VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS CEREALÍFEROS NA PRODUÇÃO DE ENZIMAS HIDROLÍTICAS PARA APLICAÇÕES BIOTECNOLÓGICAS
resíduos lignocelulósicos; fermentação em estado sólido; Ganoderma lucidum; endoglucanase; protease; bioeconomia circular
A crescente geração de resíduos agroindustriais impulsiona a busca por estratégias que conciliem sustentabilidade ambiental e inovação tecnológica. Nesse contexto, a utilização de resíduos lignocelulósicos como substratos fermentativos surge como alternativa promissora para a produção de enzimas com aplicação industrial. Este trabalho teve como objetivo avaliar a viabilidade do uso de resíduos cerealíferos — Bagaço de Malte (Brewer’s Spent Grain – BSG) e grãos úmidos de destilaria de milho e sorgo (Wet Distillers Grains – WDG) — como suporte para o crescimento de Ganoderma lucidum em sistema de fermentação em estado sólido (FES), visando à produção de enzimas hidrolíticas de interesse biotecnológico. Os resíduos foram obtidos de usinas produtoras de etanol, processados por autoclavagem, inoculados com micélio fúngico e incubados a 24–27 °C por até 7 dias. Após o período fermentativo, foram extraídos os extratos enzimáticos brutos (EEBs), submetidos a testes de atividade endoglucanásica e proteolítica. A atividade endoglucanásica foi quantificada por método colorimétrico (DNS), enquanto a atividade proteolítica foi avaliada por zimografia e por testes com substratos cromogênicos. Os resultados demonstraram que todos os resíduos testados suportaram crescimento fúngico eficiente, sendo o BSG o substrato que apresentou os maiores índices de atividade endoglucanásica, com diferença estatisticamente significativa (p < 0,05). Os extratos também revelaram atividade proteolítica com potencial de aplicação como coagulantes enzimáticos. As análises demonstram que resíduos agroindustriais à base de cereais podem ser reaproveitados de forma eficaz em processos fermentativos, configurandose como plataformas acessíveis e sustentáveis para a obtenção de enzimas fúngicas. Este estudo reforça a viabilidade da fermentação em estado sólido como estratégia de valorização de resíduos e contribuição para o avanço da bioeconomia circular.