ATIVIDADE IMUNOMODULADORA DE CONSTITUINTES DA PRÓPOLIS VERMELHA BRASILEIRA EM MACRÓFAGOS IN VITRO
macrófagos, própolis vermelha brasileira, inflamação.
Os macrófagos são células efetoras do sistema imune inato envolvidas no processo inflamatório, na resposta imune contra patógenos, na regeneração tecidual e manutenção da homeostase. A própolis vermelha brasileira (PVB) possui diversas atividades biológicas, como, antimicrobiana, antitumoral e anti-inflamatória. No entanto, pouco se conhece dos mecanismos celulares e moleculares envolvidos na atividade imunomoduladora da PVB em macrófagos. Neste contexto, o objetivo deste projeto foi avaliar a atividade imunomoduladora/anti-inflamatória de constituintes da PVB em macrófagos in vitro investigando os mecanismos celulares e moleculares envolvidos. Inicialmente, foi realizada uma triagem de citotoxicidade de seis constituintes (biocanina A, ácido 2-cumárico, hidrato de catequina, ácido p-cumárico, pinocembrina e crisina) em duas concentrações (25 e 50 µM) em macrófagos murinos da linhagem J774A.1. Nenhum dos compostos foram citotóxicos nas concentrações testadas. Para avaliação da atividade imunomoduladora, as células foram estimuladas com LPS e tratadas com os compostos por 48h, seguido da análise da expressão de F4/80 e CD86 por citometria de fluxo. Neste ensaio, apenas o composto crisina (CHRY) reduziu significativamente a porcentagem e a MFI dos dois marcadores, sendo selecionado para experimentos subsequentes, onde o composto CHRY foi capaz de reduzir os níveis de IL-6 no sobrenadante. A fosforilação de MAPKs (ERK1/2, p38 e JNK) foi avaliada por citometria de fluxo intracelular. O tratamento com a CHRY reduziu a fosforilação de ERK1/2 e aumentou a fosforilação de JNK. Posteriormente, células humanas da linhagem THP-1 foram diferenciadas para macrófagos por meio do estímulo com PMA. Inicialmente, o ensaio de citotoxicidade dos compostos CHRY e ISL (isoliquiritigenina, selecionada em um estudo prévio como promissora) foi realizado verificando-se que a concentração de 50 µM não foi citotóxica. A atividade imunomoduladora da CHRY e ISL foi então avaliada em macrófagos THP1 estimulados com LPS/IFN-γ (perfil pró-inflamatório M1). A expressão de HLA-DR e CD86 na superfície celular e a quantificação de citocinas no sobrenadante de cultura foi avaliada. Além disso, a fosforilação de NF-kB foi avaliada por citometria de fluxo. Na população total de células, o tratamento com CHRY aumentou a expressão de CD86 em 12h e reduziu a expressão de HLA-DR em 24h, enquanto o tratamento com ISL não alterou a expressão desses marcadores. Na população de células de maior tamanho relativo (FSChi), o tratamento com a CHRY aumentou a expressão de CD86 e reduziu a expressão de HLA-DR, enquanto ISL reduziu a expressão de ambos os marcadores. Ambos os compostos reduziram os níveis de IL-6 no sobrenadante após 12h e 24h de tratamento. Esses resultados contribuem para elucidação da atividade imunomoduladora dos compostos CHRY e ISL em macrófagos, abrindo caminho para o desenvolvimento de novas intervenções imunológicas para o tratamento de doenças inflamatórias.