PERFIL TOXICOLÓGICO COMO FERRAMENTA PARA O ENFRENTAMENTO DO USO DE SUBSTÂNCIAS FACILITADORAS EM VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL EM ALAGOAS
| violência sexual facilitada por substâncias; toxicologia forense; benzodiazepínicos; cocaína; etanol; coocorrência de substâncias; LC-MS/MS. | 
Este estudo observacional, analítico e transversal caracterizou o perfil toxicológico de vítimas de violência sexual atendidas pela Polícia Científica de Alagoas entre janeiro de 2020 e setembro de 2025 (n = 117), combinando componente retrospectivo e prospectivo. Amostras de sangue e urina foram analisadas por LC-MS/MS e HS-GC-FID após preparo por QuEChERS, dilute-and-shoot e headspace para álcoois. A prevalência global de achados toxicológicos foi de 67,52%. Na alcoolemia (n = 115), 26,96% apresentaram etanol (0,2–2,7 g/L; média 0,9 g/L), sem detecção de metanol. Para demais analitos, 58,12% dos casos apresentaram ao menos uma substância não alcoólica (32 identificadas). Entre os positivos, destacaram-se 7-aminoclonazepam, benzoilecgonina, cocaína, clonazepam, lidocaína, éster metílico de ecgonina e cocaetileno. A composição dos achados indicou 48 casos apenas com substâncias não alcoólicas, 11 apenas com etanol e 20 com etanol associado a outras. A análise de coocorrência entre classes de substâncias mostrou os benzodiazepínicos como de maior prevalência, com pares predominantes benzodiazepínicos + antidepressivos e benzodiazepínicos + cocaína/metabólitos. Também se destacou cocaína/metabólitos + anestésicos locais/adulterantes, compatível com padrões de adulteração. Observou-se maior detecção quando a coleta ocorreu até 120 horas do evento, com queda após esse intervalo, reforçando a importância do tempo até a coleta. Houve predominância de ocorrências em Maceió e em períodos noturnos nos finais de semana. Conclui-se que álcool, benzodiazepínicos e marcadores de cocaína estruturam o panorama local, e recomenda-se coleta precoce, ampliação do escopo e ações intersetoriais de prevenção e cuidado às vítimas.