo+serapilheira com anéis metálicos. Foram avaliados os índices ecológicos de Shannon (H) e Pielou (e). As coletas das espécies R. mangle, L. racemosa e C. erectus para análise da herbivoria ocorreram nos meses: dez./2024 e mar./jun./2025. Foram coletadas amostras de solo para determinação do conteúdo de água do solo e para análises física/química, além de medições da temperatura do solo/ar e levantamento dos dados de precipitação pluvial. Ainda estão sendo aplicados 78 questionários aos moradores do Residencial Sauaçuhy. Aplicou-se testes estatísticos de ANOVA, Kruskal-Wallis e correlação de Spearman. Os herbívoros invertebrados causam maior dano em L. racemosa devido sua maior palatabilidade, sendo mais consumida pelos sugadores e mastigadores, enquanto C. erectus é menos atrativa em razão do elevado teores de taninos e compostos fenólicos. A área de mangue com fragmentação de habitats apresenta todos os tipos de dano, em razão das bordas ecológicas e presença de folhas jovens. A ocorrência de caracol-africano nas áreas fragmentada e desmatada pode refletir alterações ambientais, sendo um fator a ser considerado em análises de herbivoria. O mangue com deposição de resíduos concentra maior abundância e riqueza de invertebrados devido à densa cobertura vegetal, mas em razão da presença de esgoto e resíduos sólidos, contribui para a proliferação de organismos sinantrópicos, como baratas, mosquitos e formigas. O mangue com fragmentação de habitats possui maior influência das marés, o que eleva o conteúdo de água do solo e limita a presença da macrofauna do solo, mas favorece a mesofauna, notadamente colêmbolos e dipluros, adaptados à alta umidade. A intensa circulação de pessoas inibe a presença da macrofauna aérea, em virtude dos ruídos antropogênicos. O mangue desmatado devido a exposição solar, solo ácido e baixos teores de Ca, Mg e K, limita a presença dos invertebrados do solo, e a menor variedade de recursos restringe a permanência da macrofauna aérea. A dominância de Hymenoptera, Diptera e Acarina nas três áreas de mangue, ressalta a resistência e adaptação desses táxons, demonstrando que os impactos antropogênicos por afetar a vegetação e solo, moldam a composição e dinâmica dos invertebrados, com reflexo na homogeneização e instabilidade das comunidades biológicas, servindo como indicativo da qualidade ambiental.